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Benedito Antonio Luciano

Benedito Antonio Luciano

Professor Titular aposentado do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

Pequeno Grande Homem

Por Benedito Antonio Luciano
Publicado em 3 de abril de 2024 às 10:59

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Depois da publicação do livro “Bury my heart at wounded knee”, de autoria de Dee Brown, lançado nos Estado Unidos, em 1970, os admiradores do gênero cinematográfico faroeste tiveram a oportunidade de ler a história do Oeste Norte-Americano contada por quem conviveu e vivenciou os conflitos entre duas culturas: índios e brancos.

No Brasil, o citado livro foi lançado sob o título “Enterrem meu coração na curva do rio”. A edição que eu tenho é aquela traduzida por Geraldo Galvão e Lola Xavier, como parte da Coleção L&PM POCKET, vol. 338, lançada em outubro de 2010.

Antes de ler a versão traduzida do livro de Dee Brown, no início de janeiro de 2012, eu havia assistido ao filme “Pequeno Grande Homem (Little Big Man, 1970) ”, dirigido por Arthur Penn, tendo Dustin Hoffman no papel principal.

Embora não esteja na lista dos considerados “westerns” clássicos, como: “Matar ou Morrer (High Noon, 1952)”; “Os brutos também amam (Shane, 1953)”; “Johnny Guitar (Johnny Guitar, 1954)”; “ Sem Lei e Sem Alma (Gunfight at the OK Corral, 1957)”; e “O homem que matou o facínora (The man who shot Liberty Valance, 1962)”; considero “Pequeno Grande Homem” um bom filme.

No “Pequeno Grande Homem” a narrativa é contada em “flash back” pelo personagem Jack Crabb (Dustin Hoffman), um idoso de 121 anos, internado num asilo. Ali, diante de um gravador, instigado por um jovem pesquisador, ele conta a sua incrível história de vida desde o acolhimento por um índio Cheyenne, quando seus pais foram massacrados, até a sua vida adulta.

Ao longo dessa história, percebe-se que, educado por culturas distintas, a personalidade de Jack Crabb se torna conflituosa, pois ele não consegue se integrar nem com os brancos, nem com os índios.

Na sua convivência com os índios, com o Chefe Velha Pele Curtida (Dan George) o adotou como neto. Com ele, Jack Crabb aprendeu a ser guerreiro. No recontato com os brancos, a Senhora Pendrake (Faye Dunaway), esposa de um reverendo, o adotou como mãe. Com ela, ele aprendeu o pecado da carne; com o pistoleiro Wild Bill Hicock (Jeff Corey), ele aprendeu o valor da amizade; e com o General George Armstrong Custer (Richard Mulligan), ele aprendeu a odiar.

Em o “Pequeno Grande Homem” a ficção se confunde com fatos e personagens reais que fizeram parte da história da colonização do Oeste norte-americano.

Um exemplo é massacre de “Little Big Horn”, ocorrido em 25 de junho de 1876, combate no qual o implacável e ambicioso General Custer e vários soldados do seu regimento foram mortos, ao caírem numa emboscada indígena planejada e executada pelos líderes Touro Sentado e Cavalo Louco, numa coalizão Cheyenne e Sioux.

Essa é a história contada sob o ponto de vista de um sobrevivente desse massacre. Neste particular, faltou no roteiro o contraponto da opinião do lado de um sobrevivente derrotado, pois, em sua dualidade, o depoimento de Jack Crabb não se enquadra nem do lado vencedor, nem do perdedor.

O fato é que ter lido o livro “Enterrem meu coração na curva do rio” e assistido ao filme “Pequeno Grande Homem” ajudou-me a refletir melhor sobre os resultados desastrosos do confronto étnico quando uma cultura tecnologicamente adiantada decide subjugar outra que não dispõe dos mesmos recursos.

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