Oposição ´apaga as velinhas´ ao lado de Adriano

´Evoé´

Quando os ponteiros se encontraram para marcar o meio dia do último sábado, foi deflagrada a festa comemorativa dos 65 anos do deputado e presidente na Assembleia Legislativa, Adriano Galdino, na casa de shows tradicionalmente chamada de ´Vale do Jatobá´, nos arredores de Campina Grande, atualmente denominada de ´Cidade São João´.

Recepção

Uma fila interminável de pessoas adentrava no recinto – a direção do local estimou em 6 mil pessoas presentes –, sendo acomodadas nas mesas por cidades.

Em telões, faixas e outros tipos de recursos visuais era estampado o nome do aniversariante de forma suprapartidária.

Em casa

Simultaneamente, em seu apartamento campinense no bairro do Mirante, Adriano recepcionava o senador Veneziano Vital (MDB), o ex-senador Cássio Cunha Lima e os deputados Wilson Santiago (pai e filho) e Ruy Carneiro.

Alvoroço

A fila de carros estacionados e querendo chegar ao local do evento tumultuou o trânsito numa estreita estrada de terra batida (em sua parte final de chegada ao ´Vale do Jatobá´).

Os veículos parados recebiam um adesivo genérico e ao mesmo tempo enigmático: ´Vamos pra luta´.

Juntos

Cícero Lucena (sem partido-JP) chegou ao local da festa na companhia do senador Veneziano Vital.

Postura comum

O prefeito recordou que ele e Adriano Galdino partilhavam, no grupo político do qual participavam (Adriano permanece), do entendimento de que o povo deveria balizar as decisões, por intermédio de pesquisas.

“Imposição”

“No meu caso, no meu partido, não foi estabelecido critério. Pelo contrário, houve uma imposição. Então, não cabia a mim nada diferente do que ouvir a voz das ruas, dos eleitores. E assim fiz. E estou construindo um projeto voltando para o MDB, buscando outros aliados”, comentou o prefeito.

“Amadurecendo”

Instado a falar sobre as conversações para contar com o apoio do grupo Cunha Lima, Cícero disse que “estamos avançando, discutindo como pode acontecer essa possível união. Está amadurecendo. Isso não é um assunto, pela sua relevância, que se resolva numa reunião”.

“Bem próximos”

O prefeito se permitiu uma exemplificação: “Se for Romero (Rodrigues, deputado) que venha a ser o nosso vice, quem vai ser o candidato a deputado federal no lugar dele? É esse tipo de construção que faz parte do debate”.

“Mas estamos bem próximos de uma solução para o bem da Paraíba”, emendou.

Construção serrana

Lucena admitiu, noutro momento, que “estou construindo o projeto” de ter o seu companheiro de chapa (vice) de Campina Grande: “A cidade não pode ficar de fora de uma chapa majoritária, embora contemos com a candidatura à reeleição do senador Veneziano”.

Diferencial

“E temos uma vantagem: nós temos bons nomes em Campina, que podem enriquecer as nossas propostas, os debates da campanha e, principalmente, o plano de governo”.

“Testado”

Ao chegar à festa, Romero derivou sobre o tema eleição para governador e disse que tem acompanhado apenas pela imprensa a cogitação de seu nome para ser o vice de Cícero.

Ele registrou que o prefeito pessoense “é testado administrativamente, e isso ajuda”.

“Virada”

O deputado rotulou 2026 como “o ano de virada de chave, de ganharmos as eleições” no âmbito das oposições.

“Coerência”

Romero foi assertivo quanto ao apoio a Veneziano: “Por uma questão de coerência com a minha cidade (Campina)”, citando a aproximação que começou com o apoio do senador a Pedro Cunha Lima na disputa pelo cargo de governador em 2022.

Merecimento

“Além do mais, Veneziano tem ajudado Campina e o Estado, e a gente reconhece isso. Ele merece ter o seu mandato renovado”, acrescentou Romero.

Atraso

Adriano Galdino demorou a chegar porque teve que optar por estradas vicinais alternativas para chegar ao ´Vale do Jatobá, por conta do congestionamento alongado na rota convencional.

“Todos amigos”

Diante do ´mosaico´ político-eleitoral presente à sua festa, Galdino pontificou que “eu sempre soube fazer amigos”.

“Aqui não tem antagônicos, todos são meus amigos, estamos aqui para celebrar a vida”, asseverou.

Visita

Sobre o encontro de minutos antes com Cássio, Adriano explicou que haveria no mesmo dia uma comemoração dos 90 anos da mãe dele (Glória Cunha Lima), razão pela qual CCL foi “apenas me dar um abraço” e não compareceria à festa.

