Sob ´as barbas´ do chefe

No Palácio

O senador Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) esteve reunido ontem com o presidente Lula, que foi presenteado com um quadro do artista paraibano Júnior Diniz.

A entrega teve o testemunho do irmão do senador, o ministro Vital do Rêgo Filho, presidente do Tribunal de Contas da União.

“Cenário”

Noutro momento da audiência, conforme relato de Veneziano, “tivemos também a oportunidade de dialogar sobre o cenário político nacional e estadual, além de renovar antecipadamente meu agradecimento ao presidente pelo apoio e confiança na nossa reeleição em 2026”.

Garimpo

Foi contundente o Editorial publicado nesta quinta-feira pelo centenário jornal O Estado de São Paulo sobre os acontecimentos recentes no âmbito da Câmara Federal.

Seguem alguns trechos da publicação – ´recortes´ na linguagem das redes sociais.

Vergonhoso

“A Câmara escreveu uma das páginas mais vergonhosas de sua história ao aprovar a chamada PEC da Blindagem. Como se sabe, pretende-se tornar deputados e senadores praticamente inimputáveis ao impedir que sejam investigados, processados e até presos em flagrante por crime inafiançável sem que para tanto haja licença prévia de suas respectivas Casas Legislativas.

Precedente

“Há poucos dias, o Estadão revelou que entre 1988 e 2001, período em que a licença prévia vigorou no País, só uma mísera vez o Congresso autorizou que um de seus membros fosse investigado pelos crimes de que foi acusado. O que reinou foi o espírito de corpo, quando não o compadrio.

´Soco´ na sociedade

“Não satisfeitos em esbofetear a sociedade legislando escancaradamente em causa própria, mais de 340 deputados ainda violentaram a Constituição em seu princípio mais elementar – a igualdade de todos perante a lei. Até para os padrões desta legislatura é espantosa a desfaçatez com que a Câmara traiu sua missão de ser ´a tribuna onde a Nação fala´, para lembrar Ruy Barbosa, um gigante do Parlamento brasileiro.

“Da Impunidade”

“A PEC da Blindagem, que bem poderia ser chamada de PEC da Impunidade, deve ser vista como um ataque frontal à democracia representativa. Se promulgada, estará criado o ambiente no qual bandidos poderão ficar impunes apenas porque lograram obter um mandato eletivo.

“Anão”

“O presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), um anão diante da grandeza institucional do seu cargo, abusou da má-fé e afrontou a inteligência alheia em seu discurso em defesa da PEC da Blindagem.

“Lorota”

“Em tom solene que mal escondia a desfaçatez, Motta ignorou a história da Nova República e distorceu o contexto da Assembleia Nacional Constituinte disseminando a lorota de que a Casa, ora vejam, só estaria restaurando o texto original da Carta de 1988.

Contexto

“É preciso recordar, então, que o dispositivo da licença prévia, àquela época, era a resposta idealizada a um momento da vida nacional totalmente distinto. O Brasil mal havia saído de uma ditadura militar. Os constituintes originários buscavam proteger o mandato parlamentar de eventuais arbitrariedades em uma transição de regime ainda em andamento.

A realidade hoje é completamente diferente.

“Rapinagem”

“Parlamentares já têm assegurada pela Lei Maior a inviolabilidade civil e penal por suas opiniões, palavras e votos. Ademais, há quase 40 anos, o País não estava assolado pela infiltração de organizações criminosas de caráter mafioso no sistema político nem tampouco pela rapinagem de recursos bilionários do Orçamento por meio de emendas parlamentares – é contra a investigação desses desvios que os deputados querem se proteger.

“Convite”

“Como se nada disso bastasse, a PEC da Blindagem ainda é um convite para que membros de facções como o PCC e o Comando Vermelho entrem no Congresso pela porta da frente. Se antes as organizações criminosas já exploravam o mandato de maus parlamentares como espécie de casamata em defesa de seus interesses no Legislativo, agora têm o incentivo adicional para financiar candidaturas de seus próprios gângsteres e, assim, blindá-los do alcance da lei sem intermediários.

“Fomento”

“O que a Câmara aprovou, portanto, foi um programa de fomento à criminalidade política no País.

Resgate da decência

“Agora resta torcer para que o Senado se erga como o adulto na sala desta república tão maltratada e enterre de vez a ignomínia que passou na Câmara, resgatando alguma aura de decência para o Congresso perante a opinião pública.

