Diáspora de duração incerta
Foto: Foto: ParaibaOnline
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A quilômetros daqui
João Azevedo e Cícero Lucena tiveram oportunidades, durante o não muito distante período da viagem a Portugal, para afinar as conversações no que diz respeito à sucessão estadual do próximo ano.
Constatação
Quando decolou novamente para o ´Velho Mundo´, o governador já tinha se dado conta da inviabilidade eleitoral de outro companheiro de viagem – o ´supersecretário´ de Infraestrutura do Estado, Deusdete Queiroga.
Sem ir às urnas
Nos diálogos lusitanos, a ´engenharia política´ esquadrinhada passou pela permanência de Azevedo no mandato até o final.
Colocados à prova
Acontece que os acertos celebrados de forma distante – em momentos de descontração, quase sempre à base de um bom vinho – se deparam posteriormente com a incontornável realidade e os percalços imprevisíveis pelo caminho.
Pé na estrada
No ´rescaldo´ da viagem europeia, esta Coluna fez dois registros em duas edições diferentes: um deles foi a definição durante a estadia na Europa de que Cícero deveria começar a percorrer o Estado, numa espécie de pré-candidatura ao governo.
Quatro mãos
Num segundo momento, mais recentemente, foi escrito aqui que “todos os movimentos de Cícero Lucena são combinados com João Azevedo”.
´Suprapartidário´
Para seguir com o encadeamento dos fatos e atitudes, é preciso retornar aos últimos finais de semana, nos quais Cícero compartilhou eventos na região do Cariri com os senadores Veneziano Vital (MDB), em Serra Branca, e Efraim Filho (União), em Alcantil.
“Naturalidade”
Nas ´passadas´ iniciais do prefeito pelo interior, o governador opinou que encarava a movimentação “com naturalidade, cada um faz o seu caminho. Isso é natural, na política é assim”.
Não gostou
Aparentemente, a descontração de Cícero em meio a adversários do grupo que lidera, parece ter (pelo menos) desapontado João, que guarda ´a vácuo´ dissabores pretéritos com Veneziano e Efraim.
Fazer “escolhas”
Segunda-feira última, poucas horas após a interação de Cícero com Efraim, e ao ser confrontado com as andanças do prefeito, João verbalizou uma frase que já havia destinado – tempos atrás – a um adversário político: “Nós somos frutos das nossas escolhas. A vida é uma caminhada constante. E essa caminhada a gente faz com pessoas. Fazer escolhas sobre quem quer caminhar com a gente, isso é um processo natural de nossa vida”.
Retrovisor
Similar expressão o governador utilizou em 2022, quando do rompimento com ele do senador Veneziano Vital: “A vida é feita de escolhas”.
Sem sombras
Por falar em ´caminhada´, o prefeito da Capital se deslocou solitariamente para a casa de eventos onde ocorreu, na tarde/noite de segunda-feira, a convenção do PSB/PB que sagrou (por aclamação) João Azevedo como presidente estadual do partido.
Direto para o palco
De maneira incomum, Cícero optou por adentrar no recinto pela entrada de serviços, evitando – por conseguinte – a interação com os militantes socialistas e lideranças aliadas.
Todos juntos
Pouco tempo depois, na Granja Santana (residência oficial do governador), lideranças do PP (Daniella, Aguinaldo e Lucas Ribeiro) se juntaram com o deputado federal Hugo Motta (presidente do Republicanos na Paraíba) para saírem em comitiva, ao lado de João, até o local da convenção.
Clique
Na saída da granja, o registro fotográfico sem as presenças de Cícero e do deputado-presidente Adriano Galdino.
Sem voz
Da extensa lista ´original´ de oradores para a convenção, não constava o nome de Cícero Lucena.
O seu nome – e o do presidente da Câmara Municipal de João Pessoa, Dinho Dowsley – só foram ´enxertados´ posteriormente, até por conta do atraso na chegada do prefeito do Recife, João Campos, futuro presidente nacional do PSB.
No ´paralelo´
Foi possível observar – à distância – diálogos ´sisudos´ entre o prefeito pessoense e o chefe de gabinete do governador, Ronaldo Guerra.
Apoio grupal
Quando pegou o microfone, Cícero disse – se voltando diretamente ao governador – que
“se o senhor deixar o governo para uma candidatura de Senado, todos nós estaremos juntos segurando na sua mão, junto com o povo”.
Gratidão
Pouco minutos após o gesto feito na direção de João, Cícero escutou uma singular louvação do governador ao seu vice, Lucas Ribeiro: “Obrigado por compartilhar cada momento, às vezes difícil, de preocupação, mas sempre com lealdade e respeito, acima de tudo”.
“Confiança”
Mais: “O nosso governo terminará em 31 de dezembro de 2026, ou comigo ou com Lucas Ribeiro sentado na cadeira, porque eu tenho confiança no que você (Lucas) faz”.
O detalhe
Azevedo não fez qualquer menção de natureza político-eleitoral ao prefeito.
´Replay´
Terminada a solenidade, Cícero optou por sair do jeito que entrou na casa de recepções: solitariamente e pela porta lateral.
Na tela
Algumas horas depois, em entrevista à TV Arapuan, o prefeito pessoense ajustou a sua retórica para o processo eleitoral.
´Me convencer´
Ele começou dizendo que poderá desistir da candidatura a governador, mas com uma ressalva: “Tem que ter o porquê”.
No curto prazo
Lucena recordou uma reunião ocorrida entre os partidos aliados no começo do ano, quando “ficou definido que nós tomaríamos a decisão (sobre o candidato a governador) o mais rápido possível, para que não haja abertura e oportunidade para uma possível discórdia”.
“Muito perto”
À sua ótica, “acredito que estamos muito perto de tomar essa decisão, para que as coisas possam caminhar”.
Agir
Cícero justificou: “Você não pode deixar a oposição trabalhando e a situação ficar de braços cruzados, como se nada tivesse acontecendo”.
Com a pamonha
O prefeito avaliou que “ainda está dentro do prazo” para as decisões, “mas está bem perto do momento máximo de ser tomada a decisão”.
“Acho que tem que ser antes do São João”, emendou.
A quem compete
Cícero acentuou que a tomada de decisões começa a partir de uma “iniciativa que cabe a João, por ser o líder maior e ter a responsabilidade e as condições de conduzir esse processo. E segundo, porque é uma decisão pessoal dele, só ele pode dizer”.
Já se decidiu
Na percepção do prefeito de João Pessoa, o governador – com quem tem interesses múltiplos e convergentes – “está com a decisão tomada, só precisa colocar no momento certo, que ele vai avaliar qual deve ser”.
À espera do combinado
Cícero (presumivelmente) parece buscar a ratificação de que os ´brindes´ em Lisboa continuam com o mesmo aroma diante do tórrido verão pessoense e do constantemente fermentado universo da política.
Adriano Galdino quer Hugo Motta no ´confessionário´…
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