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Padre e psicólogo.
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O 8º Domingo do Tempo Comum é um Prefácio do Tempo da Quaresma e da Páscoa. O chamado à conversão é um convite a sermos discípulos bem formados no amor e na misericórdia.
Na 1ª Leitura (Eclo 27, 5-8) o autor sagrado exorta que quando uma pessoa fala ela tem que passar na peneira do Espírito aquilo que vai dizer. E quem escuta deve ouvir com a mesma peneira; ou mesmo, como num forno que prova os vasos do oleiro e o fogo que prova os justos. O forno põe à prova as circunstâncias e a qualidade do barro do oleiro.
Na literatura bíblica o símbolo do fogo é utilizado para descrever a própria identidade de Deus que é amor (cf. Ex 3,2. Hb 12, 19. At 2,3), algo que provém do amor (cf. Ct 8, 6-7. Lc 12, 49. Jr 20,9), Palavra de Deus como brasa colocada na boca do profeta (cf. Is 6, 6-7) ou o convite de permanecer com a chama acesa em Deus (cf. Lv 6, 12. 2. 2Tm 1, 6-7. Mt 6,33).
A linguagem é expressão do ser; por isso, os sábios e prudentes nos exortam a ter cuidado com a qualidade com que falamos as coisas. Na esteira da qualidade de nossas palavras e de nossa vida, Jesus vem nos ensinando que: “sede misericordiosos, como o Pai é misericordioso.
Não julgueis e não sereis julgados, não condeneis e não sereis condenados” (Lc 6, 36-37). Como não recordar a máxima psicanalítica atribuída a Freud que diz: “Quando Pedro me fala sobre Paulo, sei mais de Pedro que Paulo”.
As redes sociais se tornaram espaços de livre comunicação e expressão. Cada perfil, um influenciador. Há quem saiba usar como instrumento de crescimento, há muita coisa boa nas redes sociais, mas há quem a use a partir de uma linguagem decadente e depreciativa: com discursos de ódio, Fakenews, falácias com o intuito de desestabilizar e denegrir pessoas na sua condição social, étnica, gênero, etc.
Assim como os filhos deste mundo (1º Adão) tem sua linguagem própria, os filhos de Deus tem uma linguagem de quem nasce do alto, a linguagem do espirito, são influenciadores do perdão, da misericórdia e do amor. Qual a minha linguagem? O QUE HÁ DENTRO DE MIM? VIVO A PROVOCAR SITUAÇÕES DE CALUNIAS, DISCORDIAS E INIMIZADES?
O Salmo 91(92) canta a alegria de estar ao lado de, ou mesmo ser, pessoas prudentes (com sabedoria/ temperança/ senso de justiça/ de bondade/ de fraternidade) evitando estar ao lado de destemperados, que age por impulso, provocando discórdias, divisões, agressividades, etc.
Na 2ª leitura (1Cor 15, 54-58) continuamos a ouvir o apóstolo Paulo falar sobre a ressurreição de Cristo e a nossa. Hoje, ele substitui a linguagem da semana passada, “ser vivo (Adão)” e “ser vivente no Espirito (Jesus)”, para uma linguagem do “ser corruptível (mortal)” e “ser incorruptível (imortal)”, para descrever a idéia da passagem do homem corruptível ao que ressuscita em Cristo para a vida eterna.
Para o apóstolo a vida eterna qualifica a vida do homem na terra. Quem é da morte, produz morte. Quem é de Deus produz vida (ser vivente no Espírito). A tese paulina também questiona o estilo de vida baseada na lei de Moisés. Segundo Paulo a lei de Moises não produz vida, mas apenas morte e condenação (cf. Gl 2, 11-21).
Em Cristo, já começamos um estilo de vida – de ressuscitados – que já venceu a morte e o pecado. O que nos salva é a vida nova em Cristo.
Na Nova Aliança, a dogmática (do amor, da misericórdia e da graça) fala mais alto que e lei moral, pois por causa da lei houve condenação, divisões, exclusões e morte.
Como seria interessante para nós pregadores, nesse período de carnaval ou mesmo em outros momentos, que não ficássemos atolados nas pregações moralistas, aproveitando os púlpitos, as câmeras, e os microfones para ficar denegrindo a vida dos irmãos. Além de ser farisaico, também é sinal de que continuamos a não entender o evangelho. Prestemos atenção no método de Jesus que, ao invés de ficar condenando, buscou o que há de bom nas pessoas.
Estamos no período de carnaval, permitam-me uma anedota. Às vezes, encarnamos Perpétua (personagem da Novela de Tieta representada por Joana Maria Fomm) uma criatura metida à piedosa que vivia sempre de luto. Frustrou-se com a vida, tornou-se uma pessoa seca, uma falsa religiosa, vivia querendo tirar vantagens em tudo, sempre se meteu na vida dos outros para dar “lições” de moral e fim dessa história já sabemos.
Porque perdemos o bom senso e julgamos os outros? Porque falamos mal dos outros? Não seria por questões internas ou mesmo desavenças de valores morais (e não éticos) que se chocam e se agridem? O filósofo Sófocles dizia: “a tua lei não é a minha lei”. Jesus dizia: “vossos pensamentos não são como os meus pensamentos” (cf Is 55, 8-10).
Os cristãos devem ser “sal” e “luz” na via da santidade do amor. A vitória nos é dada em Cristo e não nos esquemas moralistas, e quem foi alcançado por Jesus tem sua vida e suas relações qualificadas no fogo do Espírito.
No Evangelho (Lc 6, 39-45), Jesus parte de uma parábola para dar-nos sabedoria: “Um cego pode guiar o outro?”. Isso leva a me perguntar: Quem me guia? Quem me dá instruções? A quem eu escuto? De minha parte, tenho sabedoria para guiar os outros? Quem é meu guru e influenciador? Quem me nutre? O senso de justiça que tenho de onde ele vem?
Há sempre pessoas ao nosso lado que nos faz pensar: que tipo responsabilidade tenho sobre elas? Assim, com muito mais razão tenho que melhorar meu entendimento sobre a vida: “discípulo bem formado está como mestre” (cf. Eco 27,5-9. Sl 91. 1Cor 15, 54-58. Lc 6, 39-45). Por isso, transformar nossos pensamentos, sentimentos, formas de estar nos lugares, deve ser baseada na medida de Cristo.
O discípulo bem formado é alguém de bom senso, tem consciência autocrítica e é ciente das traves que tem no seu olho que impedem de ver os ciscos no olho dos outros. O discípulo mau tira coisas más de seu próprio tesouro, “pois sua boca fala do que seu coração está cheio”. É um falsário que tenta agradar a Deus com sua aparência religiosa, enquanto o coração está longe de Deus.
Na convivência com Jesus, discípulo bem formado, não se dá a tarefa de julgar ninguém, nem condenar ninguém, compete a ele dar os frutos que o Reino de Deus pede. No teatro grego, o hipócrita era o protagonista que se colocava no centro no lugar de…POR ISSO, É PRECISO SAIR DESSE LUGAR DE SER MESTRE, PARA SER UM IRMÃO BEM FORMADO. COMO TEM SIDO MINHA FORMAÇÃO CRISTÃ?
Boa semana!
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