Coluna José Mário: MÃE
José Mário. Publicado em 10 de maio de 2019 às 16:48
Mãe é palavra pura, palavra doce, mel singular na colmeia infinita dos afetos humanos. Mãe é carícia de veludo na alma dos que sofrem, sendo ela mesma a mais sofredora de todos. Mãe é amanhecência e crepúsculo, a coreografia do tempo com sabor de eternidade. Mãe é riso e é lágrima, tradução exata dos enormes paradoxos do existir. Mãe é mistério e clareza, silêncio e grito para um mundo cada vez mais ensurdecido.
Mãe é caminha quente, beijo na face, prece segura e recorrente: “Deus te abençoe e te proteja, meu filho”. Mãe é susto sempre, agonia calada diante dos multiplicados perigos da vida. Mãe é olho vigilante, mãos debruçadas na janela, espera paciente e dolorosa. Mãe é a casa e a rua, o pão nosso de cada dia granjeado com o duro suor do rosto. Mãe é flor e é estrela, tarde clara e céu azul, lua cheia, cheia de luz e beleza.
Mãe é mar, oceano, vastidão de amor incontornável, castelo de ternura, convite de relva para a graça do sono reconfortante. Mãe é poema, poesia, verso iluminado, rima perfeita, ritmo inumerável e pérola de incalculável valor. Mãe é segredo, indecifrado enigma de meiguice. Mãe é dádiva divina, cafuné demorado das mãos de Deus. Mãe é sol e chuva, acalanto da natureza sem tempo para acabar.
Mãe não morre nunca, é o esconderijo do que jamais passará. Mãe é canto que encanta, se encanta, vira música de saudade, amor que não tem fim. Parafraseando o imenso poeta paraibano José Antônio Assunção: “quem diz mãe diz nada / porque mãe, mãe não cabe em palavra.

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