Arimatéa Souza

O ´vale´ das traições

Arimatéa Souza
Publicado em 11 de outubro de 2025 às 0:05

coluna aparte

Foto: Leonardo Silva

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Postergação

O jornal Folha de São Paulo noticiou que o deputado paraibano Hugo Motta (Republicanos), presidente da Câmara Federal, manteve até esta semana uma funcionária considerada ´fantasma´ em seu gabinete, apesar de o fato ter sido denunciado desde julho último pela mesma publicação.

Sem imposição

Presidente do Republicanos na Paraíba, Hugo Motta disse ontem em João Pessoa que não houve a fixação de um prazo para que os filiados entreguem os cargos que ocupam na estrutura da Prefeitura Municipal da Capital.

Indireta?

Motta comentou que no Republicanos, “não é um partido que tem a vontade de uma pessoa ou de uma família imperando sobre aquilo que o partido deve fazer”.

Desmentido

Hugo negou que esteja em conversações para ´atrair´ o deputado federal Gervásio Maia (PSB) e o presidente do PSB em Campina Grande, Jhony Bezerra, para o REP.

Atração ´gente de fora´

“Nós temos procurando conversar com lideranças de outros partidos que não estão na aliança que nós fazemos parte. Não há como termos sucesso se partirmos para fazer a autofagia”, argumentou Hugo.

O ´terceiro´ senador

O prefeito pessoense Cícero Lucena (sem partido) tem declarado renovadamente a sua intenção de votar para o Senado em Veneziano Vital (MDB) e no governador João Azevedo (PSB).

No dia de ontem, Cícero admitiu que fez uma sondagem ao padre Fabricio para que ele disputasse o Senado.

Agenda

Cicero sinalizou que a sua filiação ao MDB está prevista para a última semana de outubro (dia 30).

“Pra mim será uma honra muito grande a gente concluir essa conversa com o MDB”, assinalou.

Resgate

Convenhamos que não é um acontecimento trivial um ministro abreviar a sua permanência na principal Corte do país.

Mas foi o que ocorreu, anteontem, com Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal.

Momento histórico

Barroso é um professor consagrado, um jurista abalizado e um festejado intelectual.

Vale a pena recolher trechos de dois momentos marcantes de sua despedida do Plenário do STF: a saudação do presidente, ministro Edson Fachin, e o discurso de despedida do próprio Barroso. É o que segue.

Presidente

Fachin: “Advirto, de início, que as palavras serão insuficientes porque os efeitos profundos que sua atuação deixará perdurarão ainda por muitas gerações. Que elas sirvam, portanto, de convite aos que quiserem se debruçar sobre sua notável contribuição.

“Teses”

“A jurisdição constitucional foi verdadeiro motor de indução de melhorias da nossa sociedade, graças em grande parte ao brilhantismo das teses suscitadas da tribuna por Vossa Excelência.

“Guardião”

“Ao ingressar no Supremo Tribunal Federal em 2013, Vossa Excelência trouxe consigo não apenas vasta erudição, mas manteve esse mesmo compromisso genuíno com a transformação social através do Direito. Sua atuação sempre transcendeu os limites do tecnicismo jurídico para abraçar a responsabilidade maior de um guardião dos valores republicanos.

Legados

“O Exame Nacional da Magistratura e as ações afirmativas para ampliar a presença de mulheres e de juízes negros na magistratura são conquistas que transformarão o perfil do Judiciário brasileiro nas próximas gerações.

“Ninguém é bom sozinho”

“Vossa Excelência nos recordou que ninguém nessa vida é bom sozinho. É o outro, na sua diferença, que nos completa. Essa compreensão da alteridade permeia toda a sua atuação jurisdicional e nos ensina a nunca formar uma opinião sem antes ouvir os dois lados – tradução prática do contraditório e do devido processo legal.

Inspiração

“Que sua trajetória continue inspirando gerações de juristas a amar o Direito com ideal, a defender a democracia com coragem, e a buscar a justiça com determinação.

Compartilhamento

“Não farei aqui a memória de tudo o que passamos juntos, porque sinceramente desejo que nossa amizade, anterior a este nosso estágio no Tribunal, continue duplicando nossas alegrias e dividindo as tristezas.

“Generosidade”

“Carregarei para sempre comigo o abraço que nos demos antes ainda de sua vinda para o Tribunal como lembrança da generosidade da vida que teima em nos carregar adiante. A generosidade que só aparece para quem a ama sem esperar nada troca”.

Último pronunciamento

Barroso: “A vida me proporcionou a bênção de poder servir ao país, retribuindo o muito que recebi, sem ter qualquer interesse que não fosse fazer o que é certo, justo e legítimo para termos um país maior e melhor.

“Melhor de mim”

“Ao longo desse período, enfrentei e superei, com discrição, dificuldades e perdas pessoais. Nada disso me afastou da missão que havia assumido perante o país e minha consciência de dar o melhor de mim na prestação da justiça.

Sem apego ao poder

“Não discriminei ninguém. Conheci mais profundamente o país, na sua pluralidade e diversidade, e vi aumentar o meu amor por essa terra e sua gente. Sinto que agora é hora de seguir outros rumos. Nem sequer os tenho bem definidos. Mas não tenho qualquer apego ao poder e gostaria de viver um pouco da vida que me resta sem a exposição pública, as obrigações e as exigências do cargo. Com mais espiritualidade, literatura e poesia.

