Médico e escritor Rafael Holanda: Coisas do passado
Rafael Holanda. Publicado em 28 de junho de 2020 às 17:43
Quem na vida não teve um sonho que ficou esquecido por imposição dos nossos pais.
Quem não pensou em ter uma Bicicleta, uma boneca e não conseguiu devido às ironias do destino financeiro.
Quem não buscou nas suas calças velhas atualizá-las em novas, para se impor na moda do seu tempo, bem lavado e com gomas impostas passado a ferro
Quem não pensou em ser artista ao ouvir as novelas no rádio, quando toda a família se reunia para ouvir o direito de nascer.
Quem não pensou em desistir dos bancos escolares ao enfrentar os teoremas matemáticos ou as primeiras expressões do francês ou do inglês.
Quem não sonhou um sonho e através deste descreveu toda a trajetória da sua vida.
Quem não sonhou em conhecer o mar, levar toalha e sabonete e visualizar naquela imensidão, o grande sangradouro.
Quem não sonhou no tempo de rapazinho aumentar a sua idade, para assistir filmes impróprios para menores de 18 anos cuja artista principal era Brigite Bardot.
Quem não buscou realizar suas natações no açude em época de inverno, e pegar peixes com caniço improvisado, tendo cuidado no jabuti que ao morder, só soltava quando o sino tocasse.
Quem não quis ser independente após uma bronca familiar, e tentou fugir de casa, indo até a bodega da esquina e retornar.
Quem não fez charme com piolas de cigarro tentando imitar os artistas nacionais e internacionais e guardando as carteiras de cigarro dando a cada uma um valor simbólico.
Quem não aproveitou as bicas da igreja numa tarde de chuva torrencial associados a trovões e relâmpagos e por incrível que pareça eram os trovões, os terrores das nossas madrugadas.
Quem não vestiu a sua melhor roupa para aproveitar os dias das missões e participar da festa do cordão vermelho e azul.
Quem não foi ao carrossel andar na roda gigante correr nos cavalinhos e depois ir à difusora para solicitar uma canção para a mulher amada.

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