Demissão em massa
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Além da noite de Natal
Como habitualmente ocorre neste espaço, neste período do ano, compartilho com os leitores trechos de pronunciamentos do papa Francisco nas celebrações natalinas.
É o que segue, começando pela Catequese que antecedeu o Natal.
Redescoberta
“Enquanto se prepara ou se completa o presépio nas casas e em muitos outros lugares, é bom redescobrirmos as suas origens.
Origens
“Como nasceu o presépio? Qual era a intenção de São Francisco? Francisco não quer realizar uma bela obra de arte, mas suscitar, através do presépio, a admiração pela extrema humildade do Senhor, pelas dificuldades que padeceu, por amor a nós, na pobre gruta de Belém.
Superficialidade
“Se nós, cristãos, fitarmos o presépio como uma coisa bonita, como algo histórico, até religioso, e rezarmos, não é suficiente. Perante o mistério da encarnação do Verbo, diante do nascimento de Jesus, precisamos desta atitude religiosa da admiração. Se face aos mistérios eu não tiver esta admiração, a minha fé será simplesmente superficial.
´Escola´
“E uma caraterística do presépio é que nasce como escola de sobriedade. E isto tem muito a dizer-nos. Com efeito, hoje o risco de perder o que conta na vida é grande e, paradoxalmente, aumenta precisamente no Natal – a mentalidade do Natal altera-se – imersos num consumismo que corrói o seu significado. O consumismo do Natal.
Sem espaço
“É verdade, é bom desejar oferecer presentes, é um modo, mas esse frenesim de ir fazer compras chama a atenção para outro lado e não há aquela sobriedade do Natal. Olhemos para o presépio: o enlevo diante do presépio. Às vezes, não há espaço interior para a admiração, mas apenas para organizar as festividades, para fazer festa.
Restituição
“E o presépio nasce para nos restituir ao que conta: a Deus que vem habitar no meio de nós. Por isso é importante olhar para o presépio, porque nos ajuda a compreender o que conta e também as relações sociais de Jesus naquele momento, a família, José e Maria, e os entes queridos, os pastores. As pessoas antes das coisas. E muitas vezes colocamos as coisas à frente das pessoas. Isto não funciona!
Síntese
“Mas de onde derivava esta alegria natalícia? Não era certamente de ter trazido presentes para casa ou de ter vivido celebrações pomposas. Não, era a alegria que transborda do coração, quando se toca com a mão a proximidade de Jesus, a ternura de Deus, que não deixa sozinho, mas consola. Proximidade, ternura e compaixão: eis as três atitudes de Deus”.
Celebração da Noite de Natal
“O recenseamento de toda a terra: este é o contexto em que nasce Jesus e no qual se detém o Evangelho. Podia limitar-se a uma rápida alusão, mas ao contrário delonga-se cuidadosamente nele. E assim faz surgir um grande contraste: enquanto o imperador conta os habitantes do mundo, Deus entra nele quase às escondidas; enquanto quem manda procura colocar-se entre os grandes da história, o Rei da história escolhe o caminho da pequenez. Nenhum dos poderosos se dá conta d’Ele; apenas alguns pastores, postos à margem da vida social.
Tentação
“O rei David, cedendo à tentação dos grandes números e a uma malsã pretensão de autossuficiência, cometera um grave pecado precisamente fazendo o recenseamento do povo. Queria saber a sua força recebendo, cerca de nove meses depois, o número de todos os que podiam manejar a espada (cf. 2 Sam 24, 1-9). O Senhor indignou-se e um flagelo feriu o povo.
“Um no meio de tantos”
“Diversamente nesta noite, o ´Filho de David´, Jesus, depois de passar nove meses no ventre de Maria, nasce em Belém, a cidade de David, e não pune o recenseamento, mas deixa-se humildemente registar: um, no meio de tantos. Não vemos um Deus irado que castiga, mas o Deus misericordioso que encarna, que entra, frágil, no mundo, precedido pelo anúncio ´paz na terra aos homens´.
Tudo se repete
“E, nesta noite, o nosso coração está em Belém, onde o Príncipe da paz continua a ser rejeitado pela lógica perdedora da guerra, com o estrondo das armas que ainda hoje O impede de encontrar alojamento no mundo.
Obsessão
“Em suma, o recenseamento de toda a terra manifesta, por um lado, a trama demasiado humana que atravessa a história: a trama dum mundo que procura o poder e a força, a fama e a glória, onde tudo se mede através dos sucessos e dos resultados, dos cálculos e dos números. É a obsessão das façanhas.
