A ideia de articular e organizar o Movimento Negro em Campina Grande surgiu em Natal-RN a partir de uma sugestão do Prof. Kabengele Munanga, antropólogo congolês-brasileiro, quando participei de uma reunião coordenada por ele na Universidade Federal do Rio Grande do Norte, em agosto de 1980, na qual estiveram presentes estudantes africanos originários da Guiné Bissau, Angola, Moçambique e Cabo Verde.

De volta a Campina Grande-PB, tomado pela consciência da necessidade de contribuir para o processo libertário do negro no Brasil, pela via do conhecimento e do autoconhecimento de nossa história, iniciei o processo de pesquisa sobre a origem do Movimento Negro no Brasil, mediante leituras de livros, trabalhos acadêmicos e matérias jornalísticas sobre o assunto.

Esse processo de pesquisa se deu de forma simultânea ao desenvolvimento do meu trabalho de mestrado em Engenharia Elétrica, cuja dissertação foi apresentada e aprovada pela banca avaliadora, em 16 de maio de 1984.

Concluído o mestrado, pude me dedicar com mais afinco à pesquisa bibliográfica sobre o Negro no Brasil e não apenas isso, comecei a publicar artigos nos jornais impressos de Campina Grande, tendo o primeiro deles publicado em 22 de dezembro de 1985, na página 5 da Revista Tudo, suplemento do Diário da Borborema.

No ano seguinte, resolvi pôr em prática a sugestão do Prof. Kabengele. Para tanto, compartilhei a ideia de articular e organizar o Movimento Negro de Campina Grande (MNCG) com alguns colegas, dentre eles o Prof. Josemir Camilo.

Algumas reuniões informais foram realizadas e, juntos, na tarde do dia 8 de novembro de 1986, promovemos o I Encontro Afro-brasileiro Campinense no Museu Histórico de Campina Grande, evento que contou com ampla divulgação nas emissoras de rádio, televisão e jornais.

Em 20 de novembro de 1986, o MNCG organizou um ato público na Praça da Bandeira, alusivo ao Dia Nacional da Consciência Negra. O I Encontro Afro-brasileiro Campinense e o ato público na Praça da Bandeira podem ser considerados como marcos iniciais das ações subsequentes do MNCG:

Em 13 de maio de 1987, lideranças do MNCG organizaram o Ato público sobre o 13 de maio realizado na Praça da Bandeira, Campina Grande.

Em 29 de novembro de 1987, Benedito Antonio Luciano, Josemir Camilo e Jaildo F. Nascimento, militantes do MNCG, foram entrevistados pela jornalista Wanda Chase no programa “A palavra é sua”, na TV Paraíba, em Campina Grande.

Em 9 de dezembro de 1987, representantes do MNCG receberam o Sr. José Pimenta, Coordenador para Assuntos de Etnia do Ministério de Educação e Cultura – MEC, e com ele, participaram de uma reunião com o então Presidente da Câmara de Vereadores de Campina Grande que, na ocasião, representou o prefeito da cidade.

Como decorrência desta visita, constituiu-se uma comissão, intitulada Comissão Campinense do Centenário da Abolição, com o objetivo de elaborar um projeto relativo ao evento, em nível local.

Deste projeto, destacam-se as seguintes realizações: a edição da Cartilha Centenário da Abolição: 1888-1988, 100 anos Libertação fictícia, lançada em 1888; e ajuda material aos grupos de capoeira São Braz e Abadauê dos Palmares, assim como ao grupo de Cultura Folclórica Acauã da Serra.

Em 31 de dezembro de 1987, a TV Paraíba gravou e levou ao ar uma mensagem de Fim de Ano com Benedito Antonio Luciano, em nome do MNCG.

Informações adicionais serão apresentadas na parte II desta cronologia.