Fechar
O que você procura?
Blogs e Colunas
Engenheiro Eletrônico, MBA em Software Business e Comércio Eletrônico, Diretor da Light Infocon Tecnologia S/A e Diretor de Relações Internacionais da BRAFIP – Associação Brasileira de Fomento à Inovação em Plataformas Tecnológicas.
Continua depois da publicidade
Nos dois principais conflitos atuais, a IA (Inteligência Artificial) deixou de ser “mero recurso experimental” para se tornar um elemento central nas operações militares, especialmente por aumentar e muito, a “velocidade” na tomada de decisões, fator primordial para o sucesso de uma operação militar.
Na guerra entre Rússia e Ucrânia e no embate entre Irã e Israel, o uso de tecnologias autônomas e assistidas por IA, tem redefinido estratégias e levantado intensos debates técnicos e éticos.
Atualmente, a “IA já não é apenas uma ferramenta auxiliar, mas um componente central na doutrina de muitas forças armadas”. Mas isso não começou agora. Desde os primórdios da informática, as forças armadas buscaram incorporar tecnologias ligadas a este segmento, para obter vantagens táticas e estratégicas.
Durante a Segunda Guerra Mundial, os militares dos Estados Unidos empregaram o ENIAC (Electronic Numerical Integrator and Computer – “Integrador Numérico Eletrônico e Computador”), “considerado o primeiro computador eletrônico de grande escala”.
Desenvolvido em 1943 e inicialmente utilizado para calcular trajetórias balísticas com maior rapidez e precisão, o ENIAC era capaz de realizar milhares de operações por segundo, algo revolucionário para a época.
Seu uso ajudou a acelerar cálculos complexos que antes levavam dias e até semanas, reforçando o papel da tecnologia no planejamento e na execução de operações militares.
Esse pioneirismo abriu caminho para o desenvolvimento de computadores cada vez mais avançados e para o uso estratégico da computação pelos militares.
A “Guerra Digital”: Como a IA “mudou”, radicalmente, a “forma” das Guerras atuais (II)
Com o avanço da IA, esse movimento ganhou velocidade, transformando o campo de batalha e a operação dos centros de comando e controle dos “oponentes”.
O uso militar da IA é hoje um dos pilares das doutrinas de defesa das médias e grandes potências. Entretanto, como colocado acima, sua trajetória também, começou há décadas.
Os primeiros experimentos com IA para uso militar datam do período da “Guerra Fria”. Nos anos 1960 e 1970, Estados Unidos e União Soviética investiram muito tempo e dinheiro, na criação de “sistemas de comando e controle” baseados em algoritmos simples, com o objetivo de gerenciar informações de radar, prever trajetórias de mísseis e otimizar a logística de seus exércitos e forças aéreas.
Na década de 1980, o desenvolvimento de “sistemas especialistas” (tipo de software que simula a tomada de decisão por humanos) começaram a ser aplicados na “defesa aérea e em simulações de combate”.
Nos anos 1990, a IA passou a ser utilizada pelos militares, na “análise de imagens de satélite e de fotografias tiradas por aeronaves de reconhecimento”; e em sistemas de defesa antiaérea, como o sistema antimíssil israelense “Iron Dome” (Domo de Ferro), que emprega IA para detectar e interceptar, mísseis e foguetes com rapidez e alta precisão.
Outra utilização que se “popularizou” foi no “planejamento logístico”, onde a IA otimiza rotas de suprimentos e o posicionamento de tropas.
A “Guerra Digital”: Como a IA “mudou”, radicalmente, a “forma” das guerras atuais (III)
No início deste século, as guerras no Iraque e no Afeganistão “impulsionaram” o uso de drones e robôs com autonomia limitada, usados principalmente para reconhecimento e limpeza de campos minados (robôs terrestres).
No presente, estamos vendo a utilização crescente de “drones armados para ataques de precisão (com IA ajudando a selecionar alvos e reduzir danos colaterais)”, por vários países dentre eles, os Estados Unidos e Israel.
Com a tecnologia avançando ainda mais, estes dois países, mais a China, a Ucrania e a Rússia, desenvolveram/aprimoraram “enxames de drones”, controlados por IA, capazes de operar “coletivamente” com uma mínima supervisão humana.
Já na chamada “Guerra Cibernética” (no “ambiente” da Internet), a IA é usada para detectar e neutralizar, ameaças digitais em redes militares ou civis, em tempo real, bem como fazer ataques.
Como por exemplo, o grande ataque cibernético da última terça-feira (17 de junho), ao Banco Serah, ligado ao governo do Irã, que paralisou totalmente as operações do banco. Mostrando claramente, a incapacidade dos iranianos em proteger suas empresas e instituições públicas deste tipo de operação.
Independente dos países que estão usando IA no campo de batalha, o avanço dessa tecnologia de forma desigual, pode aumentar a instabilidade entre as nações. Claro que no passado, outras “tecnologias bélicas” criaram essa instabilidade, mas não da forma veloz como estamos vendo hoje.
A “Guerra Digital”: Como a IA “mudou”, radicalmente, a “forma” das guerras atuais (IV)
Essa corrida por “superioridade tecnológica militar no campo da IA” está em pleno curso e o futuro aponta para o crescimento exponencial de sistemas militares autônomos, com “tomada de decisão algorítmica” em tempo real e o uso de IA para coordenação entre os domínios (terra, mar, ar, espaço e ciberespaço) do campo de batalha.
Neste momento, existe consenso entre analistas de que estamos na era do “laboratório de uso de IA nas guerras, em tempo real”.
O conflito na Ucrânia tem mostrado que a “autonomização total” (onde o exemplo de “enxames de drones interconectados, realizando missões coordenadas sem intervenção humana direta”, é o ponto culminante) é uma realidade.
Nos últimos dias no mais recente confronto no oriente médio, as Forças de Defesa de Israel, vem demonstrando estar na vanguarda do uso de IA “em combate”, incluindo a “seleção de alvos prioritários”.
Esse tema é tão importante que no mês de janeiro passado (segundo informações do “defensenews.com”, Portal da Internet especializado em temas militares), o Ministério da Defesa de Israel criou a “AI and Autonomy Administration” (em tradução livre: “Administração de IA e Autonomia”), órgão com o objetivo de financiar/unir/incentivar as FDI, Startups, academia e indústria israelense, em projetos de IA, para o segmento de defesa.
A medida visa manter a vantagem operacional que Israel tem no momento, na “guerra digital”, onde sistemas autônomos, vigilância inteligente e IA ofensiva/defensiva, se tornaram imprescindíveis para se travar as “Guerras Digitais do Século XXI”.
Tudo leva a crer que este “modelo” israelense “tende a inspirar” outras forças armadas, pelo mundo.
Atenção: Os artigos publicados no ParaibaOnline expressam essencialmente os pensamentos, valores e conceitos de seus autores, não representando, necessariamente, a linha editorial do portal, mas como estímulo ao exercício da pluralidade de opiniões.
Continua depois da publicidade
© 2003 - 2025 - ParaibaOnline - Rainha Publicidade e Propaganda Ltda - Todos os direitos reservados.