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Professor Titular aposentado do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
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Em 19 de agosto de 1995, um dia após a defesa de minha tese de doutorado, plantei uma muda de oiticica (Licania rigida) em uma área situada entre os blocos CH e CI do Departamento de Engenharia Elétrica (DEE) da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), ao lado da sala onde trabalhei por mais de 43 anos.
A escolha da oiticica não se deu por acaso. Nascido em Coremas (PB) e tendo passado parte de minha infância em Campina Grande (PB), ouvi muitos relatos de meu pai sobre fatos relacionados a essa árvore, alguns envolvendo, inclusive, causos de encantamento e assombrações ocorridos em noites escuras, sem o luar do sertão.
O escritor Euclides da Cunha, em sua famosa obra literária “Os Sertões”, afirmou que “O sertanejo é, antes de tudo, um forte”. A frase revela a resistência e a capacidade de superação do habitante do sertão nordestino diante das adversidades impostas pelo ambiente hostil, tal qual a própria oiticica.
Assim, na idade adulta, ao me tornar engenheiro, procurei conhecer melhor a importância econômica dessa planta na região sertaneja do estado da Paraíba, sobretudo no município de Pombal (PB), no período após a instalação da empresa Brasil Oiticica S/A em 1944, até o seu fechamento em 1987.
Pesquisei. As primeiras informações técnicas sobre o tema surgiram a partir de conversas com o colega Verneck Abrantes de Sousa, engenheiro agrônomo, natural de Pombal, autor de vários livros e textos publicados em jornais e revistas.
Em seguida, encontrei informações adicionais sobre os arranjos produtivos da oiticica no semiárido, assim como seu aproveitamento industrial, na segunda edição do livro “Oiticica: exploração agronômica e aproveitamento energético”, obra organizada por Vicente de Paula Queiroga e seus colaboradores, lançada em 2016.
Foi em meio a uma conversa com José Geraldo Baracuhy, amigo e contemporâneo de Verneck na Escola de Agronomia, em Areia (PB), que ele sugeriu que eu elaborasse e afixasse uma placa na oiticica mencionada no primeiro parágrafo, na qual fosse incluído o nome científico da planta. Acolhi a ideia e a coloquei em prática.
Assim, na manhã ensolarada de 9 de dezembro de 2025, ocorreu o ato de fixação da placa, com a presença do professor Kyller Costa Gorgônio, coordenador administrativo do DEE; de Lucimar Ribeiro Gomes Andrade, secretária do DEE; de Vanderley de Brito e de Roniere Leite Soares, presidente e vice-presidente do Instituto Histórico de Campina Grande (IHCG); entre outros colegas.
Na oportunidade, ocorreram falas espontâneas destacando o simbolismo do plantio de árvores no ambiente acadêmico e, no caso específico da oiticica, sua importância no contexto histórico, ambiental, econômico e social da Paraíba e de Campina Grande.
Dessa forma, a oiticica, essa árvore frondosa e resistente, não apenas representa a memória de um momento marcante na trajetória acadêmica de seu plantador, mas também simboliza a preservação da história, da cultura e do conhecimento no espaço universitário.
Quando a muda foi plantada, ela precisou competir para se desenvolver com um flamboyant imponente que crescia a alguns metros de distância, limitando a incidência dos raios solares tão necessários ao crescimento da oiticica. No entanto, ela resistiu, cresceu e frutificou.
Em 2021, um galho vertical ultrapassou a copa do flamboyant e continua a crescer, porque não há sombra que vença a determinação de quem busca a luz que vem do alto.
Atenção: Os artigos publicados no ParaibaOnline expressam essencialmente os pensamentos, valores e conceitos de seus autores, não representando, necessariamente, a linha editorial do portal, mas como estímulo ao exercício da pluralidade de opiniões.
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