O que separa Romero do Republicanos
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´Resíduos´ das urnas
No Supremo Tribunal Federal será retomado, esta semana, o julgamento sobre as chamadas ´sobras eleitorais´, que poderá mudar a composição das bancadas proporcionais (Legislativo).
As ´sobras´ dizem respeito à definição de cadeiras nas eleições proporcionais, a partir das vagas inicialmente definidas com base no quociente eleitoral.
Farpas
Está na pauta do Senado, esta semana, a PEC (emenda constitucional) que trata da eleição de militares da ativa das Forças Armadas.
Emblemático
O Diário Oficial do Estado publicou, no final de semana, ato do governador João Azevedo (PSB) nomeando Aretusa Gomes da Silva, esposa do vereador Márcio Melo (PSD), para ocupar o cargo de provimento em comissão de ´Chefe do Núcleo de Engenharia e Manutenção do Hospital Regional de Emergência Dom Luiz Gonzaga Fernandes, Símbolo CSS-4´, da Secretaria de Estado da Saúde.
O detalhe
Márcio Melo é primo do deputado federal Romero Rodrigues (Podemos).
Segundas…
No ano passado, o partido Republicanos na Paraíba fez uma grande festa em Campina Grande, quando da posse do deputado federal Murilo Galdino na sua presidência municipal.
… Intenções
O evento tinha uma finalidade adicional: criar uma ´atmosfera´ para o deputado Romero Rodrigues migrar para o partido – e, por conseguinte, para a oposição na cidade – e disputar as eleições de prefeito em 2024.
Sem consumação
Na ocasião, na presença do próprio Romero, houve convites e pronunciamentos enfáticos, a exemplo do deputado-presidente da Assembleia Legislativa, Adriano Galdino.
Mas, para consumo externo, Romero permaneceu em silêncio.
Em evolução
Nos bastidores, todavia, desde meados do ano passado ele aduba reservadamente, perante interlocutores credenciados e correligionários, a intenção de disputar novamente a PMCG.
Raízes
O desejo alimentado pelo ex-prefeito tem basicamente duas razões fundamentais: o que considera sucessivas desatenções e desprestígio do seu sucessor Bruno Cunha Lima, e uma indisposição ´crônica´ de sua esposa (Micheline) com a gestão atual.
Lá…
Com o passar do tempo, foram sendo intensificados os contatos e tratativas para essa candidatura a prefeito, notadamente em duas vertentes: em Brasília, nos contatos frequentes de Romero com os seus colegas de Câmara Hugo Motta (presidente do REP na Paraíba) e Murilo Galdino (presidente do REP/CG).
… E cá
Em termos de Campina, correligionários de Romero cuidam de estabelecer um contato mais frequente com parlamentares que devem integrar a base política da (presumível) futura candidatura, como também mapeiam lideranças políticas que devem se perfilar ao lado do deputado.
Estratégia
Romero – no melhor estilo do ex-atacante Romário – ´joga parado´. Isto é, articula o seu projeto político pessoal silenciosamente, em muitos momentos emitindo sinais contraditórios.
Sem pressa
Simultaneamente, ele cuida para não ´atropelar´ o calendário, até porque sabe que não possui, imediatamente, estrutura para abrigar todos os seus aliados ainda abrigados na administração campinense.
Afunilamento
Mas o calendário eleitoral, gradualmente, começa a apresentar prazos intransponíveis, a exemplo da troca de partido para quem deseja concorrer no pleito deste ano (começo de abril).
Premissa
Mas voltemos ao Republicanos. Nas conversações iniciais (meados de 2023) para apoiar Romero como candidato a prefeito, uma pré-condição apresentada era que ele se filiasse ao partido.
Romero não descartou, e novamente escorou-se no tempo.
Indicação
Quando chegou o final do ano passado, a cúpula do Podemos – até como forma de segurar o deputado paraibano – escolheu Romero para assumir a liderança da bancada este ano.
Vitrine
Na atual modelagem na Câmara Federal, a figura de líder desfruta de prestígio e de privilégios tentadores.
Fato novo
Diante do novo cenário, a conversa com o REP foi para outro patamar: o apoio a Romero seria formalizado, mas com o deputado permanecendo no Podemos.
Compor a chapa
Após o REP, num primeiro momento, descartar o apoio a Romero sem a sua filiação, avançou-se para assimilar a nova realidade, mas com o acerto de o candidato a vice-prefeito ser indicado pelo Republicanos.
Chapa completa
Como tem o desejo de ser um protagonista do processo eleitoral de 2026, Romero sinalizou aos seus interlocutores no REP a intenção de aceitar enfrentar o prefeito Bruno Cunha Lima (UB) nas urnas, mas desde que ele próprio escolha o seu companheiro de chapa.
Reação inicial
Houve nova resistência do Republicanos, que considerou exageradas as exigências do ex-prefeito.
E é este o item final que está sendo discutido para a definição da candidatura.
“Pretensioso”
Registre-se que, há alguns dias, o vereador-presidente Marinaldo Cardoso (REP-CG) – já agregado informalmente à pré-campanha de Romero – declarou em entrevista que “seria pretensioso demais você fazer um convite para que Romero deixe um partido onde ele assumiu a liderança da bancada nacional”.
Anuência
Neste ponto, é importante salientar que o Republicanos integra a base de apoio de João Azevedo (PSB), e que todas as conversações com Romero foram previamente comunicadas ao governador, que até estimulou o avanço das negociações.
Em espera
Recorde-se que no final de janeiro último, o governador declarou em entrevista que só pretende discutir com o REP a eleição em Campina “na hora certa”.
Desacelerar
É igualmente relevante resgatar que esta Coluna frisou que o governador ponderou reservadamente, há algumas semanas, junto aos partidos aliados, para não radicalizarem no discurso crítico com relação a Romero Rodrigues.
´Tucano´
Como forma de se buscar um consenso para o avanço na construção dessa candidatura oposicionista, entraram em cena as (digamos) peculiaridades do deputado estadual Tovar Correia Lima, do PSDB.
Aglutinador
Tovar é aliado (quase) incondicional de Romero, de acesso desmedido ao presidente Adriano Galdino e da assumida simpatia de João Azevedo.
Consenso
Com esses pré-requisitos, articula-se a saída do deputado do PSDB e sua filiação ao Republicanos (o prazo é começo de abril, como mencionado acima) para ser o companheiro de chapa do ex-prefeito.
Redirecionamento
É por esta razão que, subitamente, nos últimos dias, o ´tucano´ passou a entoar um discurso de oposição à gestão de Bruno e a cogitar a troca de partido, caso o PSDB lhe negue legenda para disputar a sucessão campinense.
Saída de cima do muro
Caso essas negociações avancem, a direção estadual do PSDB (leia-se deputado estadual Fábio Ramalho) vai se deparar com um dilema: se permitir a saída de Tovar, estará automaticamente fragilizando o apoio que o partido tem antecipado e proclamado à reeleição de Bruno; se negar a desfiliação consensual de Tovar, Fábio Ramalho estará dificultando o projeto eleitoral de seu correligionário e amigo muito próximo chamado Romero Rodrigues.
A conferir.
Política à parte, o amor está no ar…
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