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Madalena Barros

Madalena Barros

Jornalista, Pós-Graduada em Comunicação Educacional, Gerente de Negócios das marcas Natura e Avon.

Os setênios – a roda da vida girando a cada 7 anos

Por Madalena Barros
Publicado em 18 de julho de 2025 às 8:31

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Tem dia que a gente só quer fugir. Do trabalho, do celular, das notificações, de nós mesmos. Às vezes, o incômodo é pequeno – uma pulguinha mental, um “algo está estranho”. Outras vezes, é o corpo gritando: “Alô, tem alguém aí? Porque eu, sinceramente, cansei.” É como se a alma colocasse uma plaquinha de “volto logo” e fosse dar uma volta sem avisar.

E é aí que muitos pensam: “Será que estou fracassando?” Mas talvez, e apenas talvez, você esteja apenas em transição. A vida, minha gente, não é uma linha reta com gráfico de produtividade. É mais uma espiral maluca com pausas, quedas, reinícios e, pasme, momentos em que não acontece absolutamente nada, e ainda assim, tudo está mudando.

Segundo a antroposofia, essa montanha-russa chamada vida pode ser entendida em ciclos de sete anos. Os famosos setênios. E se você ainda não conhece, prepare-se para rir, se reconhecer e, quem sabe, se perdoar um pouco também.

Só lembrando que não são regras, são bússolas.

O show dos Setênios: uma turnê pela existência humana

  1. De 0 a 7 anos – O artista do corpo
    Você é basicamente um mini Buda, pleno, experimentando o mundo com a boca, as mãos e um repertório limitado de palavras como “não”, “por quê?” e “é meu!”. Aprende imitando, tropeçando, lambendo objetos aleatórios. Tudo é sensação. Tudo é festa.
  2. Dos 7 aos 14 anos – O poeta emocional
    Chega o encantamento: você chora vendo desenho, briga com a amiga por causa de um estojo e escreve bilhetes secretos e diários perfumados. A fantasia está no auge e, com sorte, algum adulto sensível não vai destruir isso dizendo “cresce!”.
  3. Dos 14 aos 21 anos – O revolucionário existencial
    Ah, a adolescência. Questiona tudo, inclusive a existência da toalha no banheiro. É a fase “ninguém me entende”, onde o quarto vira uma caverna e o espelho, um campo de batalha. Você quer ser livre, mas ainda pede dinheiro pra comprar lanche.
  4. Dos 21 aos 28 anos – O adulto-estagiário
    Agora é sério: faculdade, trabalho, boletos. Finge que sabe o que está fazendo, mas no fundo só quer dormir depois do almoço. Ainda está descobrindo se prefere Excel ou Banda Titãs . Spoiler: pode não ser a banda ou nenhum dos dois.
  5. Dos 28 aos 35 anos – O existencialista de meia-idade precoce
    A pergunta “isso é tudo?” aparece no meio da terça-feira. Você revê escolhas, repensa a carreira, talvez mude de cidade ou de corte de cabelo. A alma quer mais sentido. O LinkedIn nem sempre ajuda.
  6. Dos 35 aos 42 anos – O equilibrista zen
    Entre fraldas, planilhas ou viagens espirituais, começa o desejo de alinhar o que você faz com quem você é. Reavalia tudo, de terapia a crochê. Descobre que equilíbrio não é fazer tudo, mas fazer o que faz sentido.
  7. Dos 42 aos 49 anos – O sábio em ação
    Aqui mora uma força gostosa. Você já não precisa provar tanto. Constrói, realiza, e começa a dizer mais “não, obrigada” com um sorrisinho. A intuição fica mais afiada e a culpa começa (aos poucos) a tirar férias.
  8. Dos 49 aos 56 anos – O colhedor filosófico
    O que foi plantado começa a brotar. Ou não. E tudo bem. A vida muda de ritmo, e o prazer também. Já não é preciso correr tanto. Tem quem descubra a delícia de fazer nada, e de não se justificar por isso.
  9. 56 a 63 anos – O contemplativo interior
    A alma começa a cochichar mais alto. É hora de entrar em contato com o invisível, seja pela fé, meditação ou jardinagem. É menos sobre fazer e mais sobre ser. A pressa dá lugar à presença.
  10. 63+ – O mestre do tempo
    Aqui, a ambição vira sabedoria. Você se torna aquela pessoa que diz “calma, tudo passa” com autoridade de quem já viu tudo passar. Fase de legado, de paz, de presença. E se quiser passar a tarde inteira na praça vendo o tempo, tá tudo certo.

Mesmo sem saber desses ciclos, a vida vai se transformando. O problema é que fomos treinados para funcionar como máquinas: sempre prontos, sempre úteis. Descansar virou luxo. Preguiça é xingamento. Sentar ao sol parece pecado.

Mas recomeçar não é parar, já que a cada 7 anos você recomeça. É só mudar de ritmo. Às vezes, é o corpo que diz “chega”. Um familiar alerta, e outras vezes, é a alma. Pode ser um cansaço, uma crise, ou apenas uma vontade de fazer diferente. E tudo bem. Recomeçar pode ser o maior ato de coragem que existe.

A verdade é que viver com presença já é trabalho suficiente. Mesmo que tudo o que você esteja “produzindo” hoje seja silêncio, paz ou um bom café ao lado de quem você ama

Seja qual for seu setênio, abrace-o. Ele não vem para provar que você falhou, mas para lembrar que você está vivo, que é um Ser em construção ou transformação. E viver, como já dizia aquele samba, “é melhor que sonhar”.

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