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Professor Titular aposentado do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
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Em janeiro de 1986, parti de Campina Grande-PB com destino a Boa Vista, capital do Estado de Roraima, Região Norte do Brasil. Havia planejado viajar de ônibus até Caruaru-PE e, de lá, também, de ônibus, para São Luís-MA. No roteiro estavam previstas passagens por Belém-PA e Manaus-AM.
No trajeto entre Caruaru e São Luis, enfrentei um calor bravo ao atravessar o estado do Piauí. Ao chegar em Teresina, almocei na rodoviária e, no mesmo ônibus, prossegui rumo a São Luis, onde cheguei à noite. Lá, hospedei-me num hotel escolhido a esmo.
Quando abri a porta do quarto, uma barata correu e foi se esconder em algum lugar. Ao abrir a janela para ver a paisagem lá fora, me deparei com uma briga num bar que ficava em frente. Pensei, então: ainda vou ter muito o que contar sobre essa viagem.
Em São Luís, permaneci durante 5 dias. Depois, decidi não visitar Belém e embarquei num avião com destino a Manaus. No aeroporto, deixei a mala no porta-bagagem e segui para a Zona Franca, onde fiz algumas compras. Na oportunidade, o calor e a umidade em Manaus estavam quase insuportáveis. Então, voltei para o aeroporto e embarquei para Boa Vista num avião da VARIG.
Ao desembarcar no aeroporto de Boa Vista, estavam a me esperar três primos: dois filhos do meu tio Celestino Antonio Luciano, os quais nunca tinha visto, pois nasceram em Boa Vista, e José Luciano, filho do meu tio Horácio Antonio Luciano, o primo que eu conhecia, pois morou em Campina Grande.
No trajeto entre o aeroporto e a casa de José Luciano, onde fiquei hospedado, pude perceber o quanto Boa Vista era uma cidade diferente das outras que eu conhecera. Era uma cidade moderna, urbanisticamente bem planejada, com amplas avenidas asfaltadas, dispostas de forma radial, todas convergindo para a Praça do Centro Cívico Joaquim Nabuco, conhecida popularmente como a Praça do Garimpeiro.
No dia seguinte, me foram apresentados alguns pontos turísticos da capital roraimense: a Ponte dos Macuxis, sobre o Rio Branco; a Catedral Cristo Redentor; a Igreja Nossa Senhora do Carmo; a Praça das Águas; e o Parque do Rio Branco.
Situada na margem direita do Rio Branco, Boa Vista, única capital brasileira localizada acima da linha do Equador, é uma cidade predominantemente plana. Seu clima é tropical úmido, com temperatura média em torno dos vinte e oito graus centígrados.
Para quem nunca a visitou, Boa Vista é uma cidade surpreendente. Nela há traços das culturas nordestina e indígena: na música, no artesanato e na gastronomia. Para quem gosta de peixe, em meio à boa culinária servida nos restaurantes, uma boa pedida é o baião de dois com tambaqui assado na brasa.
Outra particularidade interessante que observei em Boa Vista foi uma vida noturna intensa, com bares lotados e filas de carros esperando para entrar nos motéis.
Depois de uma semana desfrutando da hospitalidade de meus primos em Boa Vista, eles me levaram para conhecer Santa Helena de Uairén, uma pequena cidade venezuelana localizada a cerca de 230 km de Boa Vista, e cerca de 20 km da fronteira com o Brasil, conhecida como BV8.
Devido às condições da estrada, a viagem foi feita num Jipe Gurgel, com tração nas quatro rodas. Saímos de Boa Vista por volta das 14 horas e chegamos a Santa Helena ao entardecer. Pernoitamos no Hotel Las Fronteras, e regressamos para Boa Vista no outro dia, depois do almoço. Em Santa Helena, o que mais me chamou a atenção foi a sua catedral, uma bela edificação de pedras, construída em meados do século XX.
Na volta para Campina Grande, o voo entre Boa Vista e Manaus transcorreu bem. Mas, entre Manaus e Belém foi diferente. A decolagem no aeroporto de Manaus demorou, como se algum problema no avião estivesse sendo resolvido. Como eu estava muito cansado, logo depois da decolagem adormeci.
E quando o avião se preparava para o pouso no aeroporto de Belém, acordei com um barulho estranho, as luzes internas piscavam e o piloto emitiu o aviso de apertar os cintos e que todos permanecessem sentados em suas poltronas. O avião balançava como se estivesse perdendo estabilidade.
Mesmo assim, o pouso foi realizado com o avião trepidando na pista. Depois, quando o desembarque foi autorizado e descíamos pelas escadas, ao olhar para a asa esquerda percebi o risco que havíamos corrido: dois dos quatro pneus do Airbus estavam seriamente danificados. Ainda bem que era um Airbus, avião de grande porte!
Enquanto a troca dos pneus era providenciada, a empresa aérea hospedou os passageiros em trânsito no Selton Hotel, na época um hotel 4 estrelas. Se na ida tinha desistido de passar por Belém, na volta, involuntariamente, passei dois dias na capital paraense, antes de seguir para Recife e, de lá, fazer a conexão para Campina Grande.
Assim, no fim da aventura, lembrei-me daquele pensamento que me ocorreu no quarto do hotel em São Luís: ainda vou ter muito o que contar sobre essa viagem.
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