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Benedito Antonio Luciano

Benedito Antonio Luciano

Professor Titular aposentado do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

Lembranças da Feira Central de Campina Grande

Por Benedito Antonio Luciano
Publicado em 19 de fevereiro de 2025 às 8:00

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A lembrança mais antiga da Feira Central de Campina Grande remete ao meu tempo de criança, quando acompanhava a minha mãe nas manhãs de sábado no trajeto entre a Avenida Barão do Rio Branco, no bairro da Bela Vista, onde morávamos, e o local onde a feira era realizada.

Naquele tempo, as pessoas de baixa renda tinham duas opções para se deslocarem dos bairros à feira: de ônibus (transporte coletivo) ou a pé.

No nosso caso, para economizar dinheiro, fazíamos o trajeto de ida a pé e voltávamos de ônibus, carregando a cesta com as compras feitas. Na época, o bairro da Bela Vista era servido pelos ônibus da empresa Progresso, de propriedade do Sr. Genésio Soares de Carvalho, ex-vereador de Campina Grande, que residia no bairro da Prata.

Na ida, percorríamos o seguinte itinerário: Avenida Barão do Rio Branco até a feira da Prata e, de lá, seguíamos pela Rua Dom Pedro II até a Avenida Floriano Peixoto. Nesse ponto, prosseguíamos pela Rua 13 de Maio em direção à Rua João Lourenço Porto, cruzávamos a Rua Vila Nova da Rainha e, finalmente, chegávamos à “Feira Grande”, como era popularmente conhecida a Feira Central de Campina Grande.

Na volta, concluídas as compras, dirigíamo-nos ao ponto de ônibus localizado na Avenida Floriano Peixoto, próximo à Catedral. No trajeto, o transporte coletivo contornava a Praça da Bandeira, seguia pela Avenida Presidente Getúlio Vargas e acessava o bairro da Bela Vista pela Rua Montevidéu, subindo à direita pela Avenida Barão do Rio Branco até o nosso destino, no cruzamento com a Rua Cônego Pequeno.

Ah! Como eu gostava de acompanhar e ajudar a minha mãe na tarefa de fazer feira! Quanta saudade! Para mim, a Feira de Campina Grande era um museu a céu aberto, um ambiente multifacetado, cheio de cores, aromas, sabores e sons que despertavam a minha curiosidade infantil.

Durante os decênios de 1960 e 1980, eu tinha o hábito de fazer compras na “Feira Grande”. Lembro que nela, as bancas de madeira, cobertas com lonas, encostadas umas às outras, eram como vizinhas a trocar confidências em meio àquele mundo agitado e rico de iguarias, roupas, calçados, animais e gente, muita gente.

Por diferentes motivos, depois da segunda metade do decênio de 1980, abandonei o hábito de fazer compras na Feira Grande, mas dela guardo boas recordações.

Recordo que, naquele ambiente, entre a gritaria dos vendedores, as barganhas dos compradores e o burburinho das conversas, tudo se misturava num frenesi, como notas musicais dispostas na pauta de uma sinfonia sensorial que só quem viveu pode entender.

Como exemplos, seguem algumas dessas recordações: flores, fumo de rolo, sabão em barra, utensílios domésticos, gaiolas, pássaros, barracas de peixes, tarimbas de carnes, barracas que serviam comidas e bebidas, feira de galinha, balaios, balaieiros, violeiros, vendedores de cordel, emboladores de coco, cambistas de jogo de bicho, camelôs, vendedores de raízes e ervas medicinais, temperos aromáticos, brinquedos infantis, roupas, artesanato de couro, frutas, verduras, farinha, arroz, feijão, milho, fubá, xerém, açúcar, goma de mandioca, tubérculos, jerimum, queijo de coalho, queijo de manteiga, manteiga de garrafa, doces, rapaduras, alfenins, sequilhos, tapiocas, beijus, caldo de cana, geladas, raspa-raspa, pães e bolos de tipos e tamanhos diferentes.

Assim, além de ser um importante polo comercial e econômico, a Feira Central de Campina Grande era e continua sendo um espaço urbano de vivência coletiva, onde cada barraca, cada feirante e cada produto carregam consigo um acervo cultural, distinguindo-se também como um lugar de memórias compartilhadas nas conversas fiadas de “mei de feira”, integrando pessoas de origens e classes sociais diferentes.

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