Imaginário

Se, imaginariamente, fosse possível o Papa Francisco comunicar a escolha do seu sucessor, Leão XIV, ocorrida ontem, provavelmente ele faria assim, reprisando a sua própria alocução em 2013: “Sabeis que o dever de um conclave é dar um bispo a Roma, e parece que os irmãos cardeais foram novamente buscá-lo no fim do mundo (no Peru)”.

Continuidade

Ainda em invocação a Francisco, consumou-se o que ele delineou ao longo de seu pontificado, ao renovar o Colégio Cardinalício predominantemente com prelados que tinham conexão com o seu modo de ser e de conduzir a Igreja Romana: um sucessor que seguisse a sua trajetória de pastor.

Modelando

É como se Francisco preparasse gradativamente o seu sucessor. Não de forma personalizada, mas mediante o desencadeamento de processos e de mudanças internas e pela designação de religiosos sintonizados com esse itinerário por ele traçado – e desejado.

Lema episcopal

Leão XIV tem como lema “In Illo uno unum” (em um só Cristo somos um).

Poliglota

O novo Papa fala inglês, espanhol, italiano, francês e português.

E lê latim e alemão.

Garimpo

É oportuno, nessa largada de uma nova fase na vida da milenar instituição, recolher as opiniões e conceitos do novo ´sucessor de Pedro´.

Comecemos pelo período que precedeu o dia em que o cardeal Robert Francis Prevost virou o ´Santo Padre´.

Prelados

“O bispo é um pastor, não um gerente (…) Muitas vezes nos preocupamos com o ensino da doutrina, mas corremos o risco de esquecer que nossa primeira tarefa é ensinar o que significa conhecer Jesus Cristo e testemunhar nossa proximidade com o Senhor.

“Missão”

“Minha vocação, como a de todo cristão, é ser missionário, anunciar o Evangelho onde quer que se esteja.

Combater abusos

“Estamos em um caminho quanto a isso. Há lugares onde um bom trabalho já vem sendo feito há anos e as normas estão sendo aplicadas. Ao mesmo tempo, acredito que ainda há muito a aprender. Falo da urgência e da responsabilidade de acompanhar as vítimas.

Dilema

“Uma das dificuldades que frequentemente surgem é que o bispo deve estar próximo dos seus padres, como já disse, e também das vítimas. Alguns recomendam que não seja o bispo diretamente quem receba as vítimas; mas não podemos fechar o coração, a porta da Igreja, às pessoas que sofreram abusos.

“Causa tanta dor”

“A responsabilidade do bispo é grande e acho que ainda temos que fazer esforços consideráveis ​​para responder a esta situação que causa tanta dor na Igreja.

“Silêncio não é resposta”

“Em todo caso, o silêncio não é uma resposta. O silêncio não é a solução. Devemos ser transparentes e sinceros, acompanhar e ajudar as vítimas, porque senão suas feridas nunca cicatrizarão. Há uma grande responsabilidade nisso, para todos nós.”

“Nova atitude”

“Acredito verdadeiramente que o Espírito Santo está muito presente na Igreja e nos impulsiona para uma renovação, e por isso somos chamados à grande responsabilidade de viver o que eu chamo de nova atitude. Não se trata apenas de um processo, não se trata apenas de mudar alguns modos de fazer as coisas, talvez realizar mais reuniões antes de tomar uma decisão.

Adversidades

“Em todo o continente americano existem numerosas contradições, misérias e absurdos.

Redes sociais

“As redes sociais podem ser um instrumento importante para comunicar a mensagem do Evangelho a milhares de pessoas. Devemos nos preparar para usá-las bem, mas temo que às vezes tenha faltado essa preparação”.

“Tenda”

“A Igreja está aberta a todos, temos que ampliar nossa tenda, para que as pessoas saibam que todos são bem-vindos e bem-vindas. Todos são convidados a fazer parte da comunidade da Igreja”.

´Batismo´

Agora, recortes de seu primeiro pronunciamento como Papa, um texto escrito e feito à mão.

“Paz”

“A paz esteja com todos vocês! (…) Gostaria que esta saudação de paz entrasse em seus corações, chegasse às suas famílias, a todas as pessoas, onde quer que estejam, a todos os povos, a toda a terra.

“Ama a todos”

“Esta é a paz de Cristo Ressuscitado, uma paz desarmada e uma paz desarmante, humilde e perseverante. Ela vem de Deus, Deus que nos ama a todos incondicionalmente.

Ecos

“Ainda conservamos em nossos ouvidos aquela voz fraca, mas sempre corajosa, do Papa Francisco que abençoava Roma! O Papa que abençoava Roma concedia a sua bênção ao mundo, ao mundo inteiro, naquela manhã do dia de Páscoa.

“Discípulos”

“Deus nos ama, Deus ama a todos vocês, e o mal não prevalecerá! Estamos todos nas mãos de Deus. Portanto, sem medo, unidos de mãos dadas com Deus e entre nós, sigamos em frente. Somos discípulos de Cristo. Cristo nos precede. O mundo precisa de sua luz.

“Ajudai-nos”

“A humanidade precisa dele como ponte para ser alcançada por Deus e seu amor. Ajudai-nos também vós, e depois uns aos outros, a construir pontes, com o diálogo, com o encontro, unindo-nos a todos para sermos um só povo, sempre em paz. Obrigado, Papa Francisco!”

“Filho”

“Sou filho de Santo Agostinho, um agostiniano, que disse: ´com vocês sou cristão e para vocês bispo´. Nesse sentido, podemos todos caminhar juntos rumo àquela pátria que Deus nos preparou.

“Pontes”

“Devemos buscar juntos como ser uma Igreja missionária, uma Igreja que constrói pontes, dialoga, sempre aberta para receber como esta praça com os braços abertos. A todos, a todos aqueles que precisam da nossa caridade, da nossa presença, do diálogo e do amor.

“Igreja sinodal”

“Queremos ser uma Igreja sinodal, uma Igreja que caminha, uma Igreja que sempre busca a paz, que sempre busca a caridade, que sempre busca estar próxima, especialmente daqueles que sofrem”.

“Graça especial”

Ainda Leão XIV: “Nossa Mãe Maria quer sempre caminhar conosco, estar próxima, ajudar-nos com sua intercessão e seu amor (…) Gostaria de rezar junto com vocês. Rezemos juntos por esta nova missão, por toda a Igreja, pela paz no mundo e peçamos esta graça especial a Maria, nossa Mãe”.

“Enquanto houver vontade de lutar haverá esperança de vencer (Santo Agostinho)…