A alegria não envelhece!

Neste tempo de Advento, estamos imersos no Jubileu da Esperança, um convite para renovar nossa confiança em Deus, que, em sua infinita misericórdia, vem ao nosso encontro. O Natal se aproxima, e com ele, o anúncio de uma esperança que não decepciona.

O Jubileu é o tempo de lembrar que a verdadeira esperança não está nas coisas passageiras, mas na vinda de Cristo, o Salvador do mundo. Ele Se faz Menino, revela-se em humildade, e nos oferece a possibilidade de uma nova vida. Como dizia São João Paulo II, “o Jubileu é um tempo privilegiado para abrir o coração à esperança e renovar o espírito de espera em Cristo, que vem para salvar.”

À medida que a cidade se enche de luzes e as crianças são novamente encantadas pela história do amor de Deus pela humanidade, ainda estamos no Advento, o tempo de preparação e espera. Neste domingo celebramos o Domingo da Alegria. Não uma alegria superficial ou efêmera, mas aquela que nasce da certeza de que pertencemos ao Deus verdadeiro, o Deus que Se aproxima de nós para nos salvar. O Deus que assumiu o rosto frágil de uma criança para desconcertar os poderosos.

A cada dia somos lançados em uma cultura marcada pela chamada “pós-religião”, na qual Deus vai sendo discretamente deslocado da vida cotidiana. De muitos lados tenta-se afirmar que Deus é uma ideia ultrapassada, e isso se expressa também pela tentativa de silenciar a fé no espaço público.

O que fazer diante desse cenário? Preservar o diálogo respeitoso, acolher quem pensa ou crê de maneira diferente e conviver com aqueles que professam o ateísmo com sinceridade.

No entanto, não podemos permitir que, sob o pretexto de um pluralismo distorcido, se menospreze a fé e a alegria dos que creem em Jesus Cristo. São João Paulo II nos recordava que o cristão não deve temer testemunhar sua fé com humilde coragem, pois “o mundo precisa mais de testemunhas do que de mestres”.

Este tempo de preparação para o Natal também é um convite à revisão pessoal: como cristãos, será que nossa vida realmente anuncia a primazia de Deus? A fonte de nossa alegria é Cristo ou estamos aderindo, sem perceber, a essa cultura que descarta Deus e coloca necessidades passageiras no centro de tudo?

São perguntas que precisam ser encaradas por quem deseja anunciar somente Jesus. Recordando ainda São João Paulo II, Advento é também tempo de conversão: “um renovar interior que prepara o coração para acolher Cristo, que vem sempre de modo novo.”

Neste tempo de espera e esperança, o amor que brota da manjedoura de Belém se torna a resposta para os medos e incertezas que carregamos. O Deus que Se faz Menino ilumina nossas sombras e sustenta nossa confiança. O Advento nos conduz ao encontro desse Deus que Se fez criança para nos oferecer uma alegria que não envelhece.

Precisamos pedir a graça de nos deixar tocar novamente pela simplicidade do presépio, que revela o quanto somos amados. Como recorda o Papa Francisco, contemplar o presépio significa “deixar que a ternura de Deus toque o nosso coração”, pois é ali que descobrimos o Deus que escolhe a humildade para transformar o mundo.

Ainda que a cultura se paganize, permanecemos firmes, sustentados pelas palavras do Papa Francisco: “A alegria do Evangelho enche o coração e a vida inteira daqueles que se encontram com Jesus (…). Com Cristo, a alegria renasce continuamente”.

O presépio que apresentamos ao mundo não é um conjunto de imagens desgastadas pelo tempo nem uma mensagem repetitiva destinada a doutrinar, como afirmam seus críticos. Ele anuncia um amor com rosto concreto: o Deus verdadeiro que desceu do céu para estar com os pecadores. Esse rosto é Jesus!

Que Nossa Senhora, Mãe da fé e da esperança, nos conduza ao longo deste Advento. Que, iluminados por seu olhar, nossas atitudes se fortaleçam para testemunhar que Deus não é uma memória de tempos antigos nem uma crença superada pelo progresso científico. Ele é o fundamento vivo de quem crê, e dessa certeza brota uma imensa e insuperável alegria que nada nem ninguém pode roubar.