Escolher a melhor parte, escolher a oração!

Os Evangelhos têm o grande objetivo de falar de um Encontro. O encontro das pessoas com Jesus. São pecadores públicos, enfermos, pobres, dentre outros. Jesus continuamente vai ao encontro daqueles que são os preferidos na lógica do Reino de Deus.

Mas o que esse Reino realmente realiza, a partir do encontro pessoal com Jesus?
O Reino de Deus realiza um encontro de Pessoas: Deus e o homem. No Evangelho deste domingo, Nosso Senhor afirma que estar com Ele significa escolher a melhor parte. Foi o que disse categoricamente a Maria, irmã de Marta e Lázaro.

O Reino de Deus é o encontro fundamental com uma Pessoa: Cristo. Esse reino nos indica o verdadeiro fundamento de todas as coisas: Deus e sua relação de amor com a humanidade. A tradição oracional da Igreja defende frequentemente a primazia de Deus. Devemos reconhecer a centralidade de Deus em nossas vidas.

Afinal, onde Ele não está, nada pode ser bom. E aqui podemos vislumbrar o significado do Reino de Deus na vida humana: “O Reino dos Céus é como uma semente de mostarda que um homem pega e semeia no seu campo” (Mt 13,31). Quando escutamos as parábolas de Jesus, corremos o risco de considerá-las uma meta inatingível. Grande equívoco!

A vida que Deus nos oferece nesta terra é a feliz possibilidade de um Encontro com Ele mesmo, com Sua vontade e Seu amor. Todo encontro pessoal com o Senhor é um desenrolar de uma parábola viva e transformadora!

O coração humano é o campo do Evangelho em que Deus planta o seu amor. A vida humana é frágil e passageira, mas querida por Deus. O Reino de Deus possui uma potência grandiosa, capaz de transformar o mundo pelo caminho do amor que se dá sem interesses.

Quando essa potência de amor vai sendo assimilada em nossa vida pessoal, vai crescendo também a atitude de se colocar a serviço dos irmãos, na pastoral e no testemunho.

O fato de Maria estar com o Senhor na oração, na intimidade, não significa que ela não deva estar a serviço da missão. Ao contrário, toda missão pressupõe a exigência da vida de oração. Ambas tornam-se fecundas quando se complementam.

E quando virá o Reino de Jesus? Tal questionamento sempre foi constante entre os discípulos de Jesus, e também é uma preocupação dos nossos dias.

O Reino de Deus já está presente no meio de nós! Quando corações bons se juntam para ajudar e socorrer os pobres, quando profissionais de saúde se empenham noites a fio cuidando dos enfermos e moribundos, aqui já contemplamos a presença desse reino de que tanto Jesus nos falou.

A vida contemplativa do Reino de Deus forja-se na experiência das estradas do mundo. Somos a Igreja que não se conforma em estar ensimesmada com suas próprias estruturas.

Na Pastoral da Igreja, somos convocados a fazer o Reino de Deus crescer no mundo: “Cresce a partir de dentro, com a força do Espírito Santo. E sempre a Igreja teve seja a coragem de pegar e lançar, de pegar e misturar, seja também o medo de fazê-lo. E muitas vezes nós vemos que se prefere uma pastoral de manutenção e não deixar que o Reino cresça. ‘Mas, vamos permanecer aquilo que somos, pequeninos, ali, estamos seguros…’ E o Reino não cresce. Para que o Reino cresça é preciso coragem: de lançar o grão, de misturar o fermento” (Papa Francisco).

Acolher os mistérios desse reino é o mesmo que ter a coragem de aprofundar a vida batismal em todas as realidades que nos tocam. Ser testemunha de Cristo nas dores e alegrias no meio do mundo.

Que o Bom Deus nos ajude a acolher os mistérios de Seu reino em nossas vidas, para que o mundo conheça cada vez mais a força do verdadeiro amor que transforma tudo que está à sua volta.

O Reino de Deus é fruto de uma oração permanente aos pés do Senhor, como fez Maria, irmã de Marta e Lázaro.