Rafael Holanda: Esquecemos de nós
Rafael Holanda. Publicado em 4 de dezembro de 2020 às 9:06
Vivemos num mundo diferenciado, onde as coisas que passam são tão rápidas, que somos capazes de esquecer os belos momentos da vida, e trazer para nossa intimidade os tormentos que nos trazem tristezas e sofrimentos.
Esquecemos de ser justo para com os que nos procuram, pelo simples fato de que em vez de caminharmos procuramos nos tornar atletas sem sermos e buscar viver uma vida sem momentos ou historias para que possamos contar.
Entregamos as preocupações dos filhos ao silencio do ouvir, não sentamos para escutá-lo, e com isso o portão se abre, e o mundo com suas peripécias lhes entrega uma poltrona para expor todas as misérias que possa lhe ensinar.
Já no perdemos pelos labirintos da casa e não sentamos com a família para colocar em dias as ações do dia, já não escutamos a benção da noite, o rezar ou a benção do amanhecer, porque nos esquecemos de lhes mostrar a simplicidade de Deus.
Vivemos presos pela infâmia do após portão, em decorrência das drogas que comeram neurônios de tantos e o álcool que vem com sua força a sepultar jovens no melhor de sua produtividade.
A ganância do cifrão cerrou os olhos da honestidade, e o homem ávido de ganância busca correr atrás do pote existente após o arco Iris, tornando anônimo a sofrimentos que batem a sua porta.
Já não choram sentimentos íntimos ou alheios, já não procuram saber de alguém que um dia nas suas agonias entregou o seu ombro amigo e chorou junto, porque o receber é fácil de esquecer e o agradecer se perde pelas vielas do tempo.
Esquecemos de dividir palavras, de compreender que muitas das vezes a grande mansão pode se tornar tapera, de entender que a frágil estrada da vida se torna forte nas suas respostas quando esquecemos o que não poderíamos esquecer.
Nada mais se espelha alegria, porque o sisudo rosto do homem se fechou para magoar seu coração e entupir seus vasos, em decorrência dos desmandos da vida, e da perda de sensibilidade aos pés feridos que caminham ao seu lado.
Deus que tudo enxergar, lamenta que o homem pela ganância teve a petulância de esquecer a si próprio, e viver para um mundo do nada, sem porta ou saída, sem amor ou fé.

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