A implosão socialista
Foto: Leonardo Silva/ ParaibaOnline
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Retrovisor
Coluna do último dia 7: “Em reiteradas declarações, o governador João Azevedo (PSB) avisou que as cobranças de natureza administrativa e política ao vice-prefeito pessoense Léo Bezerra (PSB) só seriam feitas quando ele fosse efetivado no cargo de prefeito – em abril vindouro, com a esperada desincompatibilização do prefeito Cícero Lucena.
Mas esta semana, longe dos microfones, houve uma ´indigesta´ conversa entre ambos, com João antecipando a tentativa de ´enquadrar´ o socialista ´grávido de poder´.
Desdobramento
Em entrevista, ontem pela manhã, João Azevedo disse que a participação de socialistas na festa de filiação do prefeito Cícero Lucena ao MDB, no dia anterior, seria “tratada internamente, dentro do partido. Vários deles já pediram reuniões comigo, para que a gente pudesse tratar dessa pauta”.
Suavização
“É difícil compreender e entender isso”, comentou o governador sobre uma entrevista de Hervázio Bezerra, no dia anterior, dizendo que apelaria ao prefeito Cícero Lucena para que ele atenuasse as críticas ao governo estadual.
“Eu não sei onde é que vai ter essa margem para fazer críticas”, emendou.
Ex-adversários
João foi ainda mais incisivo: “Cada um segue o caminho que deseja. As pessoas, na verdade, são fruto daquilo que escolhem, os caminhos para caminhar. Cicero fez uma escolha. Ele se aliou a pessoas que, há quinze dias antes da decisão, ele chamava de adversário”.
“Fato consumado”
“Enfim, eu confesso que não consigo entender o que motivou, sinceramente, essa decisão. Mas ele tomou! Isso é um fato consumado e eu não gosto de ficar remoendo coisas passadas”, acrescentou Azevedo.
Canetada
Ainda na manhã de ontem, via redes sociais, o vice-prefeito Léo Bezerra comunicou que havia sido apeado da presidência municipal do partido, por iniciativa do governador, presidente estadual da legenda.
“Serenidade”
“Minha história partidária sempre foi no PSB”, registrou Léo, para adendar: “Recebo a decisão com respeito e serenidade. Minha trajetória sempre foi pautada pela lealdade, pelo diálogo e pelo compromisso com João pessoa e com a Paraíba”, enfatizou o vice pessoense.
“Continuarei honrando esses princípios”, finalizou.
Saída apressada
Pouco antes da postagem, Léo telefonou para o seu pai, deputado Hervázio Bezerra (PSB), que estava na mesa diretora da ALPB, que discutia a prolongada greve na UEPB.
De forma súbita e rápida, o deputado deixou o recinto.
Chamamento
“Recebi um telefonema de Léo. E pela voz, uma voz embargada, eu senti que ele estava enfrentando um problema. ´Pai, vem aqui que eu tenho uma coisa para te contar´. Eu saí feito um louco”, contou Hervázio posteriormente.
Abatimento
Ainda conforme o seu relato, “ao chegar, eu pude ver um cara fragilizado naquele momento. Mas ele é meu filho, ele tem o meu sangue. E ninguém duvide da sua capacidade de reação. Ninguém duvide dessa capacidade de Léo, que vai reagir com toda certeza”.
“Avermelhada”
É preciso resgatar trechos do que disse o deputado, um dia antes, na festa de filiação de Cícero Lucena ao MDB.
Na saudação, ele realçou que João Pessoa estava “avermelhada” para festejar essa filiação, e que estava ali para dizer “sim a você”.
´Bateu, levou´
“Eu não faço política com pressão, mas com convencimento. Eu faço política do bem. Não vou, não vamos aceitar nem carão nem muito menos puxão de orelhas. A cada agressão que eu receber, eu vou retribuir à altura, porque medo, covardia, não fazem parte do dicionário da minha família”, avisou o socialista.
Regresso do prefeito
Bezerra parabenizou o senador Veneziano “por sua competência, por seu carisma e, acima de tudo, por seu compromisso em fazer com que Cícero voltasse à sua casa (MDB)”.
Apoio integral
“A vida impõe aos homens e a nós, políticos, que tomemos decisões; tomemos decisões firmes e corajosas (…) Política é para quem tem coragem! Estou aqui por uma opção, estou aqui para dizer sim a você, Cícero; dizer que estaremos sim firmes, ao lado, para dar-lhe uma grande vitória por tudo que você fez por João Pessoa e pela Paraíba”, verbalizou Hervázio.
“Invenções”
“Não sou contra a jovialidade, mas a gente não pode permitir que a Paraíba retroceda, com invenções que querem nos colocar (…) Não tenho medo de retaliação nem de opressão”.
Engajamento
No mesmo evento, Léo Bezerra reafirmou total envolvimento com a campanha de Cícero, mas igualmente reiterou que um de seus senadores seria João Azevedo.