“Delinquência”

“A democracia brasileira estará novamente sob risco se a Casa Alta for cúmplice de uma delinquência política, nada menos”.

Mudanças…

A Comissão de Constituição e Justiça do Senado concluiu a votação do segundo projeto de regulamentação da reforma tributária.

… Procedidas

O relator da matéria, senador Eduardo Braga (MDB-AM), acatou sugestões de mudanças feitas pelos colegas, como a que limita a incidência do ´imposto do pecado´ sobre bebidas açucaradas, como refrigerantes.

Acréscimo

Conforme o ´Estadão´, também foi aprovado o aumento da renúncia fiscal para pessoas com deficiência adquirirem veículos.

Socialistas

Além das páginas vergonhosas que a Câmara Federal tem escrito nos últimos dias, aqui na Paraíba a semana é marcada por uma peleja travada entre o secretário de Administração do Estado (e secretário estadual do PSB), Tibério Limeira, com o vice-prefeito pessoense Léo Bezerra (PSB) e o seu pai, deputado estadual Hervázio Bezerra.

Por ´um fio´

Trata-se de uma situação limítrofe entre discussão política e desarranjo de natureza pessoal, desencadeada pelo afastamento de Cícero Lucena do PP e, por conseguinte, da base aliada, com a quase imediata cobrança de Tibério para que o vice-prefeito pessoense decida logo se vai obedecer as decisões do PSB ou ficar com o prefeito ´desertor´.

Microfone

É oportuno resgatar cronologicamente os fatos mais recentes, começando por uma entrevista de Tibério à rede Pop de rádio (programa Hora H).

Sem ´meia sola´

“Para mim projeto é uma palavra inteira, não é pela metade. Projeto não é só apoiar João Azevedo para o Senado; é seguir integralmente o projeto liderado pelo governador, que tem candidato a governador e dois candidatos a senador.

“Não se sustenta”

“Eu não creio em projeto pela metade, até porque ele não se sustenta na prática (…) Quem está pela metade, não sei se vai valer a pena esse voto.

Obediência

“Qualquer filiado ou dirigente do PSB precisa seguir o projeto do PSB, seja ele com candidatura própria ou não.

´De corpo inteiro´

“O que a gente espera é que ele (Léo) esteja integral do projeto apoiado pelo partido.

Sair do ´muro´

“Diante dessa realidade, sinceramente, acho não dá para servir a dois senhores. Tem que se fazer uma escolha. É claro que é ele (Léo) que tem que fazer essa escolha. O PSB já fez a sua escolha!”

Maléfica

Segundo Tibério, a dubiedade de Léo “claro que atrapalha” a própria candidatura de João ao Senado, “como também atrapalha o projeto de continuidade da transformação da Paraíba”.

Réplica

Em tom enfático, Hervázio ocupou, anteontem, a tribuna da Assembleia Legislativa para responder ao secretário de João Azevedo. Confira.

Estilos

“O temperamento de Léo é totalmente diferente do meu. Ele não agride ninguém, não fala de ninguém. É um cara altamente pacífico.

“Não se faz”

“Léo tem me pedido muito para eu não falar, mas pai é pai, mãe é mãe. O que estão querendo fazer com Léo não se faz, pelo temperamento dele, pelo homem que é Léo.

“Não deu causa”

“Léo não deu causa à pré-candidatura de Cicero. Ele não podia nem se manifestar, porque Cicero mesmo iria imaginar que Léo estaria querendo puxar o tapete dele para assumir a prefeitura. E isso não é verdade. Léo só orgulho nos dá.

“Não é idiota”

“Mas isso não significa dizer que ele (Léo) é besta, que ele é idiota. E tudo na vida tem limite! Não provoquem! Eu sou pai e não vou admitir! Batam em mim, mas não batam no meu filho!

Imerecido

“Ele (Léo) não merece o que estão fazendo com ele. E eu não posso silenciar.

“Estou aguentando”

“Por mim, eu já faria outro tipo de debate aqui, mas estou me aguentando a pedido de Léo.

“Do pescoço pra baixo…”

“Peço apenas respeito à postura e à trajetória de Léo. Não provoquem, porque bater nele estará batendo em mim. Dói em mim, e comigo o nó é mais embaixo. Do pescoço pra baixo, é canela! Mas não quero chegar a esse ponto, de modo algum. Quem quiser colocar a carapuça, que coloque.

