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Ailton Elisiário

Ailton Elisiário

O autor é economista, advogado, professor da Universidade Estadual da Paraíba e membro da Academia de Letras de Campina Grande.

Imperador do mundo

Por Ailton Elisiário
Publicado em 23 de janeiro de 2025 às 11:04

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A posse do presidente americano ocupou o dia inteiro a pauta televisiva do Brasil. Certamente também a dos outros países. Decerto toda a imprensa mundial ocupou-se nesse dia com a cobertura do evento, fato que não se vê acontecer quando se trata de outros países.

Isto diferencia o evento em si, que é comum em todos os países, fazendo-o muito especial tanto para os americanos quanto para o resto do mundo. Porém, a distinção concedida ao evento desvirtua a relação entre os Estados Unidos e o resto do mundo e em particular o Brasil. Passa-se a imagem de que foi empossado não o presidente de um país, mas o imperador do mundo.

Não há desmerecimento algum quanto a importância dos Estados Unidos no contexto mundial das nações, todavia, ninguém há que se curvar perante esse país e aceitar a prepotência do seu governante maior, que leva uma mensagem de domínio universal consignada nos seus discursos.

O presidente americano disse sobre o Brasil e a América Latina que “eles precisam de nós. Nós não precisamos deles. Todos precisam de nós”. Essas palavras foram ditas como se o mundo inteiro fosse totalmente dependente dos Estados Unidos, como se além de sua subordinação não haja salvação.

Ocorre, porém, que os Estados Unidos importam muito dos outros países, o que faz ter sua economia dependente do resto do mundo. Portanto, não há uma via de mão única para os Estados Unidos. Há no comércio internacional uma via de mão dupla, de modo que os países do mundo inteiro são interdependentes e se complementam em suas necessidades.

Cada país no globo terrestre tem suas caraterísticas, sua importância e seus problemas, uns são mais ricos e outros são mais pobres, mas nenhum pode ser alvo de preconceitos. Todos têm suas economias abertas porque precisam uns dos outros, sem exceção. Daí, a incoerência da afirmativa de que todos precisam dos Estados Unidos, quando na realidade os Estados Unidos dependem de todos.

Até internamente, os americanos dependem da mão-de-obra de imigrantes estrangeiros, notadamente dos latinos. Os serviços básicos do dia a dia, tais como limpeza e manutenção de ambiente doméstico, jardinagem, portaria, serviços em restaurantes, cuidados com animais e tantos outros, estão entregues a esses imigrantes.

Na verdade, o que o presidente americano quer é restaurar a economia do seu país, reavivar a sua força e a sua influência, objetivos declarados por ele próprio em seu discurso de posse e em entrevistas. Pecou, porém, pela forma de colocação de suas pretensões, que foi arrogante e desrespeitosa.

Vejam-se as reações dos governantes dos países europeus e asiáticos, mormente no tocante ao meio ambiente, em que sendo um país altamente poluidor da atmosfera, se coloca sozinho na contramão das questões climáticas mundiais. A ordem é de perfurar cada vez mais o subsolo para utilização de combustíveis fósseis, quando mundialmente se desenvolvem ações para a produção de energia limpa.

Determinação é caminho para se alcançar objetivos. Mas, não é com ameaças, desrespeito, desprezo, arrogância, prepotência, que se obtém o que se quer. A via certa é a do diálogo, do respeito e da gentileza. Como disse Mahatma Gandhi, “com gentileza você pode sacudir o mundo”. É o que falta no presidente americano.

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