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O autor é economista, advogado, professor da Universidade Estadual da Paraíba e membro da Academia de Letras de Campina Grande.
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O romance distópico 1984 foi o último livro que li neste ano que termina. Concluí sua leitura dois dias após a data do Natal. Escrito por George Orwell, pseudônimo de Eric Arthur Blair, romancista e jornalista inglês. Tendo escrito A Revolução dos Bichos e outras mais, 1984 é a sua principal obra. George Orwell foi aluno de Aldous Huxley, que escreveu Admirável Mundo Novo, romance já à espera da minha leitura e que será o primeiro livro que haverei de ler nesse ano que se inicia.
Esta obra tem impactado gerações, trazendo mensagens sobre liberdade, resistência e vigilância. A história se passa em Londres, a principal cidade da Faixa Aérea Um das províncias da Oceânia, um dos 3 superestados do mundo, que vivia em guerras permanentes com a Eurásia e com a Lestásia. O protagonista principal é Winston Smith, um funcionário do Ministério da Verdade que odiava o Partido que dominava a Oceânia, questionando a opressão e a manipulação do governo sobre a população.
As pessoas tinham suas vidas controladas pelo Partido, especialmente através das teletelas espalhadas por todos os ambientes, inclusive dentro das casas delas, pelas quais eram observadas e determinadas a fazer ou a deixar de fazer isso ou aquilo, sendo censuradas e ameaçadas de prisão por quaisquer atitudes consideradas suspeitas pelos funcionários do Partido. Para que uma pessoa se tornasse uma despessoa, bastava ser presa e sendo vaporizada se não soubesse safar-se dos interrogatórios da Milícia Mental.
Era muito perigoso deixar estampar no rosto qualquer expressão imprópria ou até mesmo os pensamentos vagarem quando se estava em qualquer lugar público ou ao alcance de uma teletela. Os filhos eram levados a denunciar os próprios pais e não se tinham amigos, apenas camaradas. A verdade não era de cada pessoa, mas do Partido, que dizia o que era certo ou errado. A estrutura da sociedade era constituída dos funcionários do Partido que controlavam tudo e dos proletas que trabalhavam como máquinas. O Partido afirmava ter libertado os proletas da escravidão. Seus slogans fundamentais eram Guerra é Paz, Liberdade é Escravidão, Ignorância é Força.
O Irmão Maior personificava o Partido. O pôster enorme e colorido espalhado por todos os lugares continha a legenda: O Irmão Maior está de Olho em Você. O Ministério da Verdade controlava as notícias, o entretenimento, a educação e as artes. O Ministério da Paz se ocupava da guerra. O Ministério do Amor mantinha a lei e a ordem. O Ministério da Grandeza era responsável pelos assuntos econômicos. A Milícia Mental era a Polícia dos Pensamentos e cuidava do controle mental e comunicacional.
Seus nomes provinham da nova língua que se estava instalando em substituição ao vocabulário vigente, a falanova. Esta era a língua oficial da Oceânia e tinha sido projetada para atender as necessidades ideológicas do Socing, ou Socialismo Inglês. No Dicionário de Falanova tinham vocábulos como duplipensar (pensamento que engloba todos os outros), crimefacial (expor expressão imprópria no rosto), crimepensar (estupidez de autopreservação), crimeparar (faculdade de estacar no limiar de qualquer pensamento perigoso), entre outras.
Winston, como todo protagonista em romance, não escapou ao amor. Apaixonou-se por Júlia que por ele também se apaixonou, estabelecendo uma relação amorosa ativa às escondidas, desviando-se do controle do Partido que considerava o ato sexual prazeroso como sexocrime. O Partido incentivava a inseminação artificial para destruir o amor e considerava o sexo quando praticado apenas para procriação. Ambos presos e torturados se traíram mutuamente, abrindo o espaço para amarem o Irmão Maior a quem tanto odiavam.
Embora tendo o autor publicado o livro em 1949, 1984 é ainda hoje uma poderosa crítica ao totalitarismo, uma advertência sobre os perigos da vigilância excessiva e da manipulação da informação. O Irmão Maior simboliza a autoridade e o domínio absoluto e lembra como regimes autoritários podem desvirtuar a percepção da realidade através da propaganda. O Ministério da Verdade ao manipular a realidade para se manter no poder conduz nos dias atuais à questão das “fake news”, pelas quais a informação é inteiramente distorcida.
O romance explora como regimes autoritários manipulam a realidade e condicionam o comportamento humano. A obra não é apenas uma peça de ficção, mas uma referência na análise de questões sociopolíticas. Ela continua a ser relevante ao expor os perigos do totalitarismo e a importância da liberdade individual. Importante a leitura de 1984, de George Orwell, pelos nossos leitores.
Atenção: Os artigos publicados no ParaibaOnline expressam essencialmente os pensamentos, valores e conceitos de seus autores, não representando, necessariamente, a linha editorial do portal, mas como estímulo ao exercício da pluralidade de opiniões.
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