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Madalena Barros

Madalena Barros

Jornalista, Pós-Graduada em Comunicação Educacional, Gerente de Negócios das marcas Natura e Avon.

Não é porque seja frágil que precisa quebrar

Por Madalena Barros
Publicado em 21 de fevereiro de 2025 às 8:15

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Não sou psicóloga e não tenho a menor pretensão de invadir uma área tão linda e delicada. Mas um assunto tem aparecido amiúde nas conversas com as amigas e isso me inquietou sobremaneira a ponto de não conseguir dormir, e agora, às 2h da manhã, inquieta levanto para escrever sobre o tema.

Nessa hora não tem como não olhar para a jornada: nos últimos tempos, a mulher tem assumido diversas frentes na sociedade, na indústria, no comércio, na política, nas forças armadas… Ela exerce múltiplos papéis, se desdobrando entre a carreira, a maternidade e tantas outras responsabilidades. Ao longo das décadas, lutou como uma leoa com unhas e dentes para ocupar o seu espaço nas organizações e na sociedade. No entanto, há uma pergunta que não pode mais ser ignorada: até que ponto, ao tentar ser tudo, ela tem negligenciado a si mesma?

A mulher moderna, multifacetada e multitarefas, muitas vezes se vê na exigência de ser incansável, de fazer tudo perfeito, de resolver qualquer questão. Ela adentra um cenário onde são necessárias jornadas duplas ou até triplas, enfrentando cobranças sociais, familiares e profissionais. Mas essa luta constante, esse ritmo imbatível e desenfreado tem seu preço. A mulher tem pago um alto custo por suas conquistas, o que se reflete em seu corpo e mente.

A sociedade aplaude sua capacidade de dar conta de tudo, mas será que ela se permite parar? Descansar num fim de semana é o suficiente para recuperar forças? Quando o cansaço se transforma em exaustão, como diferenciar o limite entre um momento de fadiga e o esgotamento profundo que pode evoluir para uma síndrome de burnout? Como se curar de tudo isso?

Fomos treinadas para conquistar, para sermos fortes, para nunca fracassar. O valor precisa ser provado para ser respeitado. Mas, em muitos casos, ela se esqueceu de cuidar de si mesma.

Ela se alimenta de desafios, mas raramente se alimenta de prazer. Ela acumula responsabilidades, mas deixa suas necessidades de lado. O cansaço se torna uma constante em seu corpo – não raro sendo ignorado – que começa a manifestar sinais: uma leve tristeza, uma mente acelerada, uma arritmia cardíaca, noites mal dormidas e esquecimentos que chegam a apagões, sem contar o choro aflorado. Aquilo que antes era prazeroso já não faz mais sentido.

Nós, mulheres, enfrentamos batalhas épicas para chegarmos até aqui. Superamos adversidades que nos tornaram mais fortes, mais resilientes, mais capazes. Contudo, também somos frágeis, e a quebra é uma possibilidade real. Um simples gatilho pode ser o suficiente para nos desmoronarmos. Por isso, é fundamental compreender que, por mais fortes que sejamos, precisamos de pausas, de descanso, de momentos de reflexão, pedido de socorro e autocuidado. É difícil saber a hora de parar.

É importante aprender a se ler, se vigiar, se sentir. Há coisas que apenas nós podemos fazer por nós mesmas. Ninguém na família, nem os amigos proximos, por mais que nos ame, poderá acolher nosso espírito e nossa alma da maneira como só nós podemos e devemos para alcançar a cura. Obviamente que o acolhimento é remédio valioso e necessário, mas o entendimento para a saída precisa vir de dentro de nós, porque na roda viva a que nos habituamos, às vezes nos distraímos demais e nos perdemos de nós mesmos. Esta é a hora em que a ajuda profissional é indispensável e até para essa decisão se exige coragem. Sair do fundo do poço não é fácil, mas as pessoas que vi surgindo dele,voltaram plenas, com sua fragilidade transformada em força, coisa mais linda de ser ver.

Por isso, se permita, se aceite, perdoe-se. O mundo não vai parar porque você parou. O sol vai nascer no mesmo horário, a lua terá suas fases, a vida seguindo seu rumo da mesma forma. Por isso, fiquemos em alerta para não cairmos na armadilha de sermos nossos piores algozes.. Precisamos sim, aprender a nos amar para que possamos nos reconectar com os que nos ama, para oferecermos reciprocidade com a mesma qualidade. Quando sofremos, a família sofre junto.

Não é porque somos frágeis que precisamos quebrar. É porque somos fortes que podemos, sim, dar pausas, recuperar nossas energias e seguir com mais leveza e saúde.

O caminho não é fácil, mas aprender a cuidar de nós mesmos é o maior ato de coragem que uma mulher pode ter. É preciso reconhecer que a pausa não é sinal de fraqueza, mas sim de força e inteligência. Afinal, não é porque se é frágil que se precisa quebrar.

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