´Deus da encarnação´
“Mas ao mesmo tempo, no recenseamento, sobressai o caminho de Jesus, que vem procurar-nos através da encarnação. Não é o deus das façanhas, mas o Deus da encarnação. Não subverte do alto as injustiças com a força, mas de baixo com o amor; não irrompe com um poder sem limites, mas desce até aos nossos limites; não evita as nossas fragilidades, mas adota-as.
Risco
“Nesta noite, irmãos e irmãs, podemos perguntar-nos: Em que Deus acreditamos? No Deus da encarnação ou no das façanhas? Sim, porque há o risco de viver o Natal tendo na cabeça uma ideia pagã de Deus, como se fosse um patrão poderoso que está no céu; um deus que se alia com o poder, o sucesso mundano e a idolatria do consumismo.
Sem varinha mágica
“Sempre volta a imagem falsa dum deus alheado e melindroso, que se comporta bem com os bons e se irrita com os maus; um deus feito à nossa imagem, útil apenas para nos resolver os problemas e preservar dos males. Mas o Deus Menino não usa a varinha mágica, não é o deus comercial do ´tudo e já´; não nos salva carregando num botão, mas faz-Se próximo para mudar a realidade a partir de dentro.
Para todos
“Está radicada em nós a ideia mundana dum deus distante e controlador, rígido e poderoso, que ajuda os seus a prevalecerem contra os outros! Muitas vezes, trazemos radicada em nós esta imagem; mas não é assim: Ele nasceu para todos, durante o recenseamento de toda a terra.
Dar esperança
Olhemos, pois, para o ´Deus vivo e verdadeiro´: Ele que está para além de todo o cálculo humano e, no entanto, deixa-Se recensear pelos nossos registros; Ele que revoluciona a história, habitando nela; Ele que nos respeita até ao ponto de nos permitir rejeitá-Lo; Ele que apaga o pecado assumindo a responsabilidade pelo mesmo, que não tira a dor, mas transforma-a, que não nos tira os problemas da vida, mas dá às nossas vidas uma esperança maior do que os problemas.
Maravilha do Natal
“Deseja tanto abraçar as nossas existências que, sendo infinito, por nós Se faz finito; grande, faz-Se pequeno; sendo justo, habita as nossas injustiças. Aqui está a maravilha do Natal: não uma mistura de sentimentos adocicados e confortos mundanos, mas a inaudita ternura de Deus que salva o mundo encarnando-Se.
“Um rosto”
“Para Deus, que mudou a história durante o recenseamento, tu não és um número, mas um rosto; o teu nome está escrito no seu coração. Entretanto, se olhares para o teu coração, para as façanhas que não sentes à altura, para o mundo que julga e não perdoa, poderás talvez viver mal este Natal, pensando que não caminhas justamente, provando um sentimento de inadequação e insatisfação pelas tuas fragilidades, quedas e problemas e pelos teus pecados.
“Sem máscaras”
“Por que motivo continuas na prisão das tuas tristezas? Como os pastores que deixaram os seus rebanhos, deixa o recinto das tuas melancolias e abraça a ternura do Deus Menino. Fá-lo sem máscaras, sem couraças, confia-Lhe as tuas canseiras, e Ele cuidará de ti: Ele, que Se fez carne, espera, não as tuas façanhas de sucesso, mas o teu coração aberto e confiado. E n’Ele descobrirás quem és: um filho amado de Deus, uma filha amada de Deus.
“Aprendamos com eles”
“Cristo não olha para os números, mas para os rostos. E contudo quem é que olha para Ele, por entre as inúmeras coisas e as corridas loucas dum mundo sempre agitado e indiferente? Quem olha para Ele? Em Belém, enquanto muitas pessoas, preocupadas com o recenseamento, iam e vinham, enchiam as hospedarias e pousadas falando de tudo e de nada, houve alguns que estiveram junto de Jesus: Maria e José, os pastores e depois os magos. Aprendamos com eles.
“Adorar é interceder”
“Redescubramos a adoração, porque adorar não é perder tempo, mas permitir a Deus que habite o nosso tempo; é fazer florescer em nós a semente da encarnação, é colaborar na obra do Senhor, que, como o fermento, muda o mundo. Adorar é interceder, reparar, consentir a Deus que endireite a história.
