Como é admirável possuir a Cruz!

Como é admirável possuir a Cruz! Quem a possui, possui um tesouro” (Santo André de Creta). Esta não é apenas uma frase de um santo pouco conhecido, mas o desejo do coração de quem crê. Neste domingo, Dia do Senhor, a liturgia celebra a Exaltação da Santa Cruz. A cruz para nós cristãos não é sinal de derrota, mas de vitória. Cristo venceu a morte por meio da cruz.

No Evangelho proclamado neste domingo de festa em todas as paróquias, escutamos a Palavra de Deus afirmando, em alto e bom tom, o real significado do mistério da cruz de Jesus: “Deus amou de tal modo o mundo que lhe deu o seu Filho único, para que os homens sejam salvos” (Jo 3,16). A cruz de Jesus mostra ao mundo o rosto do amor de Deus.

O amor de Deus é a grande mensagem que muda o mundo. Esse amor nos foi revelado na cruz de uma forma aparentemente vulnerável: “‘O Filho de Deus tornou-se vulnerável, assumindo a condição de servo, obedecendo até à morte e morte de cruz’ (cf. Fl 2,8). É pela sua Cruz que estamos salvos. O instrumento de suplício que, na Sexta-Feira Santa, parecia manifestar o juízo de Deus sobre o mundo, tornou-se fonte de vida, de perdão, de misericórdia, sinal de reconciliação e de paz” (Papa Bento XVI).

Com a Festa da Santa Cruz, a Igreja lembra ao mundo que, diante das mais variadas e inevitáveis dificuldades da vida, devemos sempre olhar para o Crucificado. Eis a via que nos fará mergulhar profundamente no amor de Deus. Sabemos, porém, o quanto é desafiante ver o sinal do amor de Deus nos momentos de grandes dores que atravessamos. Não é fácil, mas contamos com a certeza da Palavra de Deus, que sempre aponta o caminho da fé como lugar seguro.

A cruz que devemos carregar no peito é a Cruz gloriosa de Cristo, que venceu a morte e o pecado. Seu fardo é um fardo de amor. Não nos enganemos com as ilusões do mundo: ele promove um estilo de vida isento de cruzes, incompatível com o que o Evangelho de Cristo nos pede.

O que nos impede de ver as consolações de Deus na cruz de Seu Filho? É claro que o caminho da fé é uma estrada que nos pede renúncia e sacrifício. O próprio Deus nos deu o Seu Filho, no madeiro da cruz, para nos salvar. Fez a mais alta renúncia movido por puro amor. A cultura pós-moderna tem nos acostumado a abraçar um estilo de vida que nos pede um afastamento do sofrimento a todo custo. Grande inverdade. Isso nunca será possível nesta terra que habitamos.

Quando olhamos com verdadeira fé para o rosto Crucificado de Jesus, olhamos para a salvação de Deus, a verdadeira consolação que este mundo precisa. E nós, como cristãos conscientes, recebemos a missão de mostrar o rosto de Deus Crucificado, mas cheio de amor, a tantos que ainda estão longe da Igreja e de Cristo. Não é presunção, mas missão solidária com tantos que sofrem por desconhecerem a fé.

Com o Papa Leão, aprendamos a não ter medo de sempre fazermos nossas preces a Jesus Crucificado: “em que guardar tudo dentro de nós pode consumir-nos lentamente. Jesus nos ensina a não ter medo do clamor, desde que seja sincero, humilde e dirigido ao Pai. Um clamor nunca é em vão, se vier do amor. Nunca é ignorado, se for entregue a Deus. É uma forma de evitar ceder ao cinismo, de continuar acreditando que outro mundo é possível”.

Voltemos o nosso coração para Cristo. Somente o Seu amor nos dará a verdadeira felicidade que brota da Sua cruz. É Ele que nos fará livres para amar como Ele nos ama e construir um mundo marcado pela bondade de Deus.

Confiemos o nosso coração, cheio de medos, à Virgem Maria, Mãe de Jesus e Mãe nossa, presente aos pés da Cruz, porque Ela, como Mãe Consoladora dos aflitos, nos guiará pelo caminho de Deus, em todas as circunstâncias da vida. Ela, ao pé da cruz, ensina-nos o quanto é belo e consolador possuir a cruz de Jesus!