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Edjamir Sousa Silva

Edjamir Sousa Silva

Padre e psicólogo.

Na cruz, a luta épica entre o ódio e o amor

Por Edjamir Sousa Silva
Publicado em 14 de setembro de 2025 às 15:00

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A Festa da Exaltação da Santa Cruz foi instituída para perpetuar a dedicação de duas basílicas que o Imperador Constantino (século IV) mandou construir: uma no Gólgota e outra no Santo Sepulcro. Já no século VII acrescentou-se a lembrança da vitória sobre os Persas dos quais foram resgatadas as relíquias da Santa Cruz, que logo foram levadas a Jerusalém.

Assim como a serpente, no episódio da 1ª Leitura de hoje (Nm 21,4-9), simbolizou a morte, mas também a cura; a cruz também é um paradoxo simbólico, nela há a representação do excesso de ódio ao excesso de amor. Na cruz, encontramos a fonte de amor: no lugar da morte, o lugar da vida.

Na Carta aos Filipenses (2,6-11) Paulo expressa muito bem que, em Jesus, Deus nos deu a conhecer os mistérios do Reino. De modo impressionante: “Deus se despojou de sua posição e, assumindo a condição de escravo e se fez um de nós” (2,7). Nós cremos que Aquele que desceu e que subiu ao céu é um Deus esvaziado, humilde e que assume a nossa humanidade em tudo. A CRUZ É SIMBOLO DESSE DESPOJAMENTO.

No Evangelho (Jo 3, 4-19) encontramos Jesus num diálogo com Nicodemos recordando o episódio do êxodo (cf. Nm 21,4-9) contado na primeira leitura para dizer o é necessário que o Filho do Homem seja levantado. Este filho do Homem é aquele que tem a condição divina. E que, por meio da condição humana, atraiu para si a tantos que acolheram a Sua Palavra.

Jesus dá a Nicodemos as informações prévias e proféticas de que na cruz Ele vai realizar a obra da salvação. Não será pela Lei de Moisés, mas em Seu Nome. A vida eterna será em Seu Nome (v.19) e será dada não a pós a morte da pessoa, mas a vida eterna é uma qualidade de vida já nessa existência.

Jesus diz a Nicodemos que o Pai o enviou ao mundo para “salvar” e não “condenar” e rompe aquele esquema ideológico, punitivo e rancoroso de que Deus vive a julgar e condenar as pessoas a todo o tempo. O Pai de Jesus é o Pai das Misericórdias. Portanto, quem rejeita a oferta de amor de Deus, permanecerá na morte.

Jesus foi pregado na cruz, como vítima do ódio, mas a sua obra salvífica tornou a cruz uma fonte de amor. Sendo vitima da incompreensão e do ódio, Jesus perdoa. Ele inverte a lógica daquilo que o mata. O ódio é sempre um caminho de homicídio, mas Jesus torna o perdão como elemento de perseverança na vida. Na cruz, há uma luta épica entre o ódio e o amor, mas o amor triunfou.

A árvore da morte (Gn 3) foi resignificada na árvore da cruz para que a vida ressurgisse de onde a morte viera. Se a cruz era o símbolo de maldição e o lugar dos condenados (cf. Dt 21,22-23); mas, em Jesus, foi transformado em lugar de redenção. Na árvore da morte Jesus neutralizou, em sua própria carne, o veneno da morte.

A cruz é um convite ao exigente caminho do amor que traz consequências concretas. Os primeiros discípulos testemunharam: “Jesus deu a vida por nós, também devemos dar a vida pelos irmãos” (1Jo 3, 16). “Nada fazer por vaidade e vangloria, mas com humildade cada um considerando os outros mais importantes do que a si mesmo e não cuide só do que é seu, mas cuide dos outros” (Fl 2,3-4).

Ao nos convidar para carregar a nossa cruz (cf. Mt 16,24-25. Mc 8,34-9,1. Lc9,3.), mesmo enfrentado a maldade humana, Jesus também nos convidou a vencer o ódio pelo amor.

Portanto, quando olharmos para a cruz saibamos que Jesus não está mais lá, mas recordemos que esteve. Na cruz dos injustiçados está o Salvador da humanidade (cf. Jo 12,32). Muitos consideraram a cruz como um escândalo e loucura, mas o que é loucura para os homens é sabedoria para Deus e salvação para a humanidade.

“No entardecer da vida, seremos julgados pelo amor” (São João da Cruz)

Boa semana!

 

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