“Sempre presente”

“Eu fiquei muito feliz com a visita de Cássio. Lembramos de Ronaldo Cunha Lima, que pra mim é um político de referência, de quem tenho saudades eternas. Conversamos apenas amenidades”, relatou Adriano.

“A família Cunha Lima sempre esteve presente na minha caminhada política”, adendou.

Cenário

As imagens da chegada de Adriano ao salão de festas – e no discurso de agradecimento que fez já no palco – foram permeadas pelas presenças de Cícero, Veneziano e Romero.

Acolhida

O discurso de Galdino foi predominantemente apascentador para os correligionários que lá estavam, sem qualquer sinalização de natureza eleitoral.

“Transbordando”

“Hoje aqui não tem nada de política (…) Cada um de vocês tem uma história comigo”, discursou Adriano, para emendar: “Estou realmente transbordando de alegria e de satisfação”.

“Cada vez mais”

Mais adiante, o aniversariante afirmou que “cada vez mais eu estou confiante de que Deus me reservou um propósito. E esse propósito tem sido o de dar o meu melhor para fazer uma Paraíba melhor e mais justa para todos”.

Sem surpresas

“Quem estava imaginando que a minha fala hoje iria trazer um tempero político, não vai acontecer”, salientou Galdino.

Interação

Após essa parte mais solene da comemoração, as lideranças oposicionistas deixaram o local, enquanto Adriano desfilava pelas mesas alternando abraços, cumprimentos e poses para fotos.

´Ponto morto´

Nesse horário, quem transitasse pela avenida Manoel Tavares, bairro do Alto Branco e via de acesso ao ´Vale do Jatobá´, observaria uma comitiva do grupo governista na Paraíba em compasso de espera.

Ao cair da tarde

O relógio já rondava as 17 horas, com mais da metade do público já tendo deixado o recinto, quando chegaram ao local o vice-governador em exercício, Lucas Ribeiro, o deputado Hugo Motta, presidente do Republicanos na Paraíba, o prefeito de Patos, Nabor Wanderley, deputados estaduais e vereadores campinenses aliados.

Sem passar…

Evidentemente sabedor de quem Adriano recepcionara instantes antes, Hugo optou por reagir olimpicamente: “Nós conhecemos a história de Adriano e admiramos a sua atuação política. Para mim, enquanto presidente do Republicanos, é uma alegria poder contar com Adriano nos quadros do partido”.

… Recibo

Em seguida, Motta disse que “cada um é senhor de suas decisões. Nós estamos aqui para defender aquilo que a gente acredita que é o melhor para a política do Estado. E quem tem projeto, quem tem compromisso com a Paraíba é esse agrupamento que tanto tem feito pelo nosso Estado. Aqui está o grupo que representa a continuidade desse projeto que tem feito tão bem ao nosso Estado”.

“Tem direito”

Sobre a pré-candidatura de Adriano a governador, Motta disse que “trabalho pela unidade no partido. Adriano tem todo o direito e legitimidade para colocar o seu nome para disputar qualquer cargo no Estado, por sua história e tamanho político”.

Defesa

“O nosso trabalho interno é construir essa unidade e defender um projeto que eu, Adriano e todos os companheiros do Republicanos têm ajudado a construir, que é o governo de João Azevedo”, completou o deputado.

“Totalmente”

Lucas esclareceu que o retardamento decorreu da demora na chegada “de alguns companheiros” que desejavam um deslocamento em comitiva para a festa de Adriano.

O vice disse acreditar “totalmente” no apoio consensual do Republicanos à sua candidatura a governador no próximo ano.

Sem defecções

Quanto ao apoio do aniversariante Adriano, ainda pré-candidato a governador, Lucas Ribeiro afirmou que “vai estar todo mundo nesse projeto. Abraçados e unidos, estamos buscando essa unidade”.

Brevidade

A comitiva de Lucas e Hugo ficou em torno de meia hora interagindo com Adriano e os seus convidados, depois deixou o local.

Contemplação

De forma perceptível, as reações dos convidados de Adrano Galdino poderiam ser classificadas em dois grupos.

Num deles, os políticos presentes, que atestavam o quão está aberto e indefinido o processo eleitoral que se avizinha.

Incredulidade

Outro grupo era dos familiares desses agentes políticos, que observaram Cícero, Veneziano, Romero, Hugo Motta e Lucas Ribeiro na mesma festa e moldavam uma fisionomia tipo ´não estou entendendo nada´.

Inexistem convicções arraigadas

Na verdade, é difícil de entender e fácil de explicar: em tempos recentes na Paraíba (e no Brasil como um todo) os binômios situação X oposição, esquerda X direita, conservador X progressista, entre outros, todos se quedaram à conveniência de cada pleito ou ao pragmatismo de resultados.

Como cantava o compositor Cazuza, “ideologia, eu quero uma pra viver”.

Enquanto isso, João Azevedo viaja…