O que nos move

O que nos leva a levantar todos os dias, mesmo quando o corpo pede descanso e o mundo lá fora parece pesar? O que nos faz abrir os olhos às 5h20 da manhã, mesmo tendo dormido depois da meia-noite, para vestir a roupa de treino e depois encarar o dia que promete ser intenso?

É o propósito.
É o sonho.
É a chama que arde por dentro: silenciosa, mas viva.

Quando temos filhos, algo muda em nós. O sono, antes profundo, torna-se leve. Um ressonar, um suspiro mais alto, e estamos de pé. Não é o barulho que nos acorda, é o amor. Uma conexão invisível, porém, poderosa, que transforma o cansaço em presença. A alegria de olhar para aquele rostinho amado antes mesmo de ser conhecido é inexplicável. É o milagre de sentir-se exausta, mas inteira. Desgastada, mas preenchida.

Estudamos e trabalhamos até tarde. Dormimos pouco. Revisamos conteúdos infinitos para o Enem ou para um concurso. Tudo isso porque há uma visão lá na frente: uma profissão sonhada, uma conquista que valerá cada noite mal dormida, cada renúncia. Assim como os atletas, que treinam sem cessar, pela medalha, pela superação, pela glória de estar entre os melhores.

Michael Phelps é símbolo disso. Com TDAH, poderia ter sido desacreditado, mas escolheu treinar mais, chegar antes, fazer diferente. Recusou festas, lazer, conforto. Dormia cedo, acordava antes das 4h da manhã para encarar a piscina gelada, fosse inverno ou verão. E, com isso, entrou para a história com 28 medalhas olímpicas, 37 recordes quebrados e uma carreira que inspira o mundo. Porque ele tinha clareza do seu propósito. Ele sabia o que o movia.

Ter um propósito é tão essencial quanto a água que bebemos. Ele nasce dos sonhos, e onde há sonho, há também força para realizar. A rotina, mesmo dura, se torna mais leve quando está conectada a algo maior. E o que nos esgota, se não nos eleva, precisa ser revisto. A vida é curta. O tempo, fugaz.

Fazer o que se ama, trabalhar com excelência, manter a disciplina, tudo isso não é sacrifício, é direção. É uma escolha consciente de investir tempo naquilo que realmente importa. E quando se tem clareza, foco e ação diária, os resultados deixam de ser acaso e se tornam consequência.

A verdadeira riqueza está nisso: em viver com sentido. Em acordar cedo, sim, mas com brilho nos olhos. Em trabalhar por horas, mas com o coração vibrando por estar mais perto da realização. Em saber que o esforço tem nome, rosto e meta. Que a dor da disciplina é passageira, mas a alegria da conquista dura uma vida inteira.

Que nunca nos falte um “porquê” tão forte, que nos faça suportar qualquer “como”.
E que, ao fim de cada dia, por mais cansados que estejamos, possamos dizer:
“Valeu a pena. Porque eu sei o que me move.”