Pendente
No começo da noite, Hervázio Bezerra comunicou que estava desestabilizada a sua disposição de votar em João Azevedo para o Senado.
´Protagonista´
Em declarações à ´Arapuan FM´, ele creditou a amplificação da crise partidária ao secretário estadual do PSB e ´supersecretário´ de Administração do Estado, Tibério Limeira.
Confira trechos do que Hervázio falou/desabafou.
Destituição de Léo
“Com muita surpresa, muita surpresa mesmo.
Detonação
“Hoje (ontem) cedo, diante dos ataques sistemáticos de Tibério (…) Ele (Tibério) vai, de forma sub-reptícia, atribuindo a todos, chamando de traíras, de traidores, falsos apoiadores (que prestigiou Cícero). Isso tem um endereço certo, não tem menino nesse processo.
Nova carga
“De repente, após a oficialização de Adriano Galdino em apoiar Lucas, Tibério voltou a nos atacar.
“Bajulador”
“Tibério, parabéns, você venceu; o que você queria você conseguiu, que era fazer nos afastar, a mim e a Léo, do governador. Você conseguiu, parabéns! Foi um grande feito na sua vida, que você tenha muito sucesso com a sua nova missão de bajulador, que você é.
Futuro
“Eu jamais na minha vida tomei decisões precipitadas, no calor da emoção.
Posicionamento…
“Agora se vocês me perguntarem: ´Nós vamos continuar dizendo que vamos votar em João?´ Eu tenho que ser verdadeiro, como tenho sido na minha vida (…) Em todas as entrevistas que eu concedi, eu sempre reiterava o apoio incondicional a João (Azevedo).
… Conjunto
“Eu não posso mais tomar uma decisão só. Agora, vamos tomar uma decisão em três (Ele, Léo e o seu irmão e vereador Odon Bezerra). Nós somos um pequeno grupo, mas unido, aguerrido e que vai fazer isso de forma pensada.
Sem açodamento
“Nós vamos sentar, possivelmente amanhã (hoje), e tomar uma decisão conjunta. Eu nunca tomei decisão açodada (…) Agora, Léo ficou altamente fragilizado.
“Vergonha na cara”
“Se tem uma coisa que eu tenho na minha vida é vergonha na cara! Eu tenho amor próprio!
“Golpe duro”
“Eu lhe digo com toda a franqueza: o golpe foi pesado e foi duro para Léo (…) Quando você leva uma porrada de um adversário, faz parte do processo, não tem nenhum problema. Mas de um cara que você tem respeito, admiração, carinho… é duro.
Declaração reiterada
“Os babões, capitaneados por Tibério, devem ter mandado releases (notícias de assessoria) para o governador (…) Só que não mandaram a coragem, a lealdade de Léo, quando ontem (2ª feira) lá na Blu´nelle, disse para todo mundo ouvir que estava ali para reafirmar o seu voto em Cícero (Lucena) para governador e o seu voto em João para senador.
Inconveniente
“Léo disse isso na frente de Veneziano, na frente de Baleia Rossi (presidente nacional do MDB). Se você for apurar e for espremer, o que é que você vai ver? Talvez até um ato de deselegância. Os donos da casa eram Baleia e Veneziano.
“Privilégios”
“Você (Tibério) tem privilégios no governo e no partido! Privilégios em detrimento dos colegas deputados. Se eles não falam, eu tenho a coragem de falar. É isso o que acontece.
Singular
“Hoje (ontem) foi um dia extremamente difícil, ficará na minha história (…)
Queimação
“Eu tenho gratidão ao governador, mas a vida é feita de escolhas (…) Pancadas virão, por aqueles que têm contracheque no estado.
“Causador de tudo”
“Tibério Limeira é o causador de tudo! Eu repito: ele venceu! (…) Eu mereço isso? Léo merece isso? (…) Fazer o que? Rastejar? Me humilhar? Nunca! Eu só me ajoelho aos pés de Deus.
Arremate
“O couro aqui é duro, aguenta a pancada, porque já aguentou muito”.
Porta de saída
A essa altura é pouco provável a permanência da família Bezerra no PSB.
Governador ´no divã´
Objetivamente, por seus ´atos e omissões´, João Azevedo parece estar elaborando um ´manual´ de como inviabilizar gradativamente uma favorita candidatura ao Senado.
Remanesce a dúvida: se é imaturidade política – o que soa, à primeira vista, uma hipótese até ingênua -; se é uma ação deliberada de quem é encaminhado quase que forçosamente para uma postulação que pessoalmente não lhe apetece no momento; ou se emerge o temor da ´desidratação´ eleitoral quando a força do cargo der lugar à necessidade de percorrer a Paraíba para garimpar votos sem a ´retaguarda´ do Diário Oficial do Estado.
Uma milionária transação imobiliária em João Pessoa caminha para virar destaque nacional…
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