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Benedito Antonio Luciano

Benedito Antonio Luciano

Professor Titular aposentado do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).

Eu e a brisa

Por Benedito Antonio Luciano
Publicado em 19 de junho de 2024 às 9:08

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A belíssima balada romântica “Eu e a brisa”, composta por Johnny Alf e interpretada pela cantora Márcia, foi uma das músicas concorrentes do III Festival da Música Popular Brasileira da TV Record, realizado em São Paulo-SP, entre 30 de setembro e 21 de outubro de 1967.

Nascido em Vila Isabel, no Rio de Janeiro, Johnny Alf (1929-2010) é o nome artístico de Alfredo José da Silva, precursor da Bossa Nova; e Márcia é o nome artístico da cantora paulistana Márcia Elizabeth Barbosa Machado de Souza, casada com o locutor esportivo Sílvio Luiz, falecido em 16 de maio de 2024.

Levando-se em consideração a beleza da letra (“Ah, se a juventude que essa brisa canta / ficasse aqui comigo mais um pouco/ eu poderia esquecer a dor / de ser tão só pra ser um sonho…”), o arranjo primoroso de José Briamonte e a interpretação irretocável de Márcia, pode-se dizer que, a despeito do elevado nível das músicas concorrentes, os jurados foram injustos ao desclassificar “Eu e a brisa” para as finais.

Para se ter ideia do nível das concorrentes, o primeiro lugar foi atribuído à música “Ponteio”, composição de Edu Lobo e Capinam; o segundo lugar a “Domingo no Parque”, música composta e interpretada por Gilberto Gil; e em terceiro lugar “Roda viva”, composição de Chico Buarque, interpretada por ele, acompanhado pelo grupo MPB4.

Outras músicas de destaque, igualmente desclassificadas foram: “A Estrada e o Violeiro” (Sidney Miller); “Bom dia” (Gilberto Gil e Nana Caymmi); “O cantador” (Dori Caymmi e Nelson Mota); “Ventania” (Geraldo Vandré); e “Maria, carnaval e cinzas” (Roberto Carlos).

Sobre a música “Eu e a brisa”, encontrei no “Youtube” um excelente vídeo-comentário do músico e arranjador Flávio Mendes, no qual ele apresenta, de forma didática, várias considerações técnicas e comentários de como o arranjador e pianista José Briamonte organizou os elementos na partitura.

Dentre essas considerações encontram-se: as modulações; os acordes; as progressões simétricas; os arpejos; os compassos; as entradas e as saídas dos instrumentos orquestrais ao longo da execução da música: trompete com surdina, violinos, violão, baixo, bateria, e naipes de cordas e metais.

A primeira vez que escutei “Eu e brisa” foi pelo rádio. Gostei, decorei a letra e passei a cantá-la sozinho, em casa, à capela, ou em rodas de amigos, acompanhado por algum colega ao violão. “Travessia” era a outra música que eu gostava e gosto de cantar.

E os anos se passaram, até que, em 26 de abril de 1986, diante de uma plateia atenta no Departamento de Artes da UFPB, em Campina Grande-PB, quando fazia parte do “Grupo vocal céu da boca”, sob a regência do maestro campinense Antonio Sérgio Teles das Chagas, tive a oportunidade de cantar “Eu e a brisa”, com arranjo de Luis Roberto Borges. Foi emocionante, pois era a primeira vez que cantava em público e havia apenas dois meses que ingressara no grupo.

No mesmo ano, em 31 de maio, o “Céu da boca”, contando com quinze componentes, sob a regência de Sérgio Teles, fez uma apresentação antológica no V São Bento Arte Coral, no Teatro Santa Isabel, em Recife-PE.

Essa foi última vez que, diante de um auditório repleto e atento, cantamos “Eu e a brisa” e três músicas do nosso repertório. A boa lembrança que ficou desse evento foi que, terminada a apresentação, a plateia aplaudiu de pé e pediu bis. Então, atendendo ao apelo, voltamos ao palco e cantamos “Pongale por las hileras”, música do compositor argentino Félix Dardo Palorma, e, novamente, fomos aplaudidos de pé.

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