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Alexandre Moura

Alexandre Moura

Engenheiro Eletrônico, MBA em Software Business e Comércio Eletrônico, Diretor da Light Infocon Tecnologia S/A e Diretor de Relações Internacionais da BRAFIP – Associação Brasileira de Fomento à Inovação em Plataformas Tecnológicas.

Comércio tradicional e o comércio eletrônico: perspectivas para 2026

Por Alexandre Moura
Publicado em 4 de dezembro de 2025 às 7:48

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Estamos no último mês de 2025, mês no qual a ACCG – Associação Comercial e Empresarial de Campina Grande comemora 99 anos de existência e neste quase um século de vida, a entidade empresarial “viu” muitas mudanças no seu “principal” segmento de atuação que é o “Comércio”. E nos últimos anos, as mudanças são “exponenciais” e no ano que vem não será diferente.

Na coluna de hoje, vou tentar “prever” o que acontecerá em 2026 no segmento, com o olhar voltado para o Comércio “Tradicional” (Lojas Físicas) e o Comércio Eletrônico (e-commerce, o “Digital”).

Tudo indica que o avanço do Comércio Eletrônico deve redesenhar, ao longo do próximo ano, o mapa das lojas físicas de rua e de shopping centers, em todo o Brasil. Especialistas em varejo e tecnologias associadas, projetam um 2026 de forte pressão sobre o faturamento do comércio tradicional.

Nos últimos anos, o e-commerce brasileiro consolidou uma participação relevante nas vendas do varejo, impulsionado por marketplaces, apps, redes sociais e meios de pagamento instantâneo, como o Pix.

Em 2026, a tendência é de continuidade desse crescimento, mas de forma mais seletiva: consumidores compram on-line não apenas pelo preço, mas pela conveniência — levando em consideração, entrega rápida, possibilidade de comparar ofertas, frete “grátis” e acesso a uma variedade de produtos que dificilmente “caberia” em uma loja física.

Esse movimento esvazia, em parte, o tradicional “passeio de compras”. A ida ao shopping e/ou à rua comercial, deixa de ser o primeiro impulso e passa a ser uma etapa complementar: ver o produto, retirar pedidos feitos pela Internet e/ou aproveitar experiências específicas, como alimentação e lazer.

Resultado: o fluxo de pessoas tende a se concentrar em datas promocionais e fins de semana, enquanto muitos dias úteis vão ficando “mais vazios”.

Comércio Tradicional e o Comércio Eletrônico: Perspectivas para 2026 (II)

Para as “lojas físicas” o efeito direto desse comportamento do Consumidor será a “pressão” sobre o faturamento médio mensal. Em 2026, a disputa com o digital tende a intensificar, com destaque para: “Redução do tíquete médio”, o Consumidor cada vez mais faz pesquisa de preço no celular (prática já bastante comum hoje), mesmo dentro da loja. Se não enxergar vantagem, compra no marketplace. Isso pode achatar margens e obrigar o lojista a rever políticas de preços.

“Maior sensibilidade a promoções”, campanhas como a “Black Friday estendida” e o “esquenta” em datas comemorativas, deixam de ser exclusivas do e-commerce. Lojas de rua e de shopping “precisam” aderir a esses movimentos rapidamente.

Entretanto, isso aumenta o custo promocional e reduz o lucro de cada venda; “Custos fixos elevados”, aluguel, condomínio, energia, equipe de vendas e segurança, estão com tendência de aumentar ao longo de 2026, especialmente em shoppings.

Quando o faturamento não acompanha esses custos fixos, o peso desses itens ameaça diretamente a viabilidade do negócio. Shoppings mais consolidados devem manter bons resultados, apoiados em mix de serviços, alimentação e entretenimento. Já centros comerciais de médio e pequeno porte e “corredores de rua” podem sentir mais o impacto, com aumento de vacância e maior rotatividade de lojas.

