Fechar
O que você procura?
Blogs e Colunas
Jornalista, Pós-Graduada em Comunicação Educacional, Gerente de Negócios das marcas Natura e Avon.
Continua depois da publicidade
A natureza, sábia e constante em sua impermanência, nos oferece lições poderosas sobre mudança, renascimento e coragem. A cada estação, ela se transforma. O outono não resiste à queda das folhas. Ele entende que para florescer na primavera, é preciso primeiro deixar ir. O inverno, com seu silêncio gélido, não representa morte, mas repouso: é o tempo necessário para que as raízes se fortaleçam, escondidas sob a terra, preparando o espetáculo da renovação.
Animais também nos ensinam sobre a coragem de se desfazer do velho para permitir o novo. Serpentes trocam de pele, caranguejos abandonam suas carapaças, até mesmo os ursos se recolhem em longos períodos de hibernação. Mas entre todos, talvez nenhum exemplo seja tão visceral quanto o da águia.
Quando completa 40 anos, a águia enfrenta uma escolha brutal: morrer ou se renovar. Seu bico está curvado e inútil, as garras enfraquecidas, retorcidas, não agarram mais nada, as penas pesadas a impedem de voar. Então ela se refugia no alto de um penhasco, em um local inacessível, onde estará isolada e vulnerável. Lá, inicia um processo doloroso: arranca suas penas, solta as garras, quebra o próprio bico contra a rocha. Sozinha, faminta e exposta ao frio, ela confia que tudo se renovará. E quando, após meses, o novo bico, as novas garras e as novas penas crescem, ela se levanta em um voo magnifico, livre, renovada e pronta para viver mais 40 anos.
Esse é o chamado da vida para todos nós. Em algum momento, teremos que olhar para dentro e reconhecer o que precisa ser deixado para trás: velhos hábitos, crenças que nos limitam, relacionamentos que pesam, zonas de conforto que nos mantêm pequenos. Renovar-se exige dor, silêncio, paciência. Mas acima de tudo, exige coragem.
Coragem para abrir mão daquilo que já não serve mais. Coragem para encarar o desconforto do processo. Coragem para confiar que, mesmo despidos de tudo, renasceremos mais fortes, mais inteiros e mais livres.
Assim como a águia, quando o peso da vida impedir o voo, talvez seja hora de subir ao nosso próprio penhasco, aquele lugar interno onde o barulho do mundo não nos alcança, e fazer o difícil, porém necessário ato de nos despir de tudo o que não somos mais.
Porque crescer, muitas vezes, não é adicionar. É arrancar. É desapegar. É se reinventar.
E quando enfim estivermos prontos, não voaremos como antes; voaremos mais alto. E com mais propósito.
Renovar-se não é esquecer o que fomos, mas abraçar com coragem tudo o que ainda podemos ser.
Atenção: Os artigos publicados no ParaibaOnline expressam essencialmente os pensamentos, valores e conceitos de seus autores, não representando, necessariamente, a linha editorial do portal, mas como estímulo ao exercício da pluralidade de opiniões.
Continua depois da publicidade
© 2003 - 2025 - ParaibaOnline - Rainha Publicidade e Propaganda Ltda - Todos os direitos reservados.