“Gentileza”

“Apesar da agressividade e da intolerância que ainda se vê aqui e acolá, reafirmo a minha fé nas pessoas, no bem, na boa-fé, na boa-vontade, no respeito ao próximo e na gentileza, sempre que possível.

Cuidado

“Fora desta bancada, continuarei a trabalhar por um tempo de paz e fraternidade. Reitero: a integridade, a civilidade e a empatia vêm antes da ideologia e das escolhas políticas. O radicalismo é inimigo da verdade. A gente na vida deve ter cuidado para não se apaixonar pelas próprias razões.

“Minha fé”

“Apesar das dificuldades que ainda não superamos, como a pobreza e a desigualdade, reafirmo a minha fé no Brasil, o país mais lindo do mundo, da Amazônia ao Pampa, do Cerrado à Mata Atlântica, das praias e montanhas às quedas d’água.

“Mil vezes”

“Parodiando Pablo Neruda, mil vezes tivera que nascer e eu queria nascer aqui. Mil vezes tivera que morrer e eu queria morrer aqui. Aqui vivem meus filhos amados e gente querida que a vida voltou a me trazer.

“Estudei e refleti”

“Todos nós julgamos causas difíceis, complexas, com interesses múltiplos. E cada um procura fazer o melhor. De minha parte, ao longo desses anos, diante das questões mais delicadas, eu as estudei, refleti e me convenci de qual era a coisa certa a fazer. E fiz.

Sem temor

“Não carrego nenhum arrependimento nem nunca tive medo de nada. Não falo isso por pretensão ou arrogância, mas por minha crença mais profunda: a de que o Universo protege as pessoas que se movem por bons propósitos.

Lição de…

“Reafirmo minha crença na educação, inclusive e sobretudo, na educação pública para quem precisa. Eu nasci em Vassouras, uma adorável cidade do interior, numa família simples e sem parentes importantes.

… Vida

“Estudei o primário e o ginásio em escolas públicas e me formei em direito em uma maravilhosa universidade pública, que é a Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Devo quase tudo aos meus professores e à educação que recebi.

“Me deu tudo”

“O Brasil me deu tudo o que eu tenho, muito além do que sonhei quando tudo começou.

Reconciliação

“Ministro Gilmar Mendes, a vida nos afastou e nos aproximou. Fico feliz que tenha sido assim e sou grato por sua parceria valiosa ao longo da minha gestão e por sua defesa firme do Tribunal nos momentos difíceis.

“Testemunhas”

“Ministro Alexandre de Moraes, eu e todos nós somos testemunhas da sua dedicação ao trabalho, ao país e à causa da proteção das instituições e somos solidários com os preços pessoais elevados que está tendo de pagar e que um dia a história haverá de reconhecer e reparar.

Imagem apagada

“Ministro Cristiano Zanin, sua fidalguia, discrição e imensa competência desfizeram todos os prognósticos maliciosos e revelaram um juiz vocacionado, justo e brilhante. Sou muito feliz por havermos nos tornado amigos.

“Continuar a ouvi-lo”

“Ministro Flávio Dino, sua cultura, brilhantismo e senso de humor fazem a vida de todos nós mais leve e agradável. Tem sido um privilégio compartilhar da sua amizade ao longo de todas essas décadas. Vou continuar a ouvi-lo com interesse, ainda que lá de fora.

“Parto seguro”

“Ministro Edson Fachin, parto seguro de que o Tribunal está sendo conduzido pelo que há de melhor no país em termos de honestidade de propósitos, de idealismo e de competência.

“Voltar a ser errado”

“Registro, ainda, meu especial apreço pela Imprensa, aqui representada por competentes setoristas. Nesses tempos de desinformação e de perda da importância da verdade, nunca precisamos tanto da Imprensa profissional, que se move pela ética e pela técnica jornalística, que checa as notícias e distingue fato de opinião. Mentir precisa voltar a ser errado de novo.

“Afetividade”

“Sigo achando que a afetividade é uma das energias mais poderosas do universo. Por isso, fico feliz por deixar aqui amigos queridos e boas lembranças, bem como renovo minha confiança de que o Supremo Tribunal Federal continuará a ser o guardião da Constituição e um dos protagonistas na preservação da estabilidade institucional do país e da democracia”.

Outra versão

O deputado federal Mersinho Lucena (ainda no PP) disse ontem que desde novembro do ano passado havia sido conversado com o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP) no sentido de que o partido definisse critérios para o processo eleitoral majoritário de 2026.

Transbordou

Mersinho, à ´Correio FM´, citou que a ´gota d´água´ para a saída de Cícero do PP foi o ´fechamento´ da chapa majoritária – Lucas Ribeiro (para governador), João Azevedo e Nabor Wanderley (para o Senado) -, sem a sua participação, tendo o prefeito tomado conhecimento pela imprensa.

Quem manda

“O PP é um partido familiar. A gente sabe que quem toma as decisões são os Ribeiro”, cravou o deputado.

´Times´ diferentes

Mersinho admitiu a possibilidade de ele e o prefeito Cicero se filiarem em partidos diferentes para o pleito do ano que vem.

Consistente

“A viabilidade da candidatura de Nabor Wanderley (Republicanos) para o Senado é total”, atestou o deputado, com base no poderio inerente à presidência da Câmara Federal, ocupada pelo filho dele, deputado Hugo Motta.

“É uma eleição perigosa”, acrescentou.

Ilação

“Se eu fosse falar de traições que debitam à família Ribeiro, eu passaria um programa (de rádio inteiro)”, cutucou Mersinho Lucena.

 

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