A vaidade é um apanágio inerente ao ser humano, caracterizado pelos anseios de reconhecimento, admiração e validação externa. Isso porque, desde os tempos remotos, a sociedade valoriza a aparência e o prestígio social, elementos que alimentam o ego e proporcionam uma sensação de pertencimento e superioridade.

Hoje vivemos tempos diferentes, mas os anseios continuam os mesmos. Contudo, com o advento das redes sociais e da comunicação digital, essa necessidade de exposição atingiu um novo patamar, mais elevado, no qual a fronteira entre o público e o privado se torna cada vez mais tênue. “Vaidade das vaidades! ”, diz Eclesiastes. “Vaidade das vaidades! Tudo é vaidade! ”

A confidencialidade, por outro lado, refere-se à proteção das informações pessoais ou sigilo entre duas ou mais pessoas, um valor que, paradoxalmente, parece enfraquecer à medida que a vaidade cresce. Em busca de curtidas, seguidores e aprovação, muitos indivíduos compartilham detalhes íntimos de suas vidas privadas ou profissionais sem considerar as possíveis consequências.

Essa exposição exacerbada pode levar à perda de privacidade, inveja, transtornos psicológicos, comprometimento da reputação, apropriação indevida de identidade, ou até mesmo à manipulação de informações e dados sensíveis, tanto em nível pessoal quanto institucional.

A dualidade entre vaidade e confidencialidade se intensifica na era digital. Enquanto a vaidade impulsiona a exposição excessiva, a confidencialidade clama por cautela e proteção das informações pessoais, profissionais e institucionais.

As redes sociais oferecem plataformas que facilitam comunicações em rede, são as mesmas que apresentam riscos significativos. Nesse ambiente, o desejo de ser notado pode afetar julgamentos, levando a decisões equivocadas que comprometem a segurança pessoal e a integridade dos dados.

Por isso, é importante e oportuno buscar o equilíbrio entre exposição e confidencialidade. A conscientização sobre os riscos da exposição excessiva e a importância da proteção de dados são fundamentais para navegar no mundo digital de forma segura. Esse equilíbrio consiste em seguir o ditado: “Nem tanto ao mar, nem tanto à terra”. Na dúvida, mantenha prudência e discrição.

Aqui, a chave do equilíbrio está em saber o que, onde, quando e como compartilhar informações, sempre atento às possíveis implicações de curto, médio e longo prazo. Somente assim será possível aproveitar os benefícios da conectividade digital sem comprometer a integridade e a confidencialidade das informações.

Deste modo, no mundo contemporâneo, o desafio é cultivar uma imagem pública que satisfaça a exposição, sem abrir mão da privacidade, reconhecendo que a confidencialidade é um bem precioso, sobretudo em tempos de eleição quando a informação pode levar ao poder ou à derrota, com todos os desdobramentos políticos para a sociedade.