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Padre e psicólogo.
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A liturgia deste 4º Domingo da Quaresma nos brinda com textos belíssimos para nos fazer crer que Deus ama seu povo e lhe concede infinitas oportunidades de recomeçar a vida.
Na 1ª Leitura (Josué 5, 9a-10-12) escutamos que os israelitas, antes de abandonar o Egito, fizeram uma grande festa: PÁSCOA. Fizeram vigília durante toda a noite, comeram o cordeiro e, depois, ainda no escuro, puseram-se a caminho em direção da terra que Deus prometera aos seus pais. A leitura de hoje é a conclusão desta longa viagem.
A FESTA comemora que finalmente estavam livres. Então, começam os efeitos da liberdade dentro de um bom clima de justiça social: podem ter um pedaço de terra para cultivar (a gêneses da reforma agrária), viverão do sustento da agricultura e criação de gado (agricultura familiar), não se precisará mais do maná (desse fruto caído do céu), pois o direito ao trabalho dignificará a todos.
É fundamental observar que libertação sem justiça social não faz a festa da vida acontecer. O que significa para nós estarmos preocupados e gastando todas as nossas energias e criatividades em realizar tantas liturgias, juntar tantos jovens, adolescentes e casais dentro da igreja – para fazer festas – se não os ensinamos a lutar pela justiça social para todos, isto é, uma vida digna para todos. Tudo se torna um grande oba, oba que se transforma em ”o ópio do povo”. (Karl Marx). O REINO DE DEUS NÃO SE FAZ COM PÃO E CIRCO.
A 2ª LEITURA (2 Coríntios 5, 17-21), estabelece uma conexão entre a primeira leitura e o evangelho continuando a temática da libertação. Jesus, ao apresentar a face misericordiosa do Pai, age em função de liberta o povo dos seus pecados e garantir – Nele – a posse da vida eterna.
Essa libertação começa com a necessidade de uma nova mentalidade, uma nova atitude perante a vida, a reconciliação com Deus e com todas as criaturas. O v. 19 é centro da catequese quando diz que: “Em Cristo, Deus reconciliou o mundo consigo, não imputando a pessoa humana a sua falta”. E “dele somos embaixadores”, por nós Deus nos faz portadores dessa obra: “Deixa-vos reconciliar com Deus” (v. v. 20-21).
O final do v. 21 diz que “em Cristo somos todos justificados”. Ele não teve pecado, mas abraçou nossa causa e em si, nos redimiu. A salvação não é presunção de nossos méritos, excessos de devoções, sacrifícios, ofertas, mas é na vida de Cristo – no apogeu da Cruz e Ressurreição – que fomos salvos.
“Se alguém está em Cristo é nova criatura” (v.5). Este texto está em conexão com Ap 21, 5 que diz “aquele que está sentado no trono diz ‘eis que faço novas todas as coisas’”. A união com Cristo (Rm 6) se dá pelo fato de estar mergulhado em Cristo pelo batismo. O dinamismo de comunhão participa no Mistério Pascal de Cristo: morte e ressurreição.
O profeta Isaías ao se referir às coisas que Deus tinha feita no exílio, diz: “mas, não vos lembreis das coisas antigas, dos feitos do passado (…), estou fazendo coisas novas e já estão despontando. Não percebeis?” (43,18). Sem esquecer as maravilhas de Deus, olhemos para frente. Essas coisas extraordinárias não podem ser esquecidas.
