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Jornalista, Pós-Graduada em Comunicação Educacional, Gerente de Negócios das marcas Natura e Avon.
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Diga aí: existe algo mais constrangedor do que aquele encontro casual com alguém que chega sorridente, afetuoso, empolgado… e então dispara a pergunta fatal:
“Lembra de mim?”
Nesse instante, minha mente vira uma central de arquivos enlouquecida. Vasculho fotos mentais, arquivos do jornal, gravações de rádio, festas do Rotary, jantares da Maçonaria, missa, momentos na igreja, passagens pelo mercado, encontros na academia, e até participações especiais em vidas passadas. E… nada. Absolutamente nada.
É aí que surgem dois caminhos:
1 – Mente descaradamente: “Claro que lembro!”, e corre o risco de afundar no pântano da vergonha quando a conversa evoluir.
2 – Opta pela honestidade: “Me ajuda a lembrar?”, e aí o constrangimento vira uma via de mão dupla.
Caramba, isso acontece comigo com uma frequência assustadora! Já pensei até em abrir uma “nuvem” exclusiva só para rostos e nomes. Porque, olha, o espaço mental já está lotado há tempos.
Recentemente, por exemplo, encontrei uma vizinha na rua e não consegui encaixá-la em nenhum cenário conhecido. Só fui lembrar quem era quando ela falou do nosso cachorro. Na igreja, na academia, até no elevador… vivo esses “apagões” de reconhecimento. E o mais curioso: quanto mais gente, a gente conhece, mais difícil fica manter o estoque de rostos atualizados.
Mas eis que um dia, vendo um filme, ouvi um termo que acendeu minha curiosidade: cegueira facial.
Fui pesquisar achando que enfim havia um nome chique para minha confusão mental – só que não. A tal cegueira facial, ou prosopagnosia, é um distúrbio neurológico real e bem mais sério. Quem tem essa condição não consegue reconhecer rostos; nem os mais próximos, nem o próprio no espelho. Mesmo com visão normal e boa memória, os rostos simplesmente não fazem sentido. Alguns nascem com isso, outros desenvolvem por lesões cerebrais. E, apesar de não ter cura, há terapias e estratégias para tornar a vida mais fácil.
A boa notícia? Eu não tenho cegueira facial.
A má? Eu tenho o que chamo de “cegueira facial seletiva por excesso de convivência social” — um bug mental temporário, mas repetitivo.
Por via das dúvidas, já ando com um crachá com meu nome, e quando chego junto, já me apresento:
“Oi, sou a fulana, talvez você me conheça do grupo de WhatsApp, da padaria, da festa junina, da loja ou da fila da farmácia. Pode dar contexto?”
Porque entre confundir um conhecido com um desconhecido e fingir lembrar de alguém que você nunca viu na vida, prefiro encarar a verdade com leveza. Afinal, se a cara não ajuda, que o bom humor salve.
E se um dia eu passar por você e não reconhecer, não leve a mal. É só meu cérebro reiniciando a temporada anterior da minha própria série.
Atenção: Os artigos publicados no ParaibaOnline expressam essencialmente os pensamentos, valores e conceitos de seus autores, não representando, necessariamente, a linha editorial do portal, mas como estímulo ao exercício da pluralidade de opiniões.
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