Brasil à deriva

Vivemos num país hoje que não é mais o país que haveríamos de viver. Daí, tantos brasileiros buscando morar em outros países, alguns deles sem nenhuma relação de origem ou de afinidade linguística com o Brasil. É que, assim parece, está havendo um desvirtuamento da natureza da nação, para condução do país a mares nunca dantes navegados.

No Brasil estabeleceu-se uma polarização negativa e prejudicial aos brasileiros entre grupos políticos que buscam fazer prevalecer suas opiniões e formas de pensamento. Não se trata de direita ou esquerda, pois estas facções existem em todos os lugares e muitas vezes vivem até harmoniosamente. Trata-se sim, de grupos privados, pessoais, particulares, familiares até, que escondidos sob a máscara de direita e esquerda, buscam levar os incautos ao apoio inconsciente de seus interesses.

De um lado, temos um grupo que comanda o país sob a forma estatal, de natureza socialista e, portanto, de esquerda, que faz o que bem entende, sempre sob o manto da aparência da governabilidade. De outro lado, um grupo que grita e esperneia, de natureza capitalista e, portanto, de direita, que se acha lesado nas eleições e pretende a todo custo voltar ao poder. Entre os dois grupos, um staff de poderosos que manipula os instrumentos legais, fazendo e decidindo autoritariamente, sob a alegação de respaldo constitucional.

Cada um desses dois grupos quer ver a caveira do outro e o que se diz e o que se faz vão para além das mais estapafúrdias inconsequências. E o grupo que está entre eles, se aproveita para controlar a situação a seu talante. Só que tudo isso está sobrando para o povo brasileiro, que se esgota nos efeitos devastadores dos atos deletérios das pessoas que formam esses grupos que são contrários ao país e favoráveis a si próprios.

Sob a aparência de defender o Brasil, eles mascaram os seus reais objetivos. O grupo da esquerda quer mudar o país para o lado socialista, sem consulta plebiscitária. O grupo da direita quer manter a tradição capitalista do país, sob o seu comando exclusivo. E o grupo que controla a situação quer manter-se nos bastidores, dando as cartas do jogo do poder, agindo permanentemente sem nenhuma responsabilidade política.

Não há nessas pessoas sentimento de brasilidade. Há sim, um sentimento de traição do lado esquerdista aos princípios originários que deram vida ao país; há um sentimento egocentrista do lado direitista, como que sem eles não há salvação para o país; e há um sentimento falsamente legalista do lado que se coloca como o salvador da pátria, por tomar os poderes dos que fazem as leis, que lamentavelmente se inclinam em reverência.

Nunca o Brasil esteve tão sem rumo como agora. O Brasil colonial libertou-se e tornou-se império. O Brasil imperial libertou-se e tornou-se republica. O Brasil republicano até agora não se libertou dessas mazelas e se encontra à deriva. Vigoroso não a tudo isso deve ser dado pelo povo brasileiro. Não, à mudança do Brasil democrático para a ditadura do proletariado. Não, à aceitação de brasileiros penalizando o Brasil para a defesa dos interesses familiares. Não, ao controle da vida nacional por poder republicano que não tem tal atribuição constitucional.  Não, à interferência no Brasil de países ou governos estrangeiros.

O Brasil não está submisso. O povo brasileiro não está inerte. De suas próprias entranhas haverá de surgir “um filho teu que não foge à luta” que coloque os pontos nos “is”, revigorando o “independência ou morte” que exige renovação, como um novo grito de esperanças, para que nós possamos nos orgulhar do nosso amado Brasil.