Alerta

“Tudo na vida tem limite, inclusive a minha paciência.

Gratidão

“Léo deve a sua indicação para vice de Cicero ao governador. E também a João a sua recondução para disputar a vice.

Correção

“O governador foi extremamente correto, e eu agradeço enquanto pai. Eu não tenho como pagar ao governador esse seu gesto.

Revide

“Léo, pelo temperamento que ele tem, sofre muito. A minha reação é de ir pra mim. Em mim, se der um coice, eu dou três. Mas sou um cara atencioso. Repito: se bater em Léo, bate mim. O toque que der nele, é mesmo que dar um tapa na minha cara, e eu vou revidar”.

“Respeito”

No dia de ontem, a troca de farpas ocorreu na ´Arapuan FM´. Inicialmente leia o que disse Hervázio: “Pela nossa vida, pela nossa história, a minha e a de Léo, nós merecemos uma palavra chamada respeito.

Sem colisão

“Nós temos que respeitar as opções e as decisões que Tibério venha a tomar, e ele tem que respeitar as nossas, até porque o projeto político de João não se conflita, em momento algum, com projeto político de Cícero.

Não existe “compromisso”

“Eu não assumi compromisso nenhum com Aguinaldo (Ribeiro). Eu nunca nem sentei para discutir política com Aguinaldo. Eu tenho compromisso com João. Esse eu tenho e vou honrar. O voto de João, se ele quiser, obviamente, será igual ao meu.

Sem ´liga´

“Eu não tenho maiores compromissos com Aguinaldo nem com o grupo Ribeiro, muito embora eu tenha votado, e sempre declarei isso, em Daniella Ribeiro.

Decisão tomada

“Não tenho nada contra Aguinaldo, não tenho absolutamente nada contra Daniella, e nada contra a respeito de Lucas. Mas a vida nos impõe condições, e a política também, para que nós venhamos a tomar decisões. E a minha está tomada e já faz tempo que eu tomei.

Recado final

“Tibério tem que respeitar a nossa vida, a nossa história, e não fazer cobranças. Cada um segue o seu rumo em paz, escolhendo o melhor caminho”.

Sem trégua

Tibério Limeira reagiu no mesmo tom e prometeu não hesitar na discussão acerca das posturas de Léo e Hervázio no debate eleitoral que se avizinha.

Sem recuo

“Esse debate é político, e não pessoal. Mas fiz e CONTINUAREI fazendo um debate de ideia, de construção de tese; um debate político como dirigente partidário, que sou.

Deixar de ser ´tutor´

“Eu acho também importante o deputado deixar o vice-prefeito Léo Bezerra falar por ele mesmo. Afinal de contas, ele já tem tamanho político para fazer esse debate de maneira bastante madura, tranquila, sem nenhum tipo de agressividade.

Projeto partidário

“Eu continuo defendendo o que eu sempre defendi: o PSB terá um projeto em 2026, isso já está anunciado pelo governador. Nós apoiaremos o vice-governador Lucas Ribeiro como o nosso candidato a governador, assim como João Azevedo será candidato a senador nessa chapa também.

“Chegou a hora!”

“Quem é dirigente partidário, quem é filiado ao partido, precisa estar no projeto. Chegou a hora! E cada um que faça a sua escolha. Isso é natural.

Discordância

“Eu não concordo com a tese de que não são projetos conflitantes. A candidatura do prefeito Cícero Lucena vai estar num palanque adversário ao projeto onde o PSB estará.

Cobrança

“Em relação ao PSB, nós VAMOS COBRAR apoio integral ao nosso projeto, isso é natural. Isso não é na Paraíba só não.

Só começando

“O debate sobre 2026 está começando (…) Eu, pessoalmente, não vou me deixar INTIMIDAR por qualquer que seja o ataque que eu venha a sofrer”.

Dúvidas no ar

Remanescem dúvidas. Primeira delas: Tibério teria sido tão ´voluntarioso´ nessa briga pública com Hervázio caso não tivesse o tácito aval e/ou concordância do governador?

A outra: por que, na condição de governador e de presidente estadual do PSB, João Azevedo tem silenciado e assistido ´de camarote´ essa contenda, sem chamar o feito à ordem?

Cícero Lucena vai terminar acrescentando ´mais quilômetros´ em sua caminhada na Espanha…