Preparar a manjedoura do essencial

O Advento é o tempo litúrgico da Igreja que nos convida a preparar a manjedoura do essencial em nosso coração, esvaziando-o do que é supérfluo para acolher o que realmente importa: Jesus Cristo.

Este é um tempo de silêncio interior, de recolhimento e de espera vigilante, no qual somos chamados a ordenar a vida, purificar os afetos e abrir espaço para que o Senhor encontre em nós um lugar simples, humilde e verdadeiro onde nascer.

Para os cristãos, como nos recorda Bento XVI, “Deus não é distante, mas é o Deus que vem ao encontro da humanidade e caminha conosco na história.”

Toda chegada de algo especial requer um tempo de preparação. E, para a Igreja, preparar o coração é o mesmo que deixar-se purificar.

O Advento, além da finalidade de preparação, também nos convida a purificar a esperança, pois, como ensinava Bento XVI, “a verdadeira esperança cristã não é ilusão, mas uma confiança firme nas promessas de Deus.”

Em tempos de provações, o coração humano é chamado a elevar o olhar para o alto. Bento XVI recordava que a esperança cristã mantém o coração firme mesmo nas noites mais escuras. Uma das mais belas lições do Advento consiste na redescoberta de uma esperança não vaga nem falsa, mas confiante.

Cremos que nossa vida, independentemente do que nos aconteça, está firmemente ancorada em Deus. Sua mão nos sustenta, mesmo quando atravessamos os vales mais tenebrosos da existência.

Essa redescoberta exige um espírito de sacrifício e renúncia. Exige a disposição generosa do coração. Deus, feito homem, será mais uma vez colocado na manjedoura do nosso coração, e não devemos receber esse dom de qualquer forma. O Advento nos prepara para acolhê-Lo com uma esperança purificada e renovada. São João Paulo II ensinava que “a fé se fortalece quando o coração se abre confiantemente a Cristo.”

Quando falta Deus, falta a esperança! Façamos deste tempo de preparação um verdadeiro lugar de esperança. Não percamos as oportunidades que a Igreja nos oferece para fazer crescer e purificar a esperança: a Santa Missa, a meditação da Palavra de Deus, a oração do terço, as novenas de preparação para o Natal, entre outras práticas de piedade.

Com Nossa Senhora, Mãe da Esperança, especialmente neste tempo de preparação para o Natal do Senhor, aprendemos a acolher essa esperança purificadora. Ela nos ensina a constante reescolha de Deus, do essencial em nossas vidas. Dela, nosso coração aprende a firmeza de quem não se abala diante dos desafios da vida.

Que este Advento seja, para nós, um tempo propício para colocar nossa mão filial na mão paterna de Deus. Como nos encorajava São João Paulo II: “Não tenhais medo! Abri, antes, escancarai as portas a Cristo!” O Senhor, que nunca abandona o seu povo, nos consola e renova a esperança do nosso coração.

Um santo Advento!