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Professor Titular aposentado do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
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Entre os dias 25 e 31 de outubro de 1998, estive em Macapá, capital do estado do Amapá, realizando fiscalização das atividades técnicas e comerciais prestadas pela concessionária Companhia de Eletricidade do Amapá (CEA), a serviço da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL).
Localizada às margens do Rio Amazonas, a história de Macapá está ligada à presença do Negro como elemento de defesa das fronteiras do Brasil Colônia na Região Norte.
Esta informação foi colhida durante uma conversa com militantes do Movimento Negro local que me convidaram para conhecer o Centro de Cultura Negra do Amapá.
Projetado e construído de forma integrada, o Centro de Cultura Negra do Amapá, localizado na Praça Lourenço Tavares, no Bairro do Laguinho, é um exemplo de parceria bem-sucedida entre Governo e o Movimento Negro, representado pela União dos Negros do Amapá (UMA).
Inaugurado em 5 de agosto de 1998, o Centro de Cultura Negra do Amapá é constituído por seis edificações que ocupam uma área de 7,2 mil metros quadrados, formando um complexo arquitetônico que se destaca do conjunto urbano circundante, pelas suas formas, emprego de materiais oriundos da região e pelas suas cores.
Durante a visita, ao percorrer as instalações, aproveitei para fotografar o prédio da administração, o anfiteatro, o auditório, espaços afro-religiosos e uma sala de múltiplo uso, constituindo-se num conjunto propício para abrigar as manifestações culturais, educacionais e religiosas ali realizadas.
Como não estava em Macapá a passeio, devido aos compromissos profissionais, não pude conhecer um dos principais pontos turísticos de Macapá: a Fortaleza de São José do Macapá, edificação erguida entre 1764 e 1782, pelas mãos dos negros, índios e escravos, cuja função, no passado, era garantir o domínio português no extremo Norte do Brasil. Mas deu para conhecer o Marco Zero do Equador e o Trapiche da Beira Rio.
Outra curiosidade relativa à presença do Negro no Amapá é o registro histórico de uma cidade do Marrocos, denominada Mazagão, que, por decisão do rei de Portugal, Dom José I, por volta de 1770, teria sido transferida da África para a região sul do Amapá, às margens do Rio Mutuacá. Por este motivo, a Mazagão amazônica é considerada, praticamente, o porto de entrada dos africanos negros no Amapá.
Na viagem de volta, durante a escala no aeroporto de Belém-PA, tive uma prova da vitalidade do Movimento Negro na região Norte do Brasil. Folheando um dos jornais local, li uma matéria sobre um curso de capacitação que o Conselho Municipal do Negro estaria promovendo entre os dias 3 e 4 de novembro de 1998, com o objetivo de estabelecer um debate sobre a legislação antirracista no país.
Segundo a citada matéria jornalística, o curso seria destinado, preferencialmente, às lideranças do Movimento Negro, alunos do curso de direito, advogados, policiais, assim como a qualquer pessoa interessada em se inteirar sobre o assunto.
Ao retornar a Campina Grande-PB, sugeri aos militantes do Movimento Negro local adaptar as ações concretas empreendidas pelos militantes de Macapá e de Belém, em particular no tocante ao estabelecimento de parcerias e articulações com os órgãos públicos municipal, estadual e federal.
Atenção: Os artigos publicados no ParaibaOnline expressam essencialmente os pensamentos, valores e conceitos de seus autores, não representando, necessariamente, a linha editorial do portal, mas como estímulo ao exercício da pluralidade de opiniões.
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