A comunhão com Cristo já nos faz pessoas novas (cf Gl 8, 1) e aqui reside um princípio que muitas vezes os cristãos se esquecem: a Morte e Ressurreição de Cristo e a nossa comunhão com Ele já estabeleceu algo novo. ISSO NOS AJUDA A NÃO REDUZIR O CRISTIANISMO A UMA “RAZA MORAL” DE FAZER ALGUMAS COISINHAS, FICAR INDICANDO ALGUMAS RECEITINHAS MORAL E FICAR DIZENDO QUE: “CRISTÃO É AQUELE QUE FAZ ISSO OU QUE FAZ AQUILO”. (DITADO POPULAR). Meus Irmãos (ãs), Cristão é quem estÁ em comunhão com Cristo.
a Palavra da reconciliação veio do Pai, em Jesus Cristo, para nos sentir amigos de Deus e, depois, ser missionários da misericórdia de Deus. Em Jesus Cristo nos tornamos justiça de Deus (cf. 1Cor 1, 30). Em Jesus Cristo, a nossa relação com Deus está adequada, o olhar de Deus por nós está benévolo e de amizade. No tribunal da vida, Jesus fica ao lado da justiça, mas por gratuidade ele salva o pecador trazendo ele a um estilo de vida diferente: pessoas livres.
O evangelho PROPOSTO PARA ESTE DOMINGO (Lucas 15, 1-3. 11-32) É uma das páginas sublimes da Sagrada Escritura. Esta é a conhecida parábola do “filho pródigo” (o filho gastador) – contada aos Fariseus e Mestres da Lei – que se apropriando de “sua herança”, vai para o mundo viver numa vida de desmandos e cai numa situação de pecado: “Então caiu em si e disse: ‘quantos empregados de meu pai tem pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome. Vou-me embora , vou voltar para meu pai e dizer-lhe: Pai, pequei contra Deus e contra ti, JÁ NÃO MERECE SER CHAMADO DE TEU FILHO’” (v. v. 20-21).
A parábola diz que diante da situação do Filho o Pai perde até mesmo a compostura e corre (um ancião) e tomado por compaixão (entranhas de misericórdia) abraça o Filho. Em Oseias (2,21) o profeta fala desse amor e dessa misericórdia que comove a Deus diante da infidelidade de Israel. O Pai mostra atitudes intensas com gestos de acolhida.
O Filho recita: “Pequei contra Deus e contra ti, já não mereço ser chamado de teu Filho”. Mas, o Pai de imediato pede aos empregados que matem “o novinho gordo” – símbolo da festa da Páscoa – “que lhe tragam uma túnica nova, sandálias e anel, POIS ESTE MEU FILHO ESTAVA MORTE E TORNOU A VIVER”. O Pai reveste o Filho de dignidade. Ele é da familia. podemos dizer que naquela casa houve uma páscoa, pois o Filho tornou a viver.
Mas, há outro Filho (o mais velho) que não quer entrar nesta festa. Parece que a música, a dança, a comida e a bebida….tudo lhe ressoam como compactuar com coisas erradas, pecaminosas, coisas mundanas e pagãs. Ele se isola e fica no remorso. E é nessa hora que ele desabafa sobre o que ele pensa num rosário de mil queixas: “este teu filho gastou tudo com prostitutas e, agora, tu o acolhe e ainda faz festa”. (v. 29).
Este filho Velho é brabo e rancoroso. E a imagem da Antiga Aliança – representada ali pelos Fariseus e Mestres da Lei – que diz: “Eu já te sirvo a muitos anos e nunca me destes um novilho para comemorar com meus amigos”. É a velha guarda e ortodoxia de Israel que não se abriu ao novo e, ainda, se queixa de que o Senhor se abre aos pecadores. São tão duros e autoritários que se julgam donos da ação de Deus.
Os dois são filhos, mas o mais novo já não se reconhece mais assim e o outro mais velho o não aceita. O Pai vai à busca dos dois e tenta reconciliá-los (entre si e com Ele) para que a Páscoa, a libertação e a vida sejam celebradas.
Geralmente usamos este texto nas liturgias penitenciais para dar foco ao pecado, mas o foco real do evangelho é que todos somos Filhos do mesmo Pai e irmãos uns dos outros. Também descreve que as situações de pecado atingem a todos e que temos que nos converte e procurar o retorno da Casa do Senhor.
Boa semana!!
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