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Professor Titular aposentado do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
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Dezembro chegou como um suspiro ao fim da maratona de mais um ano. É como se o calendário, em sua última folha, pedisse um descanso, abrindo espaço para que o tempo respirasse diante da expectativa de um novo ano. De repente, tudo parece se misturar: o frenesi das compras, os abraços adiados e os planos que ficaram pendentes nos meses anteriores. Como numa peça teatral, dezembro é o derradeiro ato da encenação das promessas inacabadas e dos sonhos em construção.
Ao anoitecer, as ruas e as fachadas dos prédios ganham vida própria, iluminadas por arranjos natalinos. As cidades se tornam cenários de reencontros e esperanças renovadas. É um período em que os corações parecem se expandir, como se pudessem abraçar o mundo todo de uma vez. Dezembro é assim, feito de gentilezas tardias, como aquelas que deveríamos ter distribuído ao longo do ano, ou, talvez ao longo da vida.
Neste mês, paira no ar um certo tom nostálgico. Em meio às festas e encontros de confraternização, o passado se faz presente: quem partiu, quem voltou; o que se perdeu e o que foi conquistado ou reconquistado.
Dezembro tem essa mania de nos lembrar que o tempo passa, ainda que para uns pareça correr demais e para outros se arrastar. Ele nos faz olhar para trás, como quem folheia um álbum antigo, e, ao mesmo tempo, nos empurra para frente, com a promessa de que sempre haverá um novo recomeço.
Mas dezembro não é apenas o mês das festas. Ele é também o mês dos silêncios e das reflexões. No meio da euforia natalina, alguns encontram momentos para refletir, desacelerar, fazer planos, caminhar sozinho, apreciar o pôr do sol e perceber que o ano está se despedindo suavemente. Afinal, a correria pode esperar um pouco, não é verdade? Dezembro nos oferece essa trégua: a chance de respirar fundo antes de mergulharmos no novo ciclo.
Talvez o ponto alto de dezembro seja o Advento natalino, tempo de orações fervorosas e de reflexões sinceras sobre os erros cometidos ao longo do ano que termina. Mas, também, é tempo de hipocrisias, de orações ditas da boca para fora e de promessas de arrependimento que não se concretizam.
Natal das luzes, cheio de simbolismos, religiosos ou não. Natal dos presentes e do presente que se fará futuro. Natal do ontem, do hoje e do amanhã. Natal, tempo do reencontro com a alegria interior. Natal do menino Jesus. Natal do Filho de Deus!
E, quando o relógio marcar a meia-noite do dia 31 de dezembro, na passagem de ano, a tradição será mantida: em diversas cidades, o céu será iluminado por fogos de artifício, como uma forma de celebrar e agradecer a nossa existência, por mais efêmera e imperfeita que ela seja.
Dezembro é assim: um adeus, uma despedida, um até logo e uma saudação ao desconhecido que nos aguarda. É o mês em que, finalmente, aceitamos que tudo o que somos – alegrias, tristezas, conquistas e arrependimentos – cabe em um só instante. E, nesse instante, respiramos fundo e percebemos que mais um ano se passou. Travessia.
Atenção: Os artigos publicados no ParaibaOnline expressam essencialmente os pensamentos, valores e conceitos de seus autores, não representando, necessariamente, a linha editorial do portal, mas como estímulo ao exercício da pluralidade de opiniões.
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