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Professor Titular aposentado do Departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG).
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Entre os dias 4 e 6 de junho de 1997, depois de apresentar o trabalho “Alternativas para a redução de perdas nos sistemas elétricos e na indústria” no XIX Seminário de Balanços Energéticos Globais e Utilidades, evento ocorrido na USIMINAS, em Belo Horizonte-MG, aproveitei para conhecer a siderúrgica ACESITA (atual Aperam), empresa situada em Timóteo-MG, a cerca de 200 km da capital mineira.
Como pesquisador, o interesse nessa visita foi conhecer o processo de fabricação dos aços ao silício para fins eletromagnéticos denominados aços de grãos orientados (GO) e aços de grãos não orientados (GNO). Os primeiros são usados nas chapas laminadas que compõem os núcleos de transformadores, e os segundos em circuitos magnéticos de máquinas elétricas rotativas de corrente alternada de pequeno, médio e grande porte.
Levando em conta o aumento da demanda por equipamentos elétricos industriais, comerciais e residenciais mais eficientes, que apresentem baixas perdas de energia sob campos magnéticos alternados, pesquisadores e fabricantes, no Brasil e no exterior, estabeleceram parcerias para que tais objetivos sejam alcançados.
Na geladeira residencial, por exemplo, depois de ligada, passa a funcionar dia e noite. Nesse caso, a redução das perdas no aço que faz parte do circuito magnético do compressor está diretamente relacionada à redução das perdas no eletrodoméstico e, por consequência, com a redução do valor a ser pago na fatura mensal de energia elétrica.
Nos sistemas elétricos, tanto os transformadores de grande porte nas subestações, quanto os de médios e pequenos portes instalados nos sistemas de distribuição, urbanos e rurais, estejam ou não alimentando cargas elétricas, apresentam perdas nos núcleos. Portanto, uma das opções para reduzir tais perdas consiste em empregar aços eletromagnéticos mais eficientes nas chapas dos núcleos desses equipamentos.
Assim, em busca da eficiência energética, na segunda metade do decênio de 1990, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), em parceria com um grupo de pesquisadores do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), conseguiu renovar o seu sistema produtivo de aços elétricos por meio de um projeto apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). Com isso, a CSN obteve produtos 30% mais eficientes.
Em 2016, prosseguindo na busca por aumento na eficiência, a Aperam concluiu um conjunto de melhorias em seus processos produtivos, o que permitiu o início da fabricação do aço elétrico de grão altamente orientado HGO (sigla da expressão inglesa “High Permeability Grain Oriented Steel”). Até então, os fabricantes brasileiros de transformadores importavam esse material do exterior, notadamente do Japão e da Rússia.
Em 2023, o cenário dos países produtores de aços em geral mudou com a entrada de novos “players”: a China, em primeiro lugar, produziu 1,025 bilhão de toneladas, mais de um terço da produção mundial; e a Índia, em segundo lugar, com uma produção de 120,7 milhões de toneladas; nessa classificação, o Brasil ocupa a nona posição, com uma produção em torno de 32,2 milhões de toneladas.
Conforme opiniões de especialistas apresentadas no informativo da “Asociación Latinamericana del Acero”, na Edição especial do Congresso Aço Brasil, publicado em agosto de 2024, o excesso de produção de aço na China e sua política de preços baseados em subsídios estatais têm causado preocupações macroeconômicas e geopolíticas no mercado latino-americano.
Para citar uma dessas preocupações, adaptei a frase de Paolo Rocca, Presidente do Grupo Techint: neste jogo, a China está ganhando e o Brasil perdendo.
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