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Jornalista, Pós-Graduada em Comunicação Educacional, Gerente de Negócios das marcas Natura e Avon.
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Para nós, brasileiros, o dia 21 de abril já carregava peso e memória. Era só dia de Tiradentes, o mártir da liberdade, símbolo de coragem e sacrifício. Mas agora, esse dia se dobra em reverência dupla: tornou-se também o adeus de um outro mártir, não da espada ou da forca, mas da ternura, da bondade e da fé — Francisco, o Papa dos gestos simples e do coração aberto.
Ele nos ensinou que a santidade cabe nos detalhes. Que um sorriso pode ser oração. Que um abraço pode redimir e por isso reduziu distâncias e abriu os braços ao abraço.
Sua fé era feita de proximidade, e sua doutrina era o olhar atento ao outro.
Foi um Papa que não se afastava da gente; ao contrário, se misturava, ria, fazia rir. Humanizou o altar, desceu dos pedestais e nos lembrou que Cristo foi simples, e por isso verdadeiro.
Durante doze anos, revitalizou a Igreja como quem areja uma casa antiga: abriu janelas, sacudiu tapetes, deixou a luz entrar. Mas, acima de tudo, nos devolveu a leveza. Sua fé não pesava — ela acolhia. E entre tantos dons, havia dois que brilhavam com especial ternura: a capacidade de rir, mesmo quando o mundo doía, e o bom humor, que fazia da fé algo mais acessível, mais próximo, mais nosso.
E foi assim, com essa mesma humildade imensa que guiou toda a sua vida, que enfrentou o fim. Com serenidade, suportou a dor e o cansaço da enfermidade, silencioso e firme, como quem entende que o sofrimento também faz parte do sagrado.
Ainda assim, comovente e fiel, apareceu aos fiéis num último gesto de amor.
Era domingo de Páscoa — o dia da ressurreição de Cristo. E ele, como se soubesse, esperou o dia seguinte para partir.
Talvez quisesse que a alegria da vida eterna fosse celebrada antes de sua despedida.
Por isso, neste abril, o Brasil guarda um novo símbolo. Ao lado de Tiradentes, o herói da liberdade, agora repousa na memória o Papa da esperança, da humanidade e do riso. E se a saudade é certa, o sorriso também é. Porque Francisco foi — e será sempre — lembrado com amor.
Assim, entre a corda e a cruz, entre a pólvora e a prece, o sorriso resiste como lume suave no rosto dos que partem com o ultimo pensamento de que valeu a pena, poque a missão foi cumprida.
Tiradentes sangrou pela liberdade, Francisco silenciou pela paz.
Ambos, mártires de tempos distintos, rumo ao mesmo céu, onde a morte é só uma virgula, e a esperança um ponto de luz.
Atenção: Os artigos publicados no ParaibaOnline expressam essencialmente os pensamentos, valores e conceitos de seus autores, não representando, necessariamente, a linha editorial do portal, mas como estímulo ao exercício da pluralidade de opiniões.
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