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Padre e psicólogo.
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Domingo passado, Domingo do Bom Pastor, cantávamos a esperança de que Jesus Crucificado-Ressuscitado caminha conosco: “Mesmo se eu tiver de andar por um vale de sombra mortal, não temerei os males, porque estás comigo” (Sl 23, 1. 4). O RESSUSCITADO, SENHOR DA VIDA, ESTÁ CONSCO E PRODUZ COMUNHÃO.
Neste V domingo da Páscoa, o Senhor da Vida, convida-nos a “permanecer” nele para “produzir frutos”, como o ramo permanece unido à videira. O cap. 15 de João traz a imagem da videira e dos ramos. Jesus é a videira, os discípulos são os ramos, e o Pai é o agricultor. O verbo que predomina nesse texto, do início ao fim, é permanecer. Os ramos não têm vida autônoma e, desligados do tronco, secam e não produzem frutos para o Reino.
Santo Hilário de Poitiers (bispo Frances do século IV) escreveu: “Nós estamos unidos a Cristo, que é inseparável do Pai. Ele, mesmo permanecendo unido ao Pai, permanece unido a nós; assim também nós chegamos à unidade com o Pai. (…) De certo modo, também nós, por meio de Cristo, estamos no Pai.” (Cf. Hilário de Poitiers, De Trinitate, VIII,13-16 (PL 10, 246 ss)).
“Permanecer” Nele para “produzir frutos” (cf. Jo 15, 5). Antes mesmo do permanecer e o produzir frutos se antecede o caminho de identificação com a vida da Videira (Jesus). O discípulo passa a crer em Sua Palavra de Vida, crer em Suas obras, crer no Seu mandamento fazendo o mesmo caminho do Mestre.
“Nisto o meu Pai é glorificado” (v. 8). O motivo da união com Jesus é produzir frutos do Reino de Deus. Não merece o nome de cristão quem não produz frutos de amor, justiça e solidariedade (cf 1Jo 3, 18. 23).
O “produzir frutos” nos recorda o primeiro mandamento de Deus para suas criaturas: “Sejam fecundos” (Gn 1,22). Expandir a vida é vocação que nos põe diante das tensões do mundo (egoísmo /idolatria). A moral do Evangelho consiste não na observância de regras (figueira seca), mas na fecundidade do fazer a vida acontecer que traz a alegria e canções de colheita.
No entardecer da vida, a pergunta final, não será sobre proibições, sacrifícios e renúncias, mas focalizará na luz do fruto: atrás de você, ficou mais vida ou menos vida? Ficou você (auto-referencialidade) ou o Reino de Deus e a sua justiça?
A comunhão sugerida por Jesus encontra sentido no amor: não é possível dar frutos fora do amor. O fruto do Reino não vem de ideologias puritanas que só segrega, mas vem do amor e é o amor que busca a acolhida, a unidade e a permanência.
“Ele corta todo o ramo que não dá fruto em mim”. (v. 2a). O fruto é a partir de Jesus e na lógica do Reino. Não faz sentido não dar os frutos que são próprios da videira. Não se pode falar de Jesus fazendo guerras, não se pode viver em Cristo perseguindo cavilosamente, excluído, julgando e matando pessoas. Não se pode estar em Cristo sem se responsabilizar pela “vida para todos”.
“E poda o que dá fruto, para que dê mais fruto ainda” (v. 2b). A poda não é um ato hostil para com a videira. O vinhateiro espera ainda muito dele, sabe que pode dar frutos, tem confiança nele. O mesmo ocorre no plano espiritual. Quando Deus intervém em nossa vida com a cruz, à sua medida, não quer dizer que esteja irritado conosco. Justamente o contrário: “Quando alguém a podou a roseira chorou, mas depois se vingou, deu mais rosas do que nunca” (Padre Zezinho, SCJ).
Do mais intimo de nós rezemos: “Senhor, não permitas que eu me separe de vós!”
Quando houver pedras para serem retiradas, “Senhor, não permitas que eu me separe de vós!”
Quando tentarem colocar as pedras nos nossos sonhos, “Senhor, não permitas que eu me separe de vós!”
Quando houver portas fechadas, “Senhor, não permitas que eu me separe de vós!”
Quando houver feridas, “Senhor, não permitas que eu me separe de vós!”
Quando houver dúvidas, “Senhor, não permitas que eu me separe de vós!”
Quando a ignorância causar a exclusão e a morte, “Senhor, não permitas que eu me separe de vós!”
Quanto houver medo, “Senhor, não permitas que eu me separe de vós!”
Quando houver aflições, “Senhor, não permitas que eu me separe de vós!”
Atenção: Os artigos publicados no ParaibaOnline expressam essencialmente os pensamentos, valores e conceitos de seus autores, não representando, necessariamente, a linha editorial do portal, mas como estímulo ao exercício da pluralidade de opiniões.
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