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O autor é economista, advogado, professor da Universidade Estadual da Paraíba e membro da Academia de Letras de Campina Grande.
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A moeda americana, o dólar, tem sido há quase um século a moeda de reserva mundial. Desde 1931, quando substituiu a libra esterlina, o dólar passou a ser utilizado nas transações do comércio internacional e sendo referência nas dívidas internacionais. No período entre as duas grandes guerras mundiais, os Estados Unidos vendiam armas aos países e recebiam os pagamentos em ouro. Em 1944 a Conferência de Bretton Woods aprovou a vinculação do dólar ao ouro, criando-se assim um lastro que garantia o dólar, estabelecendo-o desse modo como moeda de reserva mundial.
Entre 1971 e 1973, o presidente americano Richard Nixon ao decidir suspender a conversibilidade do dólar em ouro, retirando-lhe o lastro que lhe dava garantia, fez Bretton Woods entrar em colapso. O dólar, porém, permaneceu sendo utilizado como moeda de reserva mundial, tendo por garantia a confiança depositada pelos países nos Estados Unidos, diante de sua estabilidade e do seu poder econômico e político.
Atualmente, vem sendo observado uma tendência de mudança da moeda reserva, tendo o Fundo Monetário Internacional registrado que em 2021 houve uma diminuição na participação do dólar americano nas reservas mundiais. Alguns economistas já estão prevendo um processo de desdolarização mundial, à medida que as economias do Sul Global busquem diversificar suas reservas em outras moedas, desvinculando-se do dólar.
Os Estados Unidos são a única superpotência mundial e em razão disto há estabelecida uma ordem mundial unipolar. A China vem se tornando a segunda superpotência mundial, motivo pelo qual a ordem mundial tende a ser bipolar de início e multipolar posteriormente, com o crescimento de outros países, dentre esses a Rússia. E a desdolarização contribuirá para a mudança dessa unipolaridade para a multipolaridade.
Outro fator que favorece a desdolarização é que essa moeda é usada como arma geopolítica, pela sua centralidade nas finanças internacionais. Os Estados Unidos impõem sanções por exemplo a Arábia Saudita, por questões de direitos humanos. O Brasil está sendo penalizado pelos americanos por questões políticas de ordem interna, com a taxação exagerada de 50% nas suas exportações. Daí o governo brasileiro já falar em desdolarização e anunciar intenção de realizar transações comerciais utilizando o real.
Trata-se do LCT – Local Currency Trade ou Comércio com Moeda Local, em que cada país utiliza suas moedas no comércio internacional, convertendo-as com base nas taxas de câmbio.
Embora já se fale em desdolarização, há que se levar em conta os desafios e obstáculos que a substituição do dólar enfrenta, diante da confiança na sua estabilidade e a própria influência dos Estados Unidos. Mas, mesmo assim, há um crescente desejo nos países de se desvincularem do dólar americano, os quais vêm adotando alternativas para reduzirem suas dependências. As sanções econômicas e as tensões geopolíticas criadas pelos Estados Unidos têm impulsionado as nações nessa direção.
Ressalte-se, porém, que a substituição do dólar como moeda de reserva não deve ocorrer da noite para o dia, a não ser que uma drástica mudança geopolítica venha ocorrer. Sendo um processo gradual a desdolarização, o que se sabe é que trará implicações de longo prazo na economia mundial e na dinâmica geopolítica.
Atenção: Os artigos publicados no ParaibaOnline expressam essencialmente os pensamentos, valores e conceitos de seus autores, não representando, necessariamente, a linha editorial do portal, mas como estímulo ao exercício da pluralidade de opiniões.
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