Comércio Tradicional e o Comércio Eletrônico: Perspectivas para 2026 (III)

Os segmentos do comércio mais vulneráveis são justamente aqueles em que o e-commerce oferece grande variedade de produtos/marcas e entrega ágil: eletrônicos, moda, calçados, artigos esportivos e bazar.

Pequenas lojas físicas que dependem exclusivamente da venda presencial, sem “presença digital”, correm risco real de perda de relevância e fechamento ao longo de 2026.

Entre os fatores de risco estão: “Dependência de um único ponto físico”, sem canal de vendas alternativo; “Baixa diferenciação” de produto (quando o que se vende pode ser encontrado facilmente on-line com a mesma qualidade e muitas vezes, mais barato); “Pouca capacidade de investimento em tecnologia”, logística e marketing digital.

Nesse cenário, uma parcela de pequenos negócios (em todo o Brasil) pode não chegar ao final do ano se não conseguir adaptar o modelo de negócio sendo utilizado atualmente. O fechamento de lojas, porém, deve ser desigual entre regiões do país: áreas turísticas, centros de médias e pequenas cidades e “shoppings premium” tendem a ser mais resilientes.

Mas como sair dessa “armadilha”, sobreviver e voltar a crescer em 2026? A sugestão (já sendo praticada, com sucesso, por alguns lojistas) é através de um “contra-ataque”, com base em “omnicanalidade (estratégia que integra todos os canais de comunicação e venda de uma empresa — como loja física, site, aplicativo e redes sociais — criando assim, uma experiência de compra unificada para o Cliente) e na experiência específica, em relação ao tipo de Consumidor do comércio local”.

Comércio Tradicional e o Comércio Eletrônico: Perspectivas para 2026 (IV)

Na prática, isso significa: “Usar a loja física como vitrine e centro de relacionamento”, oferecendo retirada de compras on-line (o chamado click & collect – clique e retire), “provador” para itens comprados pela Internet e serviços de pós-venda; “Transformar, imediatamente, vendedores em consultores”, que atendem tanto no “balcão” quanto por WhatsApp, Instagram e outros canais digitais; e “Investir em experiência”, atendimento personalizado, eventos, lançamentos, demonstrações de produtos, serviços de ajuste de roupas, etc.

Tudo isso, quando possível e recomendado, usando tecnologia já disponível e também, IA (Inteligência Artificial), que aliás está cada vez mais barata e fácil de usar.

Shoppings que conseguirem apoiar seus lojistas nessa transição — com plataformas digitais próprias, campanhas integradas e condições comerciais mais flexíveis — devem manter relevância. Já galerias e ruas comerciais que não ofereçam segurança, estacionamento e conveniência, podem perder ainda mais espaço.

Já no lado do RH (Recursos Humanos), a evolução do e-commerce (e da IA, associada) não significa necessariamente, redução líquida de postos de trabalho, mas uma mudança do perfil das vagas. Enquanto o número de vendedores de loja pode crescer menos, aumentam as oportunidades de emprego em logística, atendimento on-line, marketing digital e gestão de relacionamento com o marketplace onde a loja está inserida.

Tudo leva a crer que, ao longo de 2026, a sobrevivência de muitas lojas físicas dependerá justamente da capacidade de requalificar suas equipes, treinando funcionários para operar sistemas de pedidos cada vez mais automatizados, responder a clientes em canais digitais e atuar em múltiplas funções dentro de uma mesma unidade.

Em síntese, 2026 tende a ser um ano de transição importante para o varejo brasileiro. O e-commerce não deve “acabar” com as lojas físicas, mas obrigá-las a mudar de papel: de simples ponto de venda para espaço de experiência, serviço e principalmente, relacionamento.

Quem enxergar a loja física e o “canal digital” como concorrentes, provavelmente verá o faturamento minguar. Quem tratar ambos como partes de um mesmo negócio, usando tecnologia para aproximar o cliente e não o afastar da loja, terá mais chances de não apenas sobreviver, mas crescer em um cenário de consumo cada vez mais “digital”.

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