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Madalena Barros

Madalena Barros

Jornalista, Pós-Graduada em Comunicação Educacional, Gerente de Negócios das marcas Natura e Avon.

O dia em que o professor “bon vivant” perdeu a pose

Por Madalena Barros
Publicado em 7 de novembro de 2025 às 10:31

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Ah, as lendas da faculdade! Todo curso tem seus mitos, mas na minha turma de Jornalismo Cinematográfico, o nosso mito era real, falante e atendia pelo nome de Machado Bittencourt (in memoriam) nosso querido professor, cinéfilo de carteirinha.

Machado não era só professor; ele era um “bon vivant” completo, daqueles que parecem ter saído de um filme francês descontraído. Sério e ao mesmo tempo engraçado. Apaixonado por cinema, carregava uma filmadora que, juro, devia pesar o mesmo tanto quanto seu carro, mas ele a manejava com o orgulho de um rei segurando o cetro. Inclusive, tem uma viagem épica nossa para o açude de Boqueirão, pós-longa-seca, onde fui filmada em algumas tomadas. Essa película? Nunca vi. Suspeito que o rolo esteja em algum acervo, esperando para nos assombrar nas futuras exibições.

Mas não é da filmadora-tanque que vim falar. Hoje, a estrela da coluna é a história que ele nos contou em uma aula descontraída e que, até hoje, me faz ter espasmos de riso. Lembro do enredo, não do contexto, mas o riso, ah, o riso era o contexto!

Com vocês, a história da Famosa Feijoada e do Banheiro Fatídico

Machado, em seus tempos de juventude, arranjou uma paquera em um desses “assustados”, as lendárias baladas da época, sem bebedeira, só dança, risada e, aparentemente, armadilhas gastrointestinais. Marcou com a garota, de ir na sua casa no domingo à noite.

Acontece que no dia seguinte, o mesmo domingo, eis que nosso galã, após passar o dia inteiro moendo uma feijoada com os amigos, se arruma todo animado para ir à casa da moça.

Lá chegando, encontrou uma casinha de bairro simples, “com uma porta e uma janela, mas repleta de dignidade,” foi recebido pela família com afago. Meia hora de conversa agradável e um certo desconforto que tentou ignorar, mas a feijoada era vingativa e começa a fazer o seu balanço de dividendos. A situação degringolou mais rápido que a carreira que o pensamento. E ele tentou. Segurou bravamente o esfíncter. Disfarçou o suor. Prendeu o ar. Mas quando percebeu que não aguentaria sequer chegar na rua e menos ainda a viagem de volta pra casa sem causar maiores danos ao seu carro, fez a pergunta fatal: “Posso usar o banheiro?”

Para lá seguiu.

“Eita nois” e a Ventania com Trovoadas e Chuva Forte foi liberada!

O que aconteceu em seguida foi uma verdadeira catarse climática. Mal ele baixou a calça, o estômago gritou “LIBERDADE!”, e o que era para ser um alívio discreto se transformou em uma “ventania forte com trovoadas alarmantes e chuva muito forte.”

O barulho foi inconfundível. O odor, indisfarçável. E a vergonha? Já estava bem posicionada na primeira fila, dando gargalhadas na plateia!

Depois do “esvaziamento” (ou pelo menos um alívio parcial), ele deu descargas e mais descargas, tentou em vão dissipar o indisfarçável abanando o ar com uma toalha e, sem outra opção, surgiu na sala com a cara mais vermelha que um tomate em fim de feira, soltando um “não estou me sentindo bem e preciso ir embora!” em meio a um silêncio sepulcral que fez sua voz ecoar como se fora um salão gigantesco, aquela pequena sala.

Mas, veja só, a menina era linda, inteligente e valia a pena. Uma semana depois, colocou o episódio na gaveta, fechou de cadeado e  como todo bom “bon vivant” que se preze, Machado retorna à carga. Intestino resolvido, sem feijoada na memória, cheiroso e alinhado.

Parou na frente da casa e avistou o irmãozinho dela, de uns 6 anos, sentado na janela.

“A Rosário está?” – perguntou Machado.

O garoto não responde a ele, mas gritou para a irmã na lada, com a inocência de quem acaba de dar a notícia do século!:

“Rosário, AQUELE TEU NAMORADO CAGÃO ESTÁ TE PROCURANDO!”

Ao ouvir o temido e nem tão inusitado chamado, Machado não pensou duas vezes. Deu a partida, pisou fundo no acelerador e sumiu do mapa.

A sala veio abaixo. Machado, com aquele sorriso de canto de boca, encerrou a história no auge do nosso acesso de riso.

E até hoje, me arrependo de não ter levantado a mão e dito, com a cara mais séria possível: “Professor, a Rosário era minha tia!” Só para ver o tomate de fim de feira reaparecer no rosto dele.

Professor Machado, de onde você estiver, muito obrigada por nos presentear com a arte do cinema e, principalmente, com essa lição inesquecível sobre os perigos da feijoada antes do primeiro encontro!

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