Cuidados paliativos e finitude – um convite à presença

Falar sobre finitude é, muitas vezes, falar sobre tudo aquilo que evitamos. O fim da vida, para muitos, ainda é um tabu carregado de medo, silêncio e solidão. Mas é justamente nesse momento tão delicado que os cuidados paliativos se tornam um farol: uma abordagem que acolhe, escuta e oferece suporte integral — não apenas ao paciente, mas também à sua família.

Diferente do que muitos imaginam, cuidados paliativos não significam desistência. Pelo contrário: é uma forma ativa e profundamente humana de respeitar os desejos, aliviar sofrimentos e garantir dignidade até o último instante. Trata-se de cuidar da vida até o fim, com presença, afeto e escuta verdadeira.

Ao falarmos de finitude, não falamos apenas de morte, mas de escolhas. De como desejamos ser cuidados, do que nos importa, de quem queremos ao nosso lado. É um momento que pode (e deve) ser vivido com autonomia, apoio e significado. E os cuidados paliativos oferecem exatamente isso: tempo com qualidade, onde cada gesto importa.

Na prática, isso significa tratar a dor com competência, acolher a espiritualidade, fortalecer vínculos e permitir despedidas conscientes. É transformar o fim em um espaço de amor, onde o medo dá lugar à presença, e o sofrimento encontra alívio.

Há mais de uma década, venho acompanhando de perto o impacto transformador dos cuidados paliativos na vida de tantas famílias. Um cuidado que vai além da técnica: que acolhe, escuta e respeita o tempo de cada um.

Acreditar nos cuidados paliativos é acreditar que o fim da vida merece o mesmo respeito, dedicação e sensibilidade que o seu começo.

Finitude é realidade. Mas quando cuidada com amor, torna-se também um ato de profundo sentido e humanidade.