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Benedito Antonio Luciano

Benedito Antonio Luciano

Professor Titular aposentado do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

Flor da Paisagem

Por Benedito Antonio Luciano
Publicado em 26 de fevereiro de 2025 às 7:47

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Composta pelo arquiteto cearense Fausto Nilo e pelo músico e compositor pernambucano Robertinho de Recife, “Flor da Paisagem” é um poema musicado, uma das canções marcantes do álbum Orós, quarto disco de estúdio do cantor, compositor e músico cearense Fagner, lançado em setembro de 1977.

Em “Flor da Paisagem”, Fausto Nilo conseguiu traduzir sentimentos profundos em imagens poéticas por meio de uma narrativa sensível que exalta a beleza, a delicadeza, a efemeridade e o mistério das coisas simples da vida.

Na primeira estrofe, o poeta exalta os olhos da pessoa amada, comparando-os à beleza da flor da paisagem em meio à natureza: “Teu zói é a flor da paisagem/ Sereno fim da viagem/ Teu zói é a cor da beleza/ Sorriso da natureza”.

Na segunda estrofe, utilizando imagens poéticas, os olhos da amada são comparados a dois brincos de pedra rara, à cor da água do mar, ao riacho de água clara e à pureza da roupa com cheiro de mala: “Azul de prata, meu litoral/ Dois brincos de pedra rara/ Riacho de água clara/ Roupa com cheiro de mala”.

Na terceira estrofe, a repetição dos versos “Que renda branca”, faz alusão a um elemento elegante, de tessitura delicada no tradicional artesanato nordestino. A cor branca sugere a pureza e a beleza emanadas dos olhos da pessoa querida: “Zóim assim são mais belos/ Que renda branca, / Que renda branca, / Que renda branca na sala”.

Na quarta estrofe: “Quem vê não enxerga a praia/ Nós num lençol/ Nós num lençol/ Nós num lençol de cambraia”, o letrista revela a intimidade dos amantes em um jogo de palavras estabelecido no verso “nós num lençol de cambraia”. A cambraia é um tecido fino, macio, leve e agradável ao toque, simbolizando a suavidade e a intimidade do amor compartilhado.

Nas últimas estrofes, Fausto Nilo mantém o lirismo da letra, entrelaçando elementos naturais com sentimentos humanos: “Teus zói no fim da vereda/ Amor de papel de seda/ Teus zói que clareia o roçado/ Reluz teu cordão colado// Que renda branca na sala/ Nós num lençol/ Nós num lençol de cambraia”.

No arranjo de “Flor da Paisagem”, Robertinho de Recife, conhecido por sua habilidade como guitarrista e pela fusão de ritmos nordestinos com elementos de rock e pop, optou por um ritmo suave, permitindo que a melodia conduza a mensagem da letra de maneira emocional.

Nesse arranjo, percebe-se uma mistura instrumental bem elaborada, na qual a leveza dos acordes remete à tradição da música popular nordestina e, por extensão, à música popular brasileira, com uma pegada que transcende fronteiras, ao incorporar elementos musicais surpreendentes como violinos e acordes da guitarra portuguesa.

Em síntese, “Flor da Paisagem” é uma obra rara que demonstra a maestria de Fausto Nilo como letrista e de Robertinho de Recife como compositor e arranjador. No álbum Orós, os arranjos são creditados ao músico alagoano Hermeto Pascoal, que contou com a participação de instrumentistas experientes, entre eles: André Dequech (violino), Chico Batera (percussão), Dominguinhos (acordeom), Fagner (violões), Hermeto Pascoal (piano e percussão), Itiberê (baixo), Márcio Montarroyos (trompete), Nivaldo Ornellas (sax), Paulinho Braga (bateria e percussão) e o próprio Robertinho de Recife (guitarras e violas).

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