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Benedito Antonio Luciano

Benedito Antonio Luciano

Professor Titular aposentado do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

Nordestinidade na música de Ary Lobo

Por Benedito Antonio Luciano
Publicado em 14 de março de 2024 às 10:49

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Segundo o Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, Ary Lobo é o nome artístico de Gabriel Eusébio dos Santos Lobo, cantor e compositor brasileiro, nascido em Belém-PA, em 14/8/1930, e falecido em Fortaleza-CE, em 22/8/1980.

Embora seja nortista, nas músicas gravadas por Ary Lobo há uma forte componente de nordestinidade, sobretudo nas letras das composições do baiano Gurdurinha (Waldeck Artur de Macedo) e do pernambucano Edgar Ferreira.

Para além dos ritmos nordestinos (forró, xote, coco, batuque, baião, xaxado, rojão e arrasta-pé), a versatilidade de Ary Lobo transita por outros ritmos e estilos, dentre eles o samba, sob a discreta influência de Roberto Silva na interpretação.

Observando-se a discografia de Ary Lobo, verifica-se que ele gravou o seu primeiro disco de carreira em 1958: um LP de 10 polegadas, intitulado “Último Pau de Arara”, com destaques para a música título, autoria de Venâncio, Corumba e José Guimarães (Palmeira Guimarães); e “Vendedor de caranguejo”, de Gordurinha. No ano anterior, ele participou da coletânea “Rhythms of Brasil”, interpretando o rojão “Atchim”, de autoria de Pires Cavalcanti.

Em 1959, no disco intitulado “Forró com Ary Lobo”, ele gravou músicas que fizeram sucesso, dentre elas: os cocos “Paulo Afonso”, “Pedido a Padre Cícero” e “Faroleiro”, de Gordurinha; os rojões “O criador” e “Tempo de menino”, de Edgar Ferreira; “Juvita”, de João Rodrigues e Elias Soares; “Forró do Cabo Gato”, de Barbosa da Silva e José Pereira; e “Fruta gostosa”, de Miguel Lima e Paulo Gesta.

Em 1960, no disco intitulado “Aqui mora o ritmo”, ele gravou o coco “A mulher que vendia siri”, de Elias Ramos e Severino Ramos; “Menino prodígio”, de S. Ramos; “Evolução”, de J. Cavalcanti, Lino Reis e Aguiar Filho; o rojão “Eu vou pra lua”, primeira composição de sua autoria, em parceria com Luiz de França; o rojão “Belém de Maria”, de Barbosa da Silva e B. Vieira; “Evolução”, de autoria J. Cavalcanti, Lino Reis e Aguiar Filho; e o rojão “Garoto do amendoim”, composição de B. Lobo e Manoel Moraes.

Em 1961, Ary Lobo gravou dois discos: o LP “Cheguei na Lua”, com destaque para o samba “Pimpolho moderno”, de Nelson Cavaquinho e Gerson Filho; e um compacto duplo com as músicas: “Riviolândia”, de Júlio Ricardo e Antonio Bezerra; “Forró lá no parque”, de Claudionor Martins e Adely Luz; “Cazuza”, de Manoel dos Santos e Sebastião Chaboudet; e “Eis o conselho”, de Osvaldo Oliveira e Claudionor Martins.

Em 1962, no disco intitulado Ary Lobo, destacam-se o rojão “Moça de hoje”, parceria de Ary com Jacinto Silva, outro grande intérprete da música popular nordestina, e o samba “Pedido a São Jorge”, composto por Ari Monteiro; e a regravação do rojão “Eu vou pra lua”.

No disco lançado em 1963, sob o título “Poeira de ritmos”, destacam-se: “Quem encosta em Deus não cai”, toada de João do Vale, José Ferreira e Ari Monteiro; o arrasta-pé “Mané Cazuza”, de Rosil Cavalcanti; o frevo “Vítimas do Nordeste”, de Antonio Soares; o forró “Patrulha da cidade”, de S. Ramos e Avelar Júnior; “Coco da Juliana”, de Zé Bezerra e J. S. Horta; e o samba “Escada da glória”, de Adoniram Barbosa e Edmundo Cruz.

Em 1964, Ary Lobo gravou o disco “Forró em Calcaia”, no qual, além da música título, destacam-se: “Gato sem unha”, “Lelê ziriguidum”; “Quem mandou você pra cá”; “Quem dá aos pobres empresta a Deus”; “Vamos à farinhada”; “Saudade de Caicó”; e “Pastoril no Torrião”, composição de Luiz Boquinha e Ary Lobo.

Em 1965 foi lançado o LP “Zé Mané”, no qual destacam-se as músicas: “Cheiro da gasolina”, “Madame Paraíba”, “Rita Peneira”; “Batuque de índio”; “Adão pecou”; “Volta pra casa menina”; “Sinhá Olímpia”; “Cadê minha mãe”; “Mensagem ao Divino”; e a música “Zé Mané no coco”, que serviu de inspiração para o título do disco.

Em 1966, Ary Lobo compôs com Luiz Boquinha “Quem é o campeão?”, faixa título do LP lançado no mesmo ano, com destaque para as músicas: “Terra de ninguém”; “O canto do cardeal”; “Falaram tanto”; “Recordando a Copa de 58”; “O vendedor de sururu”; “Mulher ciumenta”, choro de autoria de Elino Julião e Fagundes da Silva; e para “Deixa a onda passar”, samba de Assumpção Corrêa e José Lima.

Em 1967, sob a direção artística de Pedro Sertanejo, foi lançado pela gravadora Cantagalo um raríssimo disco de Ary Lobo, intitulado: “Uma prece para os homens sem Deus”, o mesmo da toada canção de autoria de Gordurinha, grande sucesso na carreira de ambos.

Sintetizando, conforme dados do IMMuB (Instituto Memória Musical Brasileira), entre 1957 e 1979, Ary Lobo gravou dezesseis discos de carreira; 2 coletâneas (“Ary Lobo e seus grandes sucessos”, em 1964; e “Ary Lobo e seus maiores sucessos, em 1971); 5 compactos simples; 1 compacto duplo, em 1961; vinte e cinco discos de 78 RPM (rotações por minuto); e 7 participações em álbuns de diversos artistas.

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