Tudo numa frase
“O amor muda a história”.
Dia de Natal
(mensagem urbi et orbi – à cidade de Roma e ao mundo): “O olhar e o coração dos cristãos de todo o mundo estão voltados para Belém; lá, onde nestes dias reinam a dor e o silêncio.
Mão estendida
“Alegra-te, tu que te vês falho de confiança e de certezas, porque não estás sozinho, não estás sozinha: Cristo nasceu para ti! Alegra-te, tu que perdeste a esperança, porque Deus te estende a mão: não aponta o dedo contra ti, mas oferece-te a sua mãozinha de Menino para te libertar dos medos, aliviar-te das canseiras e mostrar-te que, aos olhos d’Ele, vales mais do que qualquer outra coisa.
Os ´Jesus´ de hoje
“Quantas matanças de inocentes no mundo! No ventre materno, nas rotas dos desesperados à procura de esperança, nas vidas de muitas crianças cuja infância é devastada pela guerra. São os pequeninos Jesus de hoje, estas crianças cuja infância é devastada pela guerra, pelas guerras.
Não à guerra
“Deste modo dizer ´sim´ ao Príncipe da paz significa dizer ´não´ à guerra. E isto com coragem: dizer ´não´ à guerra, a toda a guerra, à própria lógica da guerra, que é viagem sem destino, derrota sem vencedores, loucura indesculpável. Isto é a guerra: viagem sem destino, derrota sem vencedores, loucura indesculpável. Mas, para dizer ´não´ à guerra, é preciso dizer ´não´ às armas.
Armamentos
“Com efeito, se o homem, cujo coração é instável e está ferido, encontrar instrumentos de morte nas mãos, mais cedo ou mais tarde usá-los-á. E como se pode falar de paz, se cresce a produção, a venda e o comércio das armas?
“O povo quer pão”
“O povo, que não quer armas mas pão, que tem dificuldade em acudir às despesas quotidianas, ignora quanto dinheiro público é destinado a armamentos. E, contudo, devia sabê-lo! Fale-se disto, escreva-se sobre isto, para que se conheçam os interesses e os lucros que movem os cordelinhos das guerras.
Conversão
“Isaías, que profetizara o Príncipe da paz, deixou escrito que virá um dia em que ´uma nação não levantará a espada contra outra´; um dia em que os homens ´não se adestrarão mais para a guerra´, mas ´transformarão as suas espadas em relhas de arado, e as suas lanças em foice´. Com a ajuda de Deus, esforcemo-nos para que se aproxime esse dia!
Clamor
“Suplico que cessem as operações militares, com o seu espaventoso rasto de vítimas civis inocentes, que se ponha remédio à desesperada situação humanitária, possibilitando a entrada das ajudas. Não se continue a alimentar violência e ódio, mas avance-se no sentido duma solução para a questão palestiniana, através dum diálogo sincero e perseverante entre as Partes, sustentado por uma forte vontade política e pelo apoio da comunidade internacional.
O que sugere o presépio
“Reclinado no presépio, o Menino pede-nos para sermos voz de quem não tem voz: a voz dos inocentes, que morreram por falta de água e pão; voz de quantos não conseguem encontrar emprego ou que o perderam; voz de quem é constrangido a abandonar a sua terra natal à procura dum futuro melhor, arriscando a vida em viagens extenuantes e à mercê de traficantes sem escrúpulos”.
Na tela
O empresário Érico Feitosa, presidente do Secovi/Paraíba (Sindicato das Empresas de Compra, Venda, Locação ou Administração de Imóveis Residenciais ou Comerciais), é o entrevistado de hoje no programa Ideia Livre da Rede Ita (antiga TV Itararé).
Começa às 22 horas, logo após o Jornal da Cultura.
Cadeado
O grupo Carrefour tomou a decisão de fechar o hipermercado localizado nas dependências do Partage Shopping em Campina Grande.
A medida já está com data marcada: 31 de janeiro de 2024.
Impacto
A decisão representa um expressivo abalo para o shopping – provavelmente é a dependência com maior espaço em metros quadrados -, para a economia local, além do seu efeito no mercado de trabalho: estima-se a subtração entre 70 e 80 postos de trabalho.
Existe, inclusive, a possibilidade de o enxugamento englobar outras lojas existentes na Paraíba.
´Papai Noel´ fez ´escala´ neste Natal em Campina Grande…
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