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Professor Titular aposentado do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
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Nos dias atuais, vivemos um tempo de discussões passionais que beiram o fanatismo. Muitas pessoas, sem perceber, são opinionadas pelos meios de comunicação e pelos famigerados influenciadores digitais que utilizam as redes sociais para alcançar seus objetivos. É o caso do discurso ambientalista.
Fala-se tanto em sustentabilidade, preservação e responsabilidade ecológica como se esses valores fossem universais e desprovidos de interesses. Mas será que são mesmo?
Será que por trás dessa narrativa verde e harmoniosa, não existe um subtexto a ser desvendado?
Busquemos as raízes! A origem do movimento ambientalista remonta às décadas de 1960 e 1970, época em que se passou a falar em “crise ecológica”. Logo surgiram protestos contra os testes nucleares, o desmatamento e a contaminação dos ecossistemas. Antes disso, os fundamentos do ambientalismo e da desobediência civil já haviam sido lançados no século XIX pelo norte-americano Henry Thoreau (1817-1862).
Esses movimentos sociais, inicialmente difusos, ganharam corpo à medida que se uniam à luta pelos direitos civis, à contracultura e ao pacifismo. Foram tempos do “Amor e Paz”, com os dedos em V e apologia às drogas, cujo evento mais significativo foi o Festival de Woodstock, realizado nos Estados Unidos, entre 15 e 18 de agosto de 1969.
Foi nesse contexto que o ambientalismo se transformou em força política. Em 1980, na Alemanha, foi fundado o Partido Verde, reunindo ecologistas, feministas e pacifistas sob o lema “pensar globalmente, agir localmente”. Seu exemplo inspirou a criação de partidos verdes em várias partes do mundo, inclusive no Brasil, onde o Partido Verde (PV) surgiu em 1986.
No entanto, com o tempo, o movimento ambientalista enfrentou o desafio de equilibrar idealismo e pragmatismo político. Ao entrar nas instituições, muitos partidos verdes tiveram que negociar princípios para obter espaço. Essa transição do ativismo para a política formal expôs as contradições entre o discurso ecológico e as exigências do poder, que é o objetivo final de qualquer partido político.
A realidade é que, nas últimas décadas, o discurso ambientalista deixou de ser exclusividade dos ecologistas e passou a ocupar a mídia, as vitrines, os rótulos e os slogans de grandes corporações.
De repente, tudo parece “verde”, “sustentável”, “eco”, “amigo da natureza”. Assim, o que antes era bandeira de militância transformou-se em ferramenta de marketing e oportunidade de lucro. Por trás do verde, vende-se um produto, nem sempre ambientalmente amigável.
Os exemplos são vários. O carro elétrico é um deles. Sob o discurso enganoso da “energia limpa”, vende-se um produto que impacta o meio ambiente “do berço ao túmulo”. Sendo mais claro: da extração da matéria prima para a fabricação, ao descarte no fim da vida útil.
De passagem, aproveito para explicar por que considero falaciosa a expressão “energia limpa”: é que toda forma de conversão de energia dominada pelo homem impacta o meio ambiente, em maior ou menor escala.
O discurso dos ambientalistas, não raro, revela-se hipócrita, pois alguns deles procedem como os fariseus, que exigiam dos outros a observância de leis que eles mesmos não se dispunham a cumprir. Assim agem figuras mundialmente conhecidas que cruzam os céus a bordo de aviões para participar de conferências em defesa do meio ambiente, sem externar qualquer preocupação com os gases emitidos pelas turbinas das aeronaves que utilizam como meio de transporte.
Atenção: Os artigos publicados no ParaibaOnline expressam essencialmente os pensamentos, valores e conceitos de seus autores, não representando, necessariamente, a linha editorial do portal, mas como estímulo ao exercício da pluralidade de opiniões.
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