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Padre e psicólogo.
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No caminho litúrgico do Advento nos encontramos com aquela que se tornou modelo de espera, acolhimento e serviço: Maria, a cheia de graça.
A Primeira Leitura (Gn 3, 9-15. 20), a origem do mal sempre é uma questão que sempre impressionou a humanidade, pio sendo Deus o sumo bem, como pode o mal no mundo. Os argumentos sempre giram em torno do livre arbítrio onde Deus os criou para a liberdade e que fizemos más escolhas. O gênesis diz “que Deus fez o paraíso e nos colocou lá” (2, 7-25), mas apesar de ter pensado só o bem para todos, deu ao homem a capacidade da escolha (1, 26). Assim, vemos no trecho de “estar nu diante de Deus e envergonhasse Dele” (3, 9-11.) são fruto da humanidade que sempre teve dificuldade de assumir suas responsabilidades.
Esse é um texto que tem certos paralelos literários com as narrativas mitológicas daquele tempo. No trecho de hoje se diz que “Deus está passeando no jardim a procura do homem: ‘Onde estás?’” (Gn 3, 9-12). Ele se esconde , pois tem medo e dificuldades de se reconhecer “nu diante de Deus”. E, mesmo lhe dizendo isso, não assumem totalmente sua decisão e joga a responsabilidade para sua companheira e esta, por sua vez, transfere a culpa para a serpente que não terá como se defender. Ela receberá uma maldição e uma proteção. Ambos se tornam modelo de desobediência e propagadores do pecado original.
Estes textos servem de base teológica para dizer que Maria é a ressignificação da Nova Eva. A mulher por excelência que trará ao mundo o Messias que vai restaurar o diálogo rompido pelo pecado.
Esse texto nos dá a impressão de que o homem e a mulher são mesmos os responsáveis por estragarem o Projeto de Deus.
Na Segunda Leitura (Ef 1,3-6. 11-12) Paulo nos garante que Jesus recupera o Projeto de Deus e nos revela que somos herdeiros de Deus que pensou o nosso bem desde a Criação. Portanto, “cheio de toda a espécie de Bençãos espirituais em Cristo podemos retomar o projeto inicial e sermos irrepreensíveis na caridade na presença de Deus Pai” (v. 3-4) que continua a perguntar a todos nós “Onde estás?”.
Pela a ação de Cristo não precisamos ter medo de nos apresentar nus na presença do Senhor, pois somos os seus filhos adotivos constituídos como herdeiros e um hino de louvor da sua glória.
O Evangelho de Lucas (1, 23-38) , o anjo revela o Projeto de Deus em vista da salvação e a convoca à colaborar. Maria lhe pergunta como acontecerá isso. O anjo lhe diz que “o Poder do Altíssimo lhe cobrirá” (1,35). É importante ser confiante, pois “para Deus nada é impossível” (1,37).
O pano de fundo dessa nativa pode ser a narrativa da primeira leitura. Ele tem recursos literários veterotestamentário. O anjo Gabriel é uma figura conhecida lá do Livro do Profeta Daniel onde ele aparece em uma das visões do profeta: força de Deus, guerreiro de Deus, mensageiro de Deus. Ele entra em cena, mais uma vez, para cumprir a mais importante missão de todos os anjos, pois vem anunciar a vinda do Filho de Deus que nascerá de uma menina humildade e de uma localidade bem desprezível da periferia de Nazaré da Galileia dos pagãos.
Maria é uma menina virgem que já passado pelo processo dos “esponsais”. É o rito de tornar um homem e uma mulher responsáveis num processo que resultaria em casamento. Mas, enquanto esponsais, poderiam desistir deste compromisso. Uma infidelidade provocada neste momento seria considerada algo gravíssimo sob pena de apedrejamento.
A saudação do anjo tem as mesmas características de anúncio dos grandes feitos no Antigo Testamento para dizer da predileção de Deus para realizar uma obra.
O anjo lhe faz uma proposta para que ela aceitasse o Projeto de Deus e sua primeira reação foi de objeção (não de rejeição), pois lhe pareceu algo absurdo perante sua condição de menina virgem e ser mãe de alguém tão especial. O anjo a tranquiliza e a coloca na lista dos grandes vocacionados de seu povo que recebeu o Espírito de Deus para cumprir sua missão.
O anjo lhe diz “que o Espírito virá como sombra” (1, 35-38), isso nos lembra a coluna de nuvem que protegeu o povo rumo à terra prometida. O nome da criança já traz o significado do Projeto de Deus, apresentado a Maria, para que seja definitivamente o meio pelo qual Deus veio em forma humana.
Jesus significa “Deus Salva”. Essa é, exatamente, a missão do Messias tão esperado. Maria, a escolhida para ser a mãe do Salvador, é habitante de um lugar onde se dizia: “Pode vir alguma coisa que preste de Nazaré?”.
Ao projeto de Deus Maria dá o seu sim: “Eis aqui a serva do Senhor, faça-se me mim segundo a tua Palavra” (1, 38). O anjo retira-se da presença de Maria e deixa com a responsabilidade de uma missão altamente desafiadora e magnifica.
A compreensão, o respeito, a devoção à Maria foi crescendo ao longo do tempo. A Igreja vai compreendendo que Maria não foi só Mãe de Jesus, mas também a Mãe de Deus (O Salvador) e a Mãe de todos nós.
O Dogma da Imaculada Conceição nos faz lembrar que o pecado é a demonstração que perdemos o caminho de Deus e que só em Jesus se pode achar o caminho de volta (cf. Jo 14, 6). Por isso, podemos dizer que fora de Jesus não há salvação (cf Atos 4, 12).
O Plano de Salvação (Plano de Amor) que passa pela Encarnação do Filho de Deus, faz de Maria uma “porta” para o Salvador entrar nesse mundo. Na História da Salvação ela é modelo dos redimidos, por isso o anjo lhe chama de “cheia de graça” (cf. Lc 1, 28b), isto é, cheia de Deus e não alguém que se perdeu do caminho da graça.
A liturgia da Igreja Católica celebra o Dogma da Imaculada Conceição de Maria, neste Tempo do Advento, para dizer que no Plano Divino de Salvação, Maria foi um “modelo” de discípula perfeita. Se Cristo é a Porta para o céu, Maria é a porta do Novo Mundo que acolhe o Salvador. É Porta para o Cristo (o Céu).
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