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Professor Titular aposentado do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
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Aniversário é uma data simbólica que nos leva a refletir sobre o passar do tempo. Quando crianças, sonhamos com brinquedos, mas, com o avançar dos anos, conforme envelhecemos, nossos desejos se refinam. Para quem gosta de ler, por exemplo, os livros ocupam um lugar especial entre os presentes almejados.
Os bons livros são portais. Um exemplar presenteado com uma dedicatória carinhosa é como uma chave que permite o acesso ao mundo das emoções e das ideias. Há algo profundamente íntimo em oferecer um livro. É como dizer: “Eu pensei em você enquanto lia isto”. O livro é um convite à meditação e à introspecção, mas também estabelece uma conexão com quem nos presenteou.
Para quem chegou aos setenta anos, algumas datas de aniversário se tornaram marcos na memória. A comemoração dos 15 anos pode ser uma delas — no meu caso, pela lembrança de quando recebi o primeiro disco de vinil, conhecido na época como LP (long play).
Os livros e os discos antigos guardam memórias e sentimentos. Na juventude, receber um disco ou um livro das mãos de uma pessoa amiga era mais do que ganhar um objeto, pois, junto com o presente, vinham a atenção, o afeto e a cumplicidade.
Um velho disco de vinil, por exemplo, carrega uma aura de passado, algo valioso que deve ser preservado e manuseado com cuidado. Abrir o encarte, explorar a arte da capa e, talvez, encontrar ali uma dedicatória é como se antigas emoções viessem à tona.
Entre discos e livros, a escolha do presente pode suscitar dúvida. Quem nunca enfrentou a indecisão entre um disco antigo, um clássico da literatura ou um lançamento recente? Por isso, muitas vezes, a escolha reflete mais o gosto de quem presenteia do que o do aniversariante.
No século passado, comemorar os 18 anos era uma data marcante, pois representava a passagem para a maioridade. Nessa idade, começava-se a vislumbrar a vida adulta, iniciando as preocupações com o futuro profissional e a vida conjugal.
Ao completar 50 anos, a comemoração pode ter sido animada, cheia de amigos, risos e discursos. Talvez, nessa efeméride, o presente mais marcante tenha sido uma edição rara de um autor admirado ou uma caixa com a discografia completa de um artista querido.
Aos 60 anos, surgem lembranças de pessoas e lugares que conhecemos ao longo do tempo. Para essa ocasião, os versos nostálgicos e a melodia da canção dos Beatles “In My Life” podem servir de inspiração para compor o memorial apresentado aos convidados.
Ao chegar aos 70 anos, o aniversário torna-se um ato de revisitar essas memórias, como quem folheia um livro antigo e põe para tocar um disco de vinil na vitrola da vida.
O fato é que, no mundo contemporâneo, livros e discos continuam a desempenhar um papel importante, embora novas mídias tenham transformado a forma como consumimos cultura. Livros digitais e audiolivros permitem que histórias sejam lidas ou ouvidas em qualquer lugar, enquanto plataformas de streaming facilitam o acesso à música, trazendo álbuns completos e playlists personalizadas ao alcance de um toque.
Nesse contexto, o diálogo entre o tradicional e o moderno se faz presente, mostrando que, mesmo em tempos de inovação, ainda há espaço para a conexão emocional proporcionada pela música e pela literatura.
Por fim, depois dos setenta, a maturidade nos ensina que discos e livros são mais do que objetos. Eles são lembranças de conversas que continuam ao som da música e das páginas viradas. Isso ajuda a moldar as nossas expectativas e nos impulsiona a seguir em frente, pois os sonhos, como as histórias, nunca envelhecem.
E, assim, vamos comemorando cada aniversário, compreendendo que o seu simbolismo envolve não apenas presentes, mas também momentos, lugares e lembranças de pessoas que fizeram ou fazem parte de nossa travessia. E a vida, como um rio, segue o seu curso.
Atenção: Os artigos publicados no ParaibaOnline expressam essencialmente os pensamentos, valores e conceitos de seus autores, não representando, necessariamente, a linha editorial do portal, mas como estímulo ao exercício da pluralidade